CAPÍTULO 3

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🌻

A decisão tinha sido minha. Eu que arcasse com as consequências agora.

E literalmente estava arcando.

Eu tinha muitos planos para essa semana. Aprimorar minha pronúncia em alemão, ir ao shopping com a Luna, sair para o parque com meus sobrinhos.

Mas ficar noiva não estava incluído neles. Definitivamente não estava.

Já se passaram alguns dias desde que precisei tomar essa maldição de decisão. E não existe um dia sequer que eu me levante desejando que tudo isso fosse um pesadelo. E realmente era, só que um pesadelo na realidade

Primeira consequência.

Antes de ontem papai veio me falar que tinha entrado em contato com o rei e explicado a situação, e ele deixava bem claro em sua voz que não estava nem um pouco contente de ter feito isso.

E para completar a série de notícias boas, eles iriam vir jantar conosco hoje.

Segunda consequência.

Ultimamente eu venho compreendendo muito mais as princesas dos meus livros. Meu desejo era fazer como elas e fugir. Infelizmente eu não podia, porque a decisão foi inteiramente minha.

Terceira consequência.

Eu precisava me conformar que era assim que seria de agora em diante. Hoje seria somente o primeiro passo.

Levantei da minha cama sem ânimo algum para esse dia, indo direto para o banheiro tomar um banho.

Não demorou muito para que eu ficasse pronta e viessem me chamar para tomar café da manhã.

Desci as escadas entrando na sala de jantar, vendo minha família reunida na mesa, os únicos ausentes eram meus sobrinhos, que provavelmente estavam dormindo.

"Bom dia", desejei me sentando e eles responderam me olhando.

"Como se sente meu amor?", papai perguntou.

"Bem", disse enquanto me serviam.

"Você, hum", coçou a garganta, "lembra quem virá jantar aqui hoje, não é?"

"Sim, papai", depois disso ninguém comentou mais nada.

Fiz o possível para terminar o meu café o mais rápido possível, para poder aproveitar meus últimos momentos de paz. Se é que eu venho tendo algum nos últimos dias.

Eu não queria ter sido tão fria com o meu pai, ele não tem culpa, muito menos está satisfeito com o rumo da situação. Mas eu não queria prolongar aquela conversa.

Pedi licença e me retirei da mesa sob os olhares deles, pareciam querer falar algo, talvez palavras de consolo, dizer que tudo ficaria bem. Mas como eles poderiam dizer isso se nem eu mesma sabia se era verdade?

Tentei enxergar os prós dessa situação, mas o que poderia ter de bom em se casar com um completo desconhecido?

Eu estava tão confusa sobre o rumo da minha vida que nem percebi que fiquei parada por um bom tempo em algum dos corredores. Não fazia idéia de onde poderia ir, nenhum lugar parecia adequado o suficiente para que eu pudesse ficar lamentando meu trágico futuro.

Começei a desejar profundamente um lugar que pudesse me esconder pelo resto dos meus dias.

"Eu vou chegar primeiro", gritos soaram do corredor e duas crianças apareceram correndo enquanto riam.

"Tia Grace", Ayla, minha sobrinha, sorriu e pulou em cima de mim me abraçando, na medida que eu me abaixava para ficar de sua altura.

Os braços de seu irmão também me envolveram em um abraço apertado e eu dei um beijo na bochecha de cada um.

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