Floating Words! •[PJM Solo]•

Cap. 11 - Confession

Música: Breathe - Lauv
A imagem de Jimin parado em frente a minha porta me envolvia em questionamentos. Mas todos eles eram inúteis e vazios. A sensação de borboletas voando em meu estômago era avassaladora, afinal ele nunca havia subido em meu apartamento. Era algo completamente novo para mim.
-É que tá um pouquinho pesado. - Jimin fala sorrindo sem graça em seguida. Sua voz quebra o meu transe e eu apenas concordo veemente com a cabeça dando passagem ao homem que adentra minha modesta moradia com a pizza e a sacola em mãos.
-Ah perdão pela bagunça. - falo catando algumas coisas que estava na mesinha de centro da sala.
-Tudo bem, eu vim sem avisar.
Jimin fala e percebo que ele está tão tímido quanto eu. Afinal essa situação era estranha para nós dois. Eu havia tirado uma semana de férias e repentinamente ele aparece no meu apartamento pedindo pra entrar. Não era como se ele fosse só um colega de trabalho para mim ele era muito mais do que isso, ele aos poucos foi se tornando alguém que eu desejava ter por perto.
-Ah, não tem nenhum problema. Você ainda pagou a pizza, obrigada.
Falo me curvando em agradecimento ao homem que ri tirando algumas garrafas de vidro da cor verde de dentro de uma sacola.
-O que é isso?
Pergunto vendo o homem levá-las até a mesa de centro.
-Minha mãe dizia que era falta de educação chegar na casa de alguém sem levar um pequeno presente. Então decidi comprar algumas garrafas de Soju pra acompanhar a pizza que você pediu.
Jimin fala de forma simples e só então que olho para mim mesma, eu estava completamente largada, uma camisa azul e uma calça de moletom cinza cobriam o meu corpo. Eu não queria que ele me visse dessa forma mas agora já era tarde demais.
-Obrigada mais uma vez mas... você por algum acaso pretende dar uma festa? Porque pela quantidade de bebida...
Falo observando as 8 garrafas em cima da mesa me sentando no sofá, e em seguida vendo Jimin fazer o mesmo.
-Nós podemos fazer assim... 4 pra mim e 4 pra você ou bebemos na garrafa mesmo.
O homem fala não se importando.
-Prefiro a segunda opção. - Falo abrindo o vidro verde levando a boca, ingerindo o líquido.

~Quebra no tempo ~

-Nao vai me dizer que você deu na cara dela ?
Jimin fala entre risadas pegando a garrafa da minha mão.
-É óbvio que sim. Ela estava fazendo uma palhaçada só por eu ser estrangeira, ela mereceu aquele tapa. -Falo rindo me recordando de um episódio de xenofobia que ocorreu assim que eu cheguei na Coreia.
-Eu aposto que ela gostaria de ter suas curvas.
Jimin fala e eu concordo dando mais um gole
-Agora você vê. Ela falando que o meu "padrão" não se encaixava nos moldes da roupa dela. Ela que feche aquela espelunca de loja então.
Falo vendo Jimin gargalhar deixando a sua cabeça cair levemente para trás.
-Mas que bom que uma experiência ruim não fez você desistir de morar aqui.
O loiro fala abrindo outra garrafa.
-Mesmo se eu quisesse eu não poderia...
Falo deixando os pensamentos dos últimos dias invadirem minha mente.
-Já se sente confortável em falar o porque?
O homem fala e eu me viro para ele dobrando minha perna sobre o sofá.
-Bom... é algo bem longo e doloroso mas... Aish, eu vou só falar que é mais fácil pra mim.
Falo negando com a cabeça me confundindo nas palavras devido ao álcool que já corria por todas as minhas veias.

"Já era a 6ª ou 7ª garrafa que dividíamos ? "

-Eu vim pra Coreia por dois motivos. Elisa e Noah.
Falo suspirando em seguida vendo a expressão confusa do homem.
-E quem são esses? - ele pergunta.
-Elisa era uma das minhas melhores amigas. Ela teve um mal súbito e morreu a mais de 5 anos mas eu nunca me perdoei por não ter passados últimos momentos com ela. Tínhamos planos de morar aqui, você sabe... sonho de adolescentes. E o Noah... bem, ele foi uma casca que arrumei pra me proteger de mim mesma. Eu acreditava que merecia as violências que ele deferia contra mim, eu não me sentia digna da vida que eu poderia ter.

Digo de uma só vez, sem pausas. O homem loiro prestava atenção em cada palavra minha, estávamos ali como amigos, não como colegas de trabalho e eu me sentia bem com isso, me sentia bem em conseguir contar essa parte tão dolorosa da minha vida para alguém.