Quatro anos depois do fim de um relacionamento conturbado, os destinos de Any e Josh se cruzam novamente, quando o CEO mais famoso no ramo de software relança um aplicativo mundialmente e é convidado para escrever uma coluna na aclamada revista Pois...
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Any
Pertencer. Essa é uma palavra que recorrentemente tem rondado meus pensamentos nos últimos anos. Por mais que eu amasse Paris e a oportunidade que foi me dada, faltava algo. Era como viver um sonho em preto e branco, onde eu sempre acordava desapontada no final.
Olhando para trás, eu estava tão agarrada a ideia que eu precisava ser feliz, que aquele deveria ser meu lugar, meu recomeço, que não notei que falsos sorrisos e emoções não trariam nunca o conforto na alma que se tem quando se pertence. Não é um sentimento imposto. É natural. Você simplesmente sabe.
Pertencer é onde seu coração está, ou melhor, é onde seu coração escolhe ficar.
Estou a cerca de vinte minutos olhando Josh dormir. Ele parece tão sereno e inofensivo. Sua respiração é tranquila e os cantos de sua boca estão esticados em um sorriso fraco. Eu espero que ele esteja em um sonho bom, ou que ao menos não acorde com ressaca.
Josh dormiu rapidamente, mas eu passei horas revirando contra a cama presa pelas palavras que ele preferiu antes do sono profundo. Ele disse que não me traiu, ou trairia, e minha mente vem sido atormentando desde então.
Ele estaria bêbado demais para saber o peso de suas palavras? Ele sabe que dá última vez que me jurou não ter feito, voltou atrás e disse que fez? Meu coração não parou de bater forte desde então, e sinto que ele está a ponto de escapar pela boca.
Uma única fresta de luz do sol marca uma linha reta em seu rosto. Sua respiração regular, começa a ficar pesada. Ele se mexe e balança a cabeça sutilmente e sei que a luz está incomodando seu sono.
Não consigo evitar de sorrir.
Estico minha mão rumo ao raio de sol, cobrindo-o a uma distância considerável, causando uma sombra em sua face. Seu sono volta a ser tranquilo e me apoio com o cotovelo ao seu lado, para admirar seu rosto perfeito de perfil.
Eu me pergunto se Josh sonha com frequência. Eu me questiono isso há algum tempo, porque normalmente quando eu tinha um sonho bom, ele se fazia presente. Quando eu tinha pesadelos, eu acordava sentindo sua falta.
Será que ele sonha comigo? Será que teve os mesmos sonhos que eu? E durante os pesadelos, Josh desejava acordar ao meu lado para sentir que tudo ficaria bem? Ou simplesmente não ficou também? Ele queria apenas me ligar e ouvir minha voz? Ele sabe que por diversas vezes, do outro lado de suas ligações mudas eu estava? Tentando apenas descobrir pelo tom de sua voz se ele estava bem ou egoistamente tentando me acalmar ao saber que era ele do outro lado da linha.
Sorrio como uma boba para a sombra que minha mão faz em sua face. Meu braço dói por estar suspenso tanto tempo no ar, mas não me importo. Eu não quero que ele acorde, eu quero fugir mais tempo possível da realidade, porque estar aqui com ele aquece minha alma e eu não quero encarar seus olhos e perguntar o que ele quis dizer. Não sei se estou pronta para a verdade, se ela aponta para uma nova mentira.
