Sua própria essência

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Porque eu não quero perder você agora
Estou olhando bem para a minha outra metade
O vazio que se instalou em meu coração
É um espaço que agora você guarda
Mostre-me como lutar pelo momento de agora
(Mostre-me, baby)
E eu vou lhe dizer, baby, isso foi fácil
Voltar para você uma vez que entendi
Que você estava aqui o tempo todo


Para Sakura, Hizashi podia ter errado e a feito chorar, mas ainda assim era seu pai, e por mais que tenha feito mal a ela, Sakura não podia deixá-lo se machucar com essa história toda, mesmo que suas tentativas fossem em vão, ela precisa ao menos tentar.

Kakashi havia lhe ensinado uma coisa importante: não podemos nos tornar aquilo que nos machuca.

- Se veio aqui para mais uma de suas gracinhas, poupe-me a vergonha. - Hizashi anunciou mirando os olhos para a porta e apontando para o que a filha devia fazer, mas Sakura respirou fundo e deixou seu orgulho descer junto a sua saliva por sua garganta.

- Desta vez eu vim porque quis, da outra Kakashi me ajudou a chegar aqui. - a rosada sentou-se sobre a cadeira a frente a mesa do pai e tentou se manter o mais calma possível. - Embora esteja muito chateada, você ainda é meu pai e por incrível que pareça eu sinto algo por você...

- E eu deveria me sentir feliz por isso? Pedir desculpas?

Ela quis responder de forma rude, e como quis, quis provar a ele que estava certa, que tudo que sentia de ruim seu pai tinha uma grade fração de culpa, mas sua opção foi sorrir. Não sorriu porque estava feliz ou porque queria fingir estar bem, mas sim porque em sua mente tudo parecia, hoje, mais simples de se resolver.

- Isso depende de você, não tem mais nada a ver comigo. - eles se encararam por alguns segundos, Hizashi tentando encontrar a antiga personalidade da filha e ela tentando fazê-lo entendê-la. - Eu só queria dizer que se você quiser desistir, a era é essa, Deidara não é a pessoa que você pensa que é, e como sua filha me vejo no direito de te alertar disso.

- Então no fundo você ainda se importa comigo, não é mesmo? - encarar o rosto do próprio pai se tornou uma tarefa difícil, Hizashi permitiu-se sentir algo que não sentia, ou não queria sentir, desde que Sakura era um bebê. - Eu passei todo esse tempo te tratando mal, querendo que fosse diferente de mim e sua mãe, querendo o melhor para você...

- Devia ter me perguntado o que eu queria, eu passei todos esse anos tentando chamar a sua atenção, querendo ter um pai como meus amigos tinham. - parecia que no fim das contas eles eram apenas pessoas incompreendidas, com ideias erradas da possível felicidade. - A vida não é como um espelho, os filhos não são reflexo dos pais, eles tem sua própria essência, e hoje eu sei exatamente qual é a minha.

- No fundo eu tinha medo disso, - o mais velho respirou fundo e deu a volta na mesa de seu escritório para poder ver a filha mais de perto. - eu tinha medo que quando você se olhasse no espelho tivesse a má sorte de contemplar algo como eu, que tudo de ruim que eu fiz recaísse em você de alguma forma.

Hizashi tomou a mão de Sakura para si e caminhou até a prateleira espelhada no canto da sala, juntos eles se viram no reflexo daquele móvel e tiveram certeza absoluta que não era iguais, embora os traços genéticos fossem bem aparentes, eles tinham uma essência própria, a própria maneira de viver.
E ninguém precisaria ser igual a ninguém, todos agora entendiam que podiam ser como fossem e seriam suficiente.

Se na infância e na adolescência tudo pareceu com um inferno interior, agora Sakura tinha certeza que sua vida adulta seria diferente, seria diferente porque agora ela era uma pessoa diferente. E agora ela podia dizer que tinha novas pessoas ao seu lado.

[...]

- Eu nunca pensei que você fosse resolver assim, - Kakashi dizia enquanto tentava se livrar o avental que o rodeava, o almoço daquele dia havia ficado por conta dele e na opinião de Sakura o prateado dava uma ótima dona de casa. - sempre imaginei que fosse resoolver no soco essa questão.

Eles riram e logo em seguida se abraçaram, um abraço que significava mais que carinho, era como se a presença do professor de boas maneiras fizesse todo sentido do mundo agora e ela não desejasse que nada fosse diferente, afinal, é preciso mergulhar-se em fogo para se tornar uma boa espada.

- Eu bem que gostaria de socar o Deidara até ele esquecer quem é, mas tenho fé que Itachi e Madara vão fazer um ótimo trabalho com ele. - ela tinha razão e por um bom motivo havia deixado de lado a forma agressiva de resolver sua pendências.

Era estranho ver Kakashi cozinhando e cuidando dela, mas era também o que ela pretendia ver por um longo tempo. Há algumas semanas aquele homem a tinha deixado de cabelos em pé, infernizado sua paz e a feito deixar de lado sua vida de baladas e comidas nada saúdaveis; não dava para negar que ele era realmente um professor eficiente; mas longe de ver somente seu lado profissional, Kakashi tornou-se um ótimo amigo e ela podia dizer abertamente que um namorado muito cuidadoso e gentil. Naquela altura já não dava para negar que seu coração batia mais que rápido por ele e o que sentia não tinha a ver com seus problemas, se a situação fosse outra eles podiam muito bem se apaixonar, não era a condição, era a pessoa.

- E agora, quais são seus planos para depois de toda essa confusão? - Kakashi ousou perguntar, estava curioso para saber as decisões que a nova Sakura havia tomado, e fossem quais fossem, ele estaria lá para ajudar.

- Sei lá, que tal, - a rosada sentou-se sobre o colo do mais velho e mostrou seu melhor sorriso, - a gente pode fazer amor e depois quem sabe estudar para tentar entrar na faculdade.

Ela era a única bagunça que ele gostaria de ter em sua vida, e para ela, ele era o único professor que podia misturar aulas de idiomas com um beijos e sexo.

Mirrors - KakaSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora