CAPÍTULO 36

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🌻

*GRACE*

Sem relógio, sem celular, eu não fazia ideia de à quanto tempo eu estava ali.

O único momento que abriram a minha porta foi para trazer uma travessa que tinha uma maçã, um suco de laranja e um sanduíche. A comida ficou praticamente intocada.

A roupa que eu usava já estava começando a me incomodar e eu ansiava por um banho, mas não iria dar o prazer de usar uma das roupas que tinha ali.

Como será que todos estão em casa? A mamãe deve estar surtando, Luna morrendo de preocupação, meus irmãos e papai devem estar pensando em algo. Precisam estar.

E o Josh?

Meus olhos começaram a lacrimejar novamente, eu me sentia horrível por sumir dessa maneira e nem ao menos ter me resolvido com ele.

Eu me odiaria se algo acontecesse e a última lembrança que teria dele seria a de uma discussão.

Eu não sabia que ainda era capaz de chorar depois de todas as lágrimas que já tinha derramado. Lembrar de casa provou o contrário.

Um barulho na porta me fez levantar da cama e enxugar as lágrimas rapidamente, me escondendo entre as paredes.

"A garota está ai chefe", um homem falou.

"Abram a porta", eu arregalei os olhos, aquela voz.

"Não conseguimos as crianças"

"Tanto faz, elas seriam apenas um bônus"

A porta se abriu, e eu mal acreditava em quem via ali.

"Olá Alteza", sorriu.

As palavras pareciam ter fugido de minha boca, eu não conseguia dizer nada além de uns murmúrios.

"Esta surpresa?", cruzou os braços e se escorou na porta.

Eu estava em choque. O conselheiro? Ele estava por trás daquilo tudo?

"O-oque, oque você, oque faz aqui?", balancei a cabeça confusa.

"Ah querida, não se preocupe", andou pelo quarto.

"Você?", perguntei incrédula.

"Eu", sorriu abertamente.

"Porque...porque está fazendo isso?"

"Ah, te confesso que é um pouco divertido"

"Como pôde? Confiávamos em você"

"Eu sei que sim, por isso foi tão fácil, quem desconfiaria do pobre conselheiro real?", tocou o próprio peito e olhou a comida sobre a cadeira, "vejo que não comeu nada"

"Não quero", resmunguei.

"Mas você provavelmente quer ouvir a história, é longa, então precisa de energia", caminhou até a travessa e a pegou.

Eu olhei para porta aberta pensando em correr, mas tinha sombras próximas a ela.

"Não adianta pensar em fugir, meus homens estão por toda casa", colocou a travessa sobre a cama, "por onde vou começar a contar?", arrastou a cadeira para perto de si e sentou, eu permaneci em pé, "ah sim, já sei, sente-se, por favor", estendeu sua mão para cama.

Eu continuei parada, calada.

"Tudo bem, você quem sabe", deu de ombros, "sabe, eu e seu pai éramos praticamente melhores amigos na juventude, o meu pai foi conselheiro do seu avô, cresci no palácio e logo me tornei amigo do James", ele olhou para janela, "estava tudo muito bem, até que o concurso chegou, o mesmo que as meninas ficam um tempo no palácio, você sabe", abanou com a mão, "então a Amber apareceu, sua mãe, você se parece com ela", me olhou.

"O que eu tenho a ver com isso?"

"Ah, eu gostava da sua mãe, e o seu pai também. Já dá para entender quem ela escolheu", revirou os olhos, "eu e sua mãe éramos bem próximos, acho que ela desconfiava dos meus sentimentos, mas James não sabia que eu gostava dela e em pouco tempo os dois já estavam apaixonados, ai você sabe, namoraram, se casaram, tiveram filhos, não pude fazer muita coisa"

"Então isso tudo é uma vingança por um amor não correspondido?", ri sem humor.

"Claro que não, mas talvez tenha um pouco de ressentimento", sorriu, "sabe, eu e ela poderíamos ter sido felizes, você poderia ser minha filha, mas eu superei, mais ou menos, ela nunca deu muita importância aos meus sinais, ou não entendia eles. Acho que ainda hoje ela não entende"

Eu estremeci com a imagem dele flertando com a minha mãe.

"Durante anos eu vi eles dois juntos, vi eles terem você e seus irmãos e se julgarem o casal mais feliz do mundo, enquanto eu, apenas sorria e parabenizava", riu com deboche, "então virei conselheiro como o meu pai, no início era bom, seu pai sempre precisava de mim, quando algo acontecia, era a mim quem ele procurava, e tudo estava bem", se mexeu desconfortável, "até seu irmão começar a crescer e se tornar o rei, depois disso, raramente lembram de mim, é sempre eles dois, em uma reunião eu sou usado como enfeite de sala", alterou sua voz, "eu estava cansado de ser segundo plano em tudo, eu parecia um palhaço perto deles, nunca tinha serventia para nada, logo eu, que sempre deveria ser consultado para causas importantes, estava servindo de secretário e anotando os afazeres"

Eu engoli em seco, realmente não foi só uma vez que eu o via de maneira desnecessária durante alguma reunião.

"Então sabe como é, eu comecei a querer crescer, ser conhecido, famoso, e não apenas alguém que lembram de vez em quando", sorriu, "então surgiu a minha oportunidade, em uma visita ao rei de Vermont, casualmente coloquei na cabeça dele a ideia de como seria incrível que você e o filho dele se casassem e formassem uma aliança entre os reinos. Ele considerou no momento"

"Então era de você que ele falava, você é o responsável por tudo", sussurrei.

"Eu não tinha a certeza de que iria dar certo, meu plano inicialmente era sequestrar as duas crianças, mas como essa chance surgiu preferi adiar meu planejamento e ver no que daria, para funcionar eu só precisaria que você e o principezinho se apaixonassem, e deu certo", eu prendi a respiração.

"O que eu e o Josh temos a ver com isso?"

"Ah, só os gêmeos seria bom, mas imagine ter influência sobre dois reinos"

"Do que está falando?"

"O príncipe está ligado a Vermont, e você à Mirabell, era só questão de tempo até tudo se misturar, sua família vai fazer qualquer coisa para te resgatar, e seu noivo também", eu me apavorei com a simples ideia de alguém se machucar.

"O que você pretende ganhar com isso?", o olhei com nojo.

"Poder, riqueza, talvez até o trono eu consiga", se levantou, "quem sabe até sua mãe está disposta a ficar comigo para te salvar, poderíamos ser uma ótima família", se aproximou da porta.

"Pode se iludir o quanto quiser, nunca vai deixar se ser apenas isso, uma ilusão", as palavras saiam de minha boca com tanta amargura que até eu me surpreendi, "eles vão me encontrar, vão te pegar, e você será preso"

"Eu duvido muito, não conte com essa sorte", sorriu de lado e fechou a porta.

Eu soltei o ar que nem mesmo sabia estar prendendo e meu corpo caiu na cama, tentando assimilar tudo que aconteceu.

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REVISADO

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