Mirrors - KakaSaku

Bônus - Entre laços e decisões

— Já é a segunda vez que você desmaia essa semana! — Temari me repreendeu com uma voz dura. — O que está acontecendo, Sakura?

Eu encarei seus olhos verdes suando frio. Fazia algum tempo que trabalhávamos juntas, ela, assim como Hinata e Tenten haviam dado brecha para que eu pudesse conhecê-las de verdade, nossa amizade acabou crescendo mais do que eu mesma esperava.

— É uma coisa um tanto complicada. — afirmei me segurando em sua cintura, Temari era mais alta que eu e eu podia dizer que bem mais gostosa. — Como está o Shikamaru?

Ela me colocou sentada na poltrona daquela sala de atendimento e repousou as mãos na cintura. Sua postura mostrava que estava brava.

— Esses rodeios não funcionam comigo, lembra? Sou a Temari, a menina que você via bater nos garotos quando era criança! — eu quis rir daquela declaração, mas levei em conta que talvez aquilo pudesse ser uma ameaça e então me mantive séria. — Desembucha garota!

Temari era três anos mais velha, e aquela altura eu já não era mais a garotinha de vinte e poucos anos que morria de medo do mundo e das coisas que ele poderia me trazer, eu era uma nova pessoa, uma nova Sakura. Entretanto, eu bem sabia que ela tinha mais poder de persuasão do que eu tinha de mentir, — se é que eu sabia mentir — então era melhor dizer de uma vez.

— Eu acho que fiz uma cagada muito grande, — comecei soltando um longo suspiro, mas não muito satisfeita ela arqueou uma das sobrancelhas e encheu meu rosto de tensão. — há umas três semanas a gente acabou fazendo sem preservativo. 

Temari mordeu o lábio com tanta força que eu jurava que ia voar sangue no meu rosto. 

— As vezes eu também faço isso, mas não é como se eu esperasse que fosse ganhar um unicórnio no natal. — olhando por aquele lado, ela tinha toda razão. — Já ao menos disse a ele? — neguei com a cabeça e isso foi suficiente para ela me dar um tapa leve na testa.

— Qual o seu problema? — questionei entre uma risada e outra enquanto a loira se encostava na mesa ao lado da poltrona. — O que quer que eu diga? "Oi amor, a gente vai ter um bebê"? 

— Não sei, talvez sim! — seu tom irônico era de matar. Ela negou com a cabeça e ao cruzar os braços me encarou jogando ao vento sua postura brava. — Shikamaru odiaria se eu escondesse isso dele, pense no que o Kakashi vai pensar. 

— Mas eu tenho apenas uma suspeita, não quer dizer que eu esteja realmente grávida. — eu podia ter razão nesse ponto, mas ela pensou minha consciência quando me abriu os olhos enquanto a mentir para o Kakashi. 

Desde que tudo entre nós se resolveu nos tornamos mais que namorados, eramos parceiros e eu particularmente adorava a forma na qual nosso amor crescia, todo o companheirismo e carinho que nos proporcionávamos me deixava segura. Era como ter certeza que o chão é seguro o suficiente para se pisar. 

— Certo, quando sairmos daqui a gente passa numa farmácia para resolver esse problema!

Insistência era a marca registrada dessa Sabaku. Mas se não contássemos isso, ela era uma decoradora impecável, e eu particularmente adorava a energia que ela levava aos ambientes, mostrava que tudo podia ser resolvido, até as coisas impossíveis — e cá entre nos, fazer o Shikamaru se casar era uma coisa quase impossível e la conseguiu. 

[...]

Quando ouvi seu carro estacionando minha cabeça ainda estava na insegurança, e se ele odiasse aquela notícia?  Entretanto, eu não podia ser covarde com a pessoa que me tornou corajosa. 

— Como você está? — a perguntou surgiu assim que ele retirou os sapatos e parte do terno, ainda perto da porta de entrada da casa. — Ainda lembra que temos um jantar hoje ?