AURORA
O grande dia chegou, e com ele uma forte vontade de ficar deitada para sempre.
Retiro os braços tatuados do Noah calmamente da minha cintura e me levanto caminhando até o banheiro onde faço minha higiene matinal.
Saio do quarto ainda o deixando dormindo, e desço até a cozinha onde me sirvo de uma generosa xícara de café e pego uma fruta. Não haverá café posto a mesa hoje, estão todos devidamente ocupados com toda a preparação.
Ontem a noite foi uma loucura, coisas e mais coisas para arrumar no jardim fora a minha cabeça martelando com vários pensamentos aleatórios e todos envolvendo o Noah.
Não sei o que fazer.
Hoje é nosso último dia aqui, amanhã pela manhã iremos embora e eu realmente não sei como ficaremos. Ele anda meio estranho desde ontem, e as palavras de Lígia seguem martelando em minha cabeça. Tenho plena noção das nossas diferenças e não quero que ele se prenda a mim e não realize seus sonhos.
Eu me vejo em um beco sem saída.
Também tem a situação do Maicon e o beijo e suas palavras proferidas. Todas as vezes que olho para a minha prima, as palavras vem na ponta da minha língua. Uma vontade de contar toda a verdade me vem, mas é só eu olhar a sua feição alegre com tudo ao redor e seu dia especial e eu desisto na hora.
Acho que nem mesmo ela merece passar por isso em seu casamento. Mesmo depois de tudo o que ela fez, se eu arrancar todas suas esperanças e sonhos serei igualmente a eles a dois anos atrás.
O casamento ocorrerá por volta das dez horas da manhã. Vou até o jardim e já vejo tudo organizado e arrumado em seu devido lugar.
- Aurora, porque não começou a se arrumar. - minha mãe aparece ao meu lado com algo verde em seu rosto e os cabelos enrolados
- Vim comer algo primeiro. - digo e mostro a maçã em minhas mãos
- Vá acordar a Sam e agilizem logo, logo os convidados chegarão. - diz e sorrir
- Quem está ajudando a Lígia a se arrumar? - pergunto
- A mãe dela. Hoje elas estão de bem. - diz toda alegre e eu sorrio
Termino de comer minha maçã e volto para o andar de cima. Entro no quarto e vejo a minha roupa e a do Noah pendurada uma ao lado da outra.
Suspiro.
Caminho até a cama e me sento ao seu lado. Retiro seus cabelos do rosto e e dedilho meus dedos pela sua rala barba.
- Acho que já me acostumei acordar assim. - ouço sua voz rouca e sorrio - Bom dia vida. - me dá um selinho
- Bom dia vida.
- Acordou tem muito tempo? - pergunta
- Na verdade não. - sorrio fraco - Está quase na hora do casamento, melhor nos arrumarmos logo. - digo e me levanto
- Vai se arrumar aqui? - pergunta e se senta na cama
- Não, achei melhor me arrumar com a Samara. - aponto para a porta - Assim ela me ajuda com algumas coisas. - digo
- Tudo bem. - coça o olho e se levanta - Eu preciso te contar uma coisa.
Pego minhas coisas que havia separado na última noite e caminho até a porta.
- Pode ser depois? Estou realmente com pressa. - digo e já abro a porta - Até daqui a pouco.
- Até. - ele sorrir fraco e segue para o banheiro
