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Peguei o primeiro vôo para a minha terra natal e embarquei. Mesmo que fosse arriscado uma viagem perto do festival, eu precisava reviver minhas raízes.

A cidade não mudou tanto como imaginei. Reconheci alguns pontos que marcaram a minha infância, como a lanchonete que fica na esquina do meu outro lar, de onde minha mãe trazia bolinho de chocolate para mim sempre que podia.

Não avisei para ela que viria, deixei para fazer surpresa. Assim, caminhei até a minha casa e de longe, vi a mais velha prestes a entrar em casa com um cachorro branco, peludo e pequeno, devia ser novo.

- Ei moça bonita!- gritei e ela virou para trás, arregalando os olhos ao me ver.

Minha mãe e eu temos a mesma cor, seu cabelo é curto e menos cacheado que o meu, e é baixinha, as vezes a chamo de cogumelo, só de brincadeira.

- Ah, filha...- sua fala morreu quando veio até mim e me abraçou. Larguei a mala e retribui o abraço.- Por que não me avisou que viria?

- Surpresa, estou aqui mãe!- falei e ela riu.

- Venha, quero que me conte tudo o que tem acontecido.

[...]

A casa estava do mesmo jeito desde a minha partida, meu quarto também, mamãe não fez questão de mudar alguma coisa, dizendo que era para o caso de eu voltar.

Contei sobre Miranda e sobre o festival, mamãe queria voltar comigo para ter uma "conversinha" com Miranda, mas disse que estava tudo bem, ou que ficaria bem, melhor dizendo. Falei sobre Hoseok, a deixando eufórica.

- É bonito?- perguntou ela, como uma melhor amiga.

- Ah sim, muito bonito.- ri, meio envergonhada.

- Bom, quero conhecê-lo, mas se ele deixa a minha filha feliz, então está tudo ok.- fez sinal de legal com os polegares.

Jantamos e rimos como a muito tempo eu não fazia. As vezes, precisamos voltar e ver o passado, para entender o futuro.

Enquanto mamãe terminava as coisas na cozinha, subi para o meu quarto e vasculhei o meu cantinho.
Encontrei fotos antigas minhas, vestida com roupa de bailarina, brincando no parque, toda suja de sorvete...

Mas nenhuma foto com o meu pai. Não sei dizer se sinto falta, já que ele faleceu quando eu ainda era recém nascida, e minha querida mãe não se apaixonou por mais ninguém.

Parei em uma foto que causou um estalo na minha mente. Era na escola de dança para crianças, e lá estava eu, com um tutu e sapatilhas rosa, o cabelo cheio de volume e um grande sorriso no rosto. Do meu lado, uma garotinha branca e loira, com roupas estilo hip hop. As outras crianças eram de várias etnias, garotos brancos, negros, meninas loiras, ruivas, morenas, gordinhas, magras, altas ou baixas. Não importava quem fossem ou como fossem, estavam alí pelo mesmo motivo: Dançar.

E eu entendi. Você não precisa ser uma coisa só, não precisa ser bom em uma coisa só. Você pode dançar balé e hip hop, tocar piano e violino, escrever e pintar, colecionar coisas antigas e criar coisas novas... Não importa o que faça, o importante é encontrar a sua arte no que fizer.

"Você não pode fazer coisa de branco se for preto". "Você não pode dançar balé se for menino". "Você não pode isso se for aquilo".

Até quando vamos ouvir isso e deixar martelar na cabeça? Você pode ser o que quiser, basta querer e começar, e não precisa ser perfeito, até porque, a perfeição é algo difícil de se alcançar, e algumas vezes, acabamos frustrados por não conseguir.

Decidi que vou seguir em frente, do jeito que eu sou.

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Mix your dances 🌻 {Jung Hoseok}Onde histórias criam vida. Descubra agora