Capítulo 4: As coisas que não deveriam ser ditas

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Por Luca, que está completamente chocado



Não sei se dizer que estou completamente chocado seria a palavra certa. Sinceramente, imaginei que hoje seria um dia normal. Iria para as aulas, encontraria com Cal, iria nadar, talvez tocasse um pouco de violão antes de dormir e só.

Mas quando abri a porta do pequeno apartamento do meu amigo, percebi que não seria um dia qualquer. A primeira coisa que ouvi assim que abri a porta foram gemidos. Não prestei muita atenção se eram femininos ou não.

Veja bem, eu não tenho o costume de bater na porta da casa de Caleb. Sua mãe deixava a porta da casa deles aberta então me acostumei a já ir entrando, ainda mais agora que tenho a chave do apartamento dele.

Ele disse que era para eu usar ela apenas em emergências mas eu queria a minha camisa preferida que havia deixado lá na quarta-feira. Então essa era uma emergência.

A noite passada não me presenteou com um sono calmo e leve. Tomei muito café enquanto tocava no meu quarto e o resultado foi uma noite onde não consegui fazer nada a não ser rolar pelo colchão em busca de ao menos um pouco de sono.

Sem sucesso, óbvio. Isso resultou em olheiras que se destacaram na minha pele clara essa manhã e o raciocínio mais lento. Era como se eu estivesse passando o dia em slow-motion.

Por conta disso, mesmo ouvindo os gemidos, meu raciocínio lento não me fez parar e voltar, afinal, Cal poderia estar com a namorada ali. Eu simplesmente continuei o que estava fazendo. Abri a porta, fechei, tirei os sapatos e me virei para entrar no pequeno apartamento como eu fizera várias vezes.

Foi aí que eu vi algo surreal.

Caleb sempre foi um cara mais reservado do que eu, com sua fama de certinho e suas camisas de botões. Então quando eu o vi praticamente nu em cima da cama, eu fiquei chocado.

Foi como se o meu cérebro estivesse carregando porque fiquei parado ali por talvez tempo demais. Ele parecia bem empenhado no que fazia e acho que por ele sempre ser tão na dele, ver aquela cena foi bem chocante pra mim. Posso entender o motivo já que ele havia me dito o que tinha rolado quando se encontrou com a Bia no fim de semana então fazer isso é algo até normal mas ver ao vivo já é outra coisa.

Sempre achei Cal um rapaz muito bonito mas uma beleza mais inocente. Como posso dizer isso? Ele tem bochechas rosadas como uma boneca, usa óculos redondos e seu cabelo é um emaranhado lindo de cachos castanhos. É como uma garotinha inocente de rosto fofo que no momento que olhamos, queremos abraçar e proteger. Por conta disso que há anos eu meio que me sinto responsável por esse amigo chorão.

Mas naquele momento, toda aquela ideia de inocência que eu tinha criado em minha mente ao redor dele estava se dissipando. Nunca havia pensado no meu amigo de uma forma sexual. Já nos vimos nus tantas vezes em momentos aleatórios como trocar de roupas ou escovar os dentes enquanto o outro está no banho mas isso era completamente diferente.

Seu rosto que para muitos poderia passar uma ideia de pureza agora estava ali, se contorcendo de prazer e não vou negar, era lindo. Era como algo puro mas com um toque de veneno.

Como nunca havia reparado isso?

Caleb não pareceu notar minha presença já que nem se virou para me olhar. Seu corpo era de um magro bonito e bem distribuído e acho que fiquei hipnotizado o olhando daquela forma.

Percebi que ele deveria estar terminando já que seus lábios cheios se separaram levemente para soltar um gemido baixo e nesse momento em me senti um intruso em sua bolha particular mas acho que já era tarde demais para correr dali. Também não queria ser o cara que atrapalharia alguém que estava a caminho do próprio êxtase. Não sou mau assim.
Mas aquele rosto que vi tantas vezes nos anos passados agora parecia estranho e inebriante para mim. Não queria mais ver aquilo porque sentia meu coração bater acelerado em meu peito e isso me assustou.

MEU PEQUENO TALVEZ - PJ ELLIEOnde histórias criam vida. Descubra agora