MEU PEQUENO TALVEZ - PJ ELLIE

Capítulo 1: Melhores amigos

O café esfriava na mesa enquanto o garoto olhava para o homem de cabelos claros que segura sua mão, dando um olhar para trás dele.

"Me desculpe se te fiz esperar muito." Sua voz era tão suave que quase beirava a uma leve rouquidão. O polegar grosso como o de alguém que tocava instrumentos de corda há anos acariciava a palma macia do rapaz de óculos. "Eu sei que eu prometi ligar ontem mas acabei tendo um compromisso com a banda. Cheguei em casa cansado e peguei no sono." Ele fez um biquinho marcado pelos lábios rosados. "Me perdoa, vai?"

Cal encarou o melhor amigo com uma sobrancelha erguida. Conhecia Luca o suficiente para já estar acostumado com as peripécias que ele armava para poder se libertar das garotas que o perseguiam. Um homem bonito, de vinte e um anos como Luca, atraía olhares por onde passava, mesmo que ele ignorasse a todos, só retribuindo o suficiente para uma aventura.

Não é que ele seja um tipo de monge ou algo do tipo que evita o contato humano mas ele também não tirava proveito do que podia conseguir, se quisesse.

Com a mão livre, Luca passou os dedos pelos cabelos, tirando os fios tão louros quando a luz do sol de cima dos olhos cinzentos. Caleb vê o olhar do amigo passar rapidamente para algum ponto atrás dele antes de continuar a encará-lo. Provavelmente quem quer que ele queria afastar, estava observando a cena. 

Mesmo que ele tenha uma namorada há quase um ano, a maioria das pessoas ainda acha que algo acontecia entre os dois e por mais que Cal sempre negasse a fim de evitar algum mau intendido com sua namorada, Luca não nega e nem confirma nada sobre, já que era algo que ajudava a fazer com que as pessoas que queriam algo com ele ficassem longe. 

Com um suspiro pesado, Luca apertou os dedos ao redor da mão de Cal, para que o garoto demonstrasse alguma reação e o ajudasse, entrando naquele teatrinho. Era um pedido de socorro silencioso feito através do olhar, o tipo de comunicação que apenas os amigos próximos dominavam. 

Decidindo entrar no jogo do amigo, já que queria tomar seu café da manhã em paz, Cal ergueu uma xícara com o café já frio antes de suspirar para responder. Era uma vantagem que a pessoa estava atrás dele ou veria o olhar fulminante que estava dando a Luca. 

"Promete que não vai mais esquecer?" Sua voz era monótona e sem emoção. Queria apenas ficar em paz para poder continuar lendo e comendo.

Luca balançou a cabeça animadamente. Quem não soubesse que era uma encenação, acreditaria facilmente naquele sorriso levemente torto.

"Obrigado, bebê." Respondeu com um sorriso e uma voz manhosa. Cal entendia o motivo de muitas pessoas irem atrás do amigo. Desde criança, Luca era o seu oposto perfeito: era animado e conseguia conversar com qualquer pessoa, inteligente e para completar, ainda era muito talentoso, principalmente quando o assunto era música. 

Falando isso, o olhar do garoto se ergueu para olhar quem quer estava os observando sair do café pisando duro, fechando a porta do local com um pouco mais de força do que o necessário. Luca soltou o ar, relaxando os ombros e se espalhando na cadeira.

"Valeu, Cal!" Ele pegou um dos biscoitos ao lado da xícara e enfiou na boca inteiro antes de continuar a falar com a boca cheia de polvilho. "Ela estava me perseguindo há uma semana, desde o último show da banda. Foi até minha faculdade me levar um lanche, acredita? Que eu não comi, claro. Vai saber se ela colocou alguma coisa ou fez algo para eu me apaixonar..." Ele riu baixo. "Eu tentei afastar ela várias vezes, mas não deu muito certo. Ela é nova, deve estar no segundo ou terceiro ano e parece ridiculamente inocente. Você sabe que não gosto disso, sempre acabo entrando em problemas quando me envolvo com meninas mais novas. Mesmo que eu diga que não quero nada sério, elas acabam esperando mais e você sabe que não gostam de ouvir ninguém.  Realmente acreditam que podemos dar certo." Ele pegou outro biscoito e colocou dentro da boca. " Então eu falei que estava namorando e ela não acreditou. Eu sabia que ela ia me seguir até aqui. E deu certo. Estou livre!"