Into The Night [FRERARD]

Capítulo 10

"Gee, acorda," Mikey dizia parado ao pé da cama. "Não se dorme em euro!" cobri minha cabeça com o travesseiro, virando para o lado oposto. "Gerard, por favor, são nove horas já e a gente vai perder o café da manhã e atrasar o cronograma."

"Eu tô cansado, Mikey," falei finalmente. O jetlag ainda estava batendo forte em mim e eu não tinha exatamente ajudado desregulando meu sono em uma noite com Frank num delírio. Na noite seguinte, fiquei insone e refletindo sobre tudo aquilo.

"Gee, esse é o único lugar que a gente vai conhecer junto, por favor! E depois, você nem sabe quando eu volto pra casa porque nem eu sei quando volto," com aquela fala, Mikey me convenceu a me levantar da cama e me arrumar para irmos para o café da manhã.

Eu não ligava muito para café da manhã de hotel, ao contrário de tanta gente. Eu só realmente precisava de café para me manter funcional naquela manhã. Invejava Mikey por ter regulado seu sono tão rápido, mas me ocorreu então que minhas expectativas tinham sido jogadas no alto pelo que eu já tinha vivido. Estava com a impressão que nada podia superar aquilo.

Depois de se servir no buffet, Mikey se sentou à minha frente. "E o Frank?"

"O que tem ele?" questionei.

"Ele parece um cara legal, pelo que Ray falou deve e pra você passar todo esse tempo com ele," Mikey comentou rindo.

"Vai se foder, Mikey, não quero falar disso," cerrei os olhos para ele. "Mas sim, ele é um cara legal," e eu acenei positivamente, enquanto bebericava o meu café. "Pena que mora tão longe," eu já havia passado do estado de tristeza. Agora eu estava com raiva.

Por que Frank, que era do mesmo lugar que eu, não podia estar morando nesse mesmo lugar? Por que o universo pregou essa peça patética para cima de mim, fazendo o cara dos sonhos arruinar minha viagem dos sonhos com seu jeito incrível.

"O Ray é ótimo também. Você nunca falou dele, Gee. Trocamos muita ideia, ele falou que conhece uns produtores bem fodas em Nova Iorque e disse que vai me apresentar pra eles, quem sabe até me colocar numa banda," ele dizia empolgado. "Aliás, ainda bem que ele tava lá, porque se fosse depender de você, né?"

Eu ri baixo, ainda segurando a xícara entre minhas duas mãos. "Me perdoa, eu estava vivendo um sonho com o amor da minha vida," tomei um último gole do meu café. "O Jon ficou muito bravo quando não me viu?"

"Olha, você deve muito ao seu amado irmão aqui. Ele perguntou de você três vezes. Nas duas primeiras, eu disse que você tinha ido fumar."

"O que não era mentira."

"Não tecnicamente... Mas era também, né? Enfim. Na terceira eu disse que você tinha ido embora, que estava cansado e que falava com ele depois," Mikey continuou comendo.

"Okay, eu falo com ele depois. Aposto que ele estava completamente bêbado. E de qualquer forma, obrigado, Mikey," ele ainda mastigando apenas acenou. "O que fazemos hoje?"

"Eu queria muito visitar o estádio do Barcelona-"

"Nossa, pelo amor de deus, você sabe que eu detesto futebol," implorei, fazendo com que meu irmão risse. "Tudo menos isso."

"Droga, devia ter aproveitado que você estava na lua de mel pra fazer isso então... Nesse caso, acho que a gente pode ir pro Park Güell."

Mikey se levantou para se servir de mais alguma coisa no buffet do café da manhã e meu celular vibrou em meu bolso. Rapidamente lutei contra meu maço de cigarros para olhar a mensagem:

"Hey :)
Esqueci de avisar, foi tudo muito corrido, mas cheguei ontem e tô vivo! Haha

-xofrnk"

Eu não sabia muito bem como responder a mensagem e engatar uma conversa virtual com Frank - já estava com medo de os diálogos não serem mais os mesmos -, não ter seu rosto para admirar, sua voz ecoando e até sua risada barulhenta complicava um pouco as coisas

Barcelona para mim ficaria diretamente atrelada àquela noite, à memória daquelas horas e daquela pessoa. Não adiantava o quanto eu tentasse adicionar novas experiências naquele lugar, minha mente parecia empurrar todas para fora, como se implorasse para lembrar somente de Frank e daquela noite.

Aquela tinha sido a noite mais inusitada da minha vida. Ou como Frank mesmo tinha pontuado, a mais incrível.