Capítulo 7

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Quando acordei, demorei um pouco para entender aonde estava. Senti algo sobre meu peito, me fazendo reparar que não estava na posição usual de dormir e então abri meus olhos e tudo começou a voltar à minha memória.

Frank estava sobre meu peito e estávamos ambos nus. Sorri ao me lembrar com carinho do jeito como terminamos a noite. Minhas suspeitas de que Frank tinha o corpo inteiro tatuado se confirmando quando ele se livrou das peças que o cobriam. Os beijos os toques e os gemidos - por vários momentos, desejei que Ray não estivesse por lá - e por fim, o sono pesado de uma noite cansativa.

Estiquei meu braço livre para pegar meu celular na mesa de cabeceira, o relógio marcava meio-dia, várias mensagens e algumas ligações de Mikey. Assustei-me um pouco com o horário, pensando que talvez fosse minha deixa para me desvencilhar de Frank. 

Com cuidado, fui me arrastando para me separar, mas foi nesse momento que ele acordou. "Hm, onde você vai?" ele apertou seu braço ao redor de minha cintura, saindo de meu peito para ajeitar a cabeça no travesseiro. "Bom dia..." disse com a voz sonolenta, coçando os olhos.

"Bom dia, Frank," respondi. "Eu não queria te acordar, mas acho melhor ir andando," lancei a ele um sorriso e me levantei da cama, procurando minhas roupas caídas pelo chão do quarto. Minha boxer foi a primeira coisa que vesti, em seguida, a camisa. Eu já lamentava ter que colocar essa roupa extremamente desconfortável e andar com ela embaixo do sol do outono daquela cidade. 

"Que horas são?" 

"Meio-dia e pouco," eu disse, abotoando minha camisa para afinal vestir minha calça. Sentei-me na borda da cama e ele logo envolveu minha cintura com seus braços, plantando um beijo em meu ombro.

Uma intimidade confortável se estabelecia entre nós a cada novo toque e gesto. É incrível como a vida parece mais leve quando você está se divertindo, quando você se sente feliz. A euforia preenchendo seu ser ao fazer coisas incríveis pela primeira vez. Eu ficava repassando em minha mente as cenas da noite anterior, a primeira vez que o vi, a primeira vez que vi ao vivo, ao seu lado, as obras de um grande arquiteto. 

"Já sei," Frank disse, puxando-me de meu devaneio. "Eu deixo você ir, mas você me promete que volta aqui umas três da tarde? Tem um último lugar que eu quero te levar e esse vai ser muito mais legal de dia, mas uma dica: coloca um tênis bem confortável."

"Ah, é? A gente vai andar muito?" virei meu rosto para beijar o canto de seus lábios. "Eu não posso andar muito no sol. Tem algo que não te disse sobre mim... Eu sou um vampiro," disse, de um jeito grave. Frank, sem me dar espaço para brincadeira, eu uma gargalhada.  "É sério," ele seguia rindo, se deitando na cama e contorcendo como se não conseguisse respirar.

"Nossa, que medo de você," ele disse, recuperando sua respiração. Eu me levantei da cama quando terminei de calçar meus sapatos, jogando a gravata que estava largada pelo chão ao redor do meu pescoço. "Anota o meu celular!" 

Estiquei meu telefone para que ele mesmo digitasse seu número na tela, mandei uma mensagem para ele pudesse também salvar o meu número. "Então okay, três horas aqui embaixo, né?" ele assentiu positivamente. "Mas você não vai embora hoje?"

"Sim, mas meu voo é à noite," ele disse, dando de ombros. "Não tem problema," para mim parecia loucura alguém fazer qualquer coisa no dia de voar. Eu definitivamente não era esse tipo de pessoa.

"Você não precisa arrumar a mala?" questionei e ele riu com a minha pergunta, indicando a mochila no canto do quarto. "Então tudo bem... Bom, tô indo, então." 

"Espera aí que vou te acompanhar," Frank saiu da cama em busca de sua boxer. A visão me fazendo quase mudar completamente os planos de ir para o hotel e fazer o que quer que fôssemos fazer naquele dia. A vontade era de trocar tudo por aquilo. Pouco depois ele abria a porta do quarto e íamos andando pelo grande corredor do apartamento.

A luz agora me fazia ver tudo com mais detalhe, o chão tinha um ladrilho hidráulico lindo e o pé direito do apartamento era alto. No lado oposto ao hall de entrada, no corredor, havia a sala que terminava em uma pequena varanda. Em um dos mil cenários que construí naquela noite, me via vivendo ali com Frank - mas aquilo era tão distante da realidade que simplesmente me deprimia.

 Ao passarmos pela porta da cozinha, que estava aberta, Ray me cumprimentou. "Oi, Gerard," ele disse, fazendo com que tanto eu como Frank parássemos à frente do cômodo. "Ei, Frank,"

"Oi, Ray," dissemos eu e Frank ao mesmo tempo. Corei, um pouco envergonhado, ao ver o sorriso que invadiu seus lábios, mas felizmente prosseguimos nossa caminhada em direção ao hall.

"Então tá," Frank disse, girando a chave e destrancando a porta. "Me avisa quando você estiver chegando, pra eu descer," antes de abrir a porta, porém, ele se virou e segurou meu rosto com uma das suas mãos, me puxando para um último beijo, que foi breve. Acenei positivamente.

"Obrigado, Frank," disse contra seus lábios. "Foi surreal," eu disse, porque não havia outra palavra para descrever aquela experiência. Ele sorriu.

"Calma, Gerard, não acabou ainda," ele selou nossos lábios uma última vez antes de abrir a porta e me dar espaço para sair. Sorri para ele mais uma vez, enquanto ia em direção à escada - o velho elevador podia ser lindo com seu quê vintage, mas me parecia uma opção muito pior à luz do dia.

Ouvi a porta se fechar atrás de mim, meu coração subindo à minha boca em antecipação à despedida. Ainda inconformado com o fato de ter que atravessar o globo para conhecer um vizinho, ainda arrasado por ter arruinado o resto das experiências da minha viagem e o pior, completamente apaixonado em menos de vinte e quatro horas.

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N/A: capítulo curtinho porque ontem foram dois. Se preparem: estamos na reta final, mas o próximo capítulo é fofo.

Como sempre, obrigada!

Into The Night [FRERARD]Onde histórias criam vida. Descubra agora