Capítulo 8: Terrível tentação

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Por Luca, que precisa aprender a ter autocontrole

O ato de encher a cara tem toda uma dualidade em si. É ridiculamente bom para se comemorar o que quer que seja. Te ajuda a se livrar de certos limites e você fica ainda mais feliz do que já está (ou mais triste, depende da sua situação). Porém se livrar de alguns limites pode acabar sendo um problema, principalmente no dia seguinte quando você percebe que não está sozinho na cama.

Acordei com o sol que entrava pela janela queimando a minha pele. Uma pontada que se deu em minha cabeça quando me mexi indicava que eu havia bebido mais do que estava acostumado, o que não era pouco, já que sou bem resistente quando o assunto é bebida.

Me espreguicei, esticando todo o meu corpo na cama pequena e percebi nesse momento que o espaço parecia ainda menor do que da última vez que tinha dormido ali.

Estava apertado.

Me mexi um pouco mais para ficar confortável no espaço apertado e ouvi um gemido que me fez paralisar no lugar. Não me lembrava de ter trazido ninguém para o meu quarto na noite anterior mas eu também não me lembrava de quase nada desde o momento em que desci do palco.

Olhei para baixo e pude notar que o lençol que cobria meu corpo da cintura para baixo ainda sim dava a entender que eu estava nu e também que não estava sozinho.

Quando me virei para encarar quem quer que fosse que estava ali, tudo o que pude ver eram costas largas de uma pele escura e antes mesmo de ver seu rosto, eu já podia sentir quem era que estava ali. Os cabelos escuros e longos estavam espalhados pelo travesseiro e eu podia ver a pequena tatuagem de um corvo atrás do ombro direito que não havia notado antes.

Samuel dormia em um sono profundo e não pareceu notar que eu havia acordado. Um olhar rápido no quarto me mostrava que a noite não tinha sido fácil já que as roupas estavam tão espalhadas pelo quarto pequeno que parecia que um furacão havia passado por ali.

Guigo iria acabar com a minha raça.

Sentei na cama e apoiei a cabeça com as mãos tentando organizar meus pensamentos e me lembrar de tudo. Cal saindo mais cedo já que era muito fraco para bebida, os garotos rindo e enchendo a cara, Samuel me dando garrafas e mais garrafas de long-necks de cervejas e depois se oferecendo para me levar para o quarto mesmo que ele próprio estivesse embolando as próprias pernas.

Nos arrastamos enquanto nos apoiávamos um no ombro do outro e de repente, como dois bêbados com tesão, começamos a nos beijar no elevador mesmo que estivéssemos bêbados demais para qualquer coisa já que ríamos mais do que nos tocávamos.

Lembrei de ter achado que o corpo de Samuel de alguma forma me lembrava o de Cal, já que os dois eram magros, apesar de Samuel ser um pouco mais alto e ter os ombros ligeiramente mais fortes. O rosto dos dois também era bem infantil mas de formas diferentes.

No quarto, me lembro apenas da confusão de mãos e bocas que viramos. De como arrancamos nossas roupas com pressa e depois já não me lembro de mais nada. Tinha um pouco de medo de como Guigo reagiria ou até mesmo de como Samuel reagiria já que estávamos bêbados. Ele poderia ter uma reação ainda pior do que Cal teve quando me viu com outro cara.

Merdamerdamerdamerdamerda.

Eu só conseguia xingar em pensamento, esfregando a minha cabeça nervosamente com as mãos enquanto tentava afastar as memórias da noite anterior.

Será que eu não consigo manter o meu próprio pau dentro da calça?

Olhei novamente para o garoto dormindo ao meu lado e pude notar algumas poucas marcas arroxeadas na pele escura de suas costas na altura dos ombros. Não era preciso ser um gênio para saber quem tinha sido o ilustre responsável por cada uma daquelas merdas.

MEU PEQUENO TALVEZ - PJ ELLIEOnde histórias criam vida. Descubra agora