Frank não me deixou aprofundar o beijo, fazendo com que eu achasse que tivesse algo errado, afinal. Talvez ele não fosse gay e eu tivesse interpretado tudo errado. As vezes eu ficava realmente surpreso com a minha capacidade de fazer análises erradas.
"Para," ele disse, ainda próximo o suficiente para que eu pudesse tocar seus lábios novamente. "A gente não pode fazer isso agora, Gerard."
"Me desculpa, Frank, eu-" antes que eu pudesse completar minha fala, ele selou seus lábios aos meus novamente. Talvez eu não tivesse interpretado tudo errado, afinal.
"Não é isso. A gente tem mais coisas pra ver e eu sei que se a gente seguir," ele levou seu indicador aos meus lábios, tocando-os com a ponta. "A gente não vai ver tudo... E... Eu não vou conseguir resistir, Gerard. E eu não quero ser preso também por atentado ao pudor," ambos rimos.
"Que susto. Achei que tinha feito algo errado," confessei e ele se afastou, mas fez questão de manter a proximidade segurando ao segurar minha mão com a sua. "Já estava pensando: 'meu deus, eu beijei um hétero," completei e a risada de Frank era mais alta do que nunca, ecoando pela cidade vazia.
"Definitivamente você fez algo certo e entenda, Gerard, estou nos fazendo um favor," Frank disse, gesticulando como sempre.
Retomamos a caminhada, eu apenas seguindo seus passos porque ainda não fazia ideia de onde estava indo, mas a essa altura da noite, eu já não ligava mais. A essa altura, era como se Frank pudesse fazer o que quisesse comigo que eu não ia ligar e o pior, eu estava praticamente sóbrio.
Por volta das três da manhã e muitas quadras depois, chegamos ao lugar que julguei que Frank conhecesse. O sapato que eu usava começava a me incomodar e o efeito da bebida passando começava a me dar sono, isso sem falar no jetlag que ainda piorava tudo. Frank parecia incansável e eu me perguntava se toda essa energia se estendia ao seu comportamento na cama. Como um relâmpago, pensamentos sobre Frank e uma cama permearam minha cabeça e eu fui conivente, interpretando esses pensamentos como um mecanismo para não me deixar apagar.
"Gerard, pra onde você vai depois de Paris?" ele questionou. Gradativamente fui me localizando, era realmente o lugar que parecia próximo do hotel. "Olha, estamos perto de onde você falou que está hospedado. Se você quiser se despedir, é a hora."
"Não!" intervi. "Quero dizer, ainda não," lancei para ele um sorriso. "E vou pra Lisboa. E depois pra casa."
"Eu estava aqui pensando se você ia passar por Londres... Que merda, eu não acredito!" fiquei feliz ao ouví-lo falar porque era a comprovação de que afinal de contas, eu não estava sozinho naquilo.
"Infelizmente não dessa vez," falei e um silêncio desconfortável se instaurou entre nós.
Era horrível pensar que quando a noite acabasse, a gente teria que se separar. Eu já sentia que aquela era a melhor noite da minha vida e que aquela viagem inteira perderia o sentido depois. Mas há algo sobre se abrir para o mundo e receber as coisas de volta.
Frank resolveu mudar novamente o foco da conversa, me puxando por uma viela que me dava uma sensação um pouco estranha. "Esse aqui, Gerard, é o bairro gótico," ele abriu seus braços, me apresentando ao lugar e eu não fiz nada além de dar uma risada baixa e olhar ao meu redor.
A viela em que a gente estava era estreita e fria, até um pouco úmida. Completamente irregular. Um pouco a frente, outra viela igual cruzava o caminho. Ao mesmo tempo em que o local era intimidador, era completamente confortável. Com a escuridão da noite, lembrava um pouco um mausoléu ou até um cemitério. Mas eu não tinha problema com isso, eu era familiarizado.
Andávamos em silêncio e eu já aguardava ansiosamente pelos comentários de Frank, mas me surpreenderia se ele não tivesse nada a dizer do local. Se por um lado eu queria aproveitar todo o conhecimento eu que ele tinha a me oferecer, por outro lado eu queria que a gente tivesse se conhecido um pouco antes, para que tivéssemos mais tempo.
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Into The Night [FRERARD]
FanfictionO casamento de seu melhor amigo é a oportunidade que Gerard encontra para embarcar em uma viagem pela Europa, arrastado por seu irmão. Entre taças de vinhos e ruas largas, ele não imagina que se apaixonaria por mais do que lugares. [Disclaimer: ess...