Estava chovendo. O barulho das gotas se chocando com o vidro da janela do meu quarto era um ótimo som para me fazer dormir, porém eu não conseguia. Estava inquieta e com o coração apertado.
Uma luz forte passava pelas brechas da cortina e vinha em direção ao meu rosto. Ouvi barulho de buzina. Eram quase meia noite, quem seria? Yang Mi viera desabafar e chorar suas mágoas? Ou seria o vizinho chegando embriagado e errando a porta de casa mais uma vez?
Encostei o chão com os pés à procura de minhas pantufas e senti um frio dominar meu corpo. Passei a mão pelo rosto na tentativa de despertar, e ajeitei minha blusa de manga comprida e a calça do meu pijama que estavam totalmente desengonçados.
Desci as escadas e vi que Dae-ho não estava mais assistindo TV e minha tia já devia também ter se recolhido em seu quarto. Será que ninguém ouvira o som da buzina? — Pensei. Ouvi o mesmo barulho outra vez e logo em seguida bateram a porta.
— Quem é? — Perguntei em coreano, mas não obtive resposta.
Insistiram em bater então perguntei novamente:
— Quem é? Yang se for você para de palhaçada, não está na hora de fazer brincadeiras.
O silêncio continuava e isso me deixava preocupada.
— Aff, não vou abrir então — soltei em português.
— Espera — ouvi do outro lado e para minha surpresa, responderam também em português.
Aproximei-me ainda mais da porta na esperança de ouvir algum ruído e insistiram em bater mais uma vez. Deveria abrir? Quem seria? Seria eu apunhalada como nos filmes e encontrada morta pela manhã? Levei a mão a maçaneta e a girei lentamente.
Senti uma corrente de vento fria e prendi os braços ao meu corpo como se fazer isso fosse me aquecer.A claridade do farol do carro veio certeiramente nos meus olhos me fazendo fechá-los o mais rápido possível. Antes que eu pudesse abri-los senti seus braços envolverem meu corpo, um abraço quente e seguro. Sua respiração aquecia meu pescoço. Ele impulsionou seu corpo, fazendo-me dar um passo para trás e fechou a porta logo em seguida. Eu só ouvira o barulho.
Ergui a cabeça e finalmente pude enxergá-lo. Lá estava ele, com os lábios pálidos os olhos transbordando lágrimas de amor recheadas de saudade.
— Eu não devia ter deixado você partir — sua voz rouca saiu com dificuldade.
Fernando entrelaçou seus dedos em meu cabelo fazendo meu olhar se dirigir a ele.— Me perdoa, eu amo você — suas bilhas azuis brilhavam tanto que eram capazes de iluminar todo o seu rosto naquela sala escura. — Prometo que não vou deixá-la nunca mais, não vou permitir que você saia da minha vida. Estarei contigo para o que der e vier — molhou os lábios respirando fundo. — Não será mais eu e você, será nós.
Fernando fechou os olhos e por fim me beijou. Como se não tivesse havido espaço entre nós, com toda aquela saudade, como se nada tivesse acontecido... E de fato, não aconteceu.
Acordei com uma foto dele em mãos e com o celular tocando insistentemente às três horas da manhã.
— Ah... — Passei o antebraço nos olhos e me espreguicei, soltando a foto em cima da cama. — Tá explicado porque sonhou com ele, pra que insisti em rever essas fotos? — Me repreendi.
Estava realmente chovendo, levantei e fechei as cortinas quebrando a luz que vinha lá de fora. O celular estava debaixo do outro travesseiro, peguei no final da chamada.
Era Bianca. Seis chamadas de vídeo perdidas. Sentei-me na cama e retornei a ligação, ela atendeu de imediato.
Seu rosto estava vermelho e olhos inchados. Como a última vez que eu a vi, secava as lágrimas com as costas das mãos.
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O quanto ele me amava
Romantik"Eu finalmente decidi mudar, me soltar das correntes do medo que tanto me sufocavam - fiquei tão livre que finalmente pude voar e sem pensar duas vezes, voei." Débora Lee está cada vez mais perto dos trinta quando sua vida toma um caminho que apesar...