Capítulo 2

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A festa corria como qualquer outra festa em qualquer outro lugar do mundo: pessoas bebendo, conversando, os noivos perdidos no mar de gente com roupa de gala, tentando dar conta de interagir com o máximo de pessoas que conseguiam. Mikey estava engajado em uma conversa qualquer com Ray, da qual eu e Frank logo nos desvencilhamos. O barulho tornava mais difícil conversar em grupo, mas era uma oportunidade de inclinar para falar com Frank, ficando mais perto.

"Você é amigo do Jon? Eu não lembro de ele ter mencionado um Frank antes..." eu questionei.

"Na verdade..." ele parou um pouco, olhando para o copo em suas mãos. "Não," e riu. "Eu sou amigo do Ray. Ele tava passando uns dias em casa e me convidou pra vir porque não conhece ninguém aqui além do Jon e não queria vir sozinho. E você sabe, né? Ray." Rimos juntos e assenti positivamente.

"Uau! Você mora aqui então?" questionei. Para mim ainda era impensável pensar que as pessoas morassem nesse lugar. Por tudo que eu li, tinha a impressão de que a cidade era quase um cenário, me parecia improvável. "Pelo seu sotaque e por ser amigo de Ray, achei que você fosse de Jersey."

"Eu sou de Jersey!" Frank falou. "Mas tô morando em Londres."

"Isso explica então o gin tônica," ri baixo e indiquei seu copo com um aceno de cabeça. Ele concordou silenciosamente.

Apesar da música e dos burburinhos, estabeleceu-se um silêncio entre nós e eu já ficava em luto pela nossa breve falta de diálogo. Algo sobre conhecer uma pessoa interessante pela primeira vez faz com que você perca um pouco o controle dos pensamentos e as vezes das palavras. O rosto de Frank estava tão próximo do meu que eu enxergava facilmente os detalhes: um furinho no canto do lábio que supus ser um piercing, outro no meio de sua testa - catapora, talvez? Era perto o suficiente para que, se eu me inclinasse um pouco, poderia facilmente tocar seus lábios com os meus. Mas eu não faria. Não agora.

A taça que eu carregava estava vazia e me dava a desculpa perfeita para me afastar dele. "Vou pegar mais um vinho, você quer algo?" questionei, me levantando da cadeira.

"Eu vou com você," Frank se pôs de pé e caminhou perto de mim em direção ao bar. No geral, eu odeio que as pessoas invadam meu espaço pessoal, mas algo sobre andar com os braços quase tocando criava uma intimidade. "Gerard, eu tive uma ideia," sua voz soava grave ao pé do meu ouvido, me fazendo arrepiar.

"Qual?" sussurrei de volta, me virando para o garçom para pedir minha bebida. Frank me deixou sem resposta enquanto o garçom preparava nossos drinks: para mim uma nova taça de vinho e para ele um gin tônica.

Quando estávamos virando para retornar o lugar de antes, ele complementou. "Vamos fugir?" e a ideia me parecia ridícula ou estúpida, então só ri. Acho que não foi a reação que ele esperava, mas pelo menos, sabia que não estava empenhado naquilo sozinho.

"Fugir, Frank? Como assim?"

"Não fugir, fugir. 'Fugir'," ele desenhou as aspas com a mão livre no ar. "Dar uma volta. Sair daqui." Apesar de uma nova conotação, continuava parecendo uma ideia estúpida, mas ele ainda parecia irredutível.

"Mas Frank, são onze da noite," eu disse, olhando para o relógio em meu pulso. "Pra onde a gente iria agora?" dei um gole em minha taça, olhando ele espelhar meu gesto. "E de qualquer forma, eu nem conheço esse lugar."

"Olha aí! Uma ótima oportunidade!"

"Como a gente simplesmente 'foge' de uma festa?"

"Ué, saindo pra fumar... E não voltando," ele dizia com um sorriso malicioso e eu me perguntava exatamente para onde ele queria ir. Frank bebericava o drink e eu fazia o mesmo enquanto ele tentava me convencer.

Into The Night [FRERARD]Onde histórias criam vida. Descubra agora