Quatro anos depois do fim de um relacionamento conturbado, os destinos de Any e Josh se cruzam novamente, quando o CEO mais famoso no ramo de software relança um aplicativo mundialmente e é convidado para escrever uma coluna na aclamada revista Pois...
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Any
Conheci o Charlie em um Pub Irlandês, bem próximo à Torre Eiffel, o famoso O'Brien's. Era um dia de semana normal, chuvoso e frio, mas me lembro exatamente da sensação de me sentir triste sem nenhum motivo aparente. Era como se o tempo estivesse de alguma forma refletindo meu interior tempestuoso. Eu costumava fazer o percurso do trabalho para casa a pé, afinal meu pequeno apartamento era próximo do trabalho, mas quando a fina garoa começou a se tornar mais forte naquele fim de tarde, decidi beber algo no O'Brien's até que a chuva parasse.
Havia me sentado em um banco alto, segurando fortemente um copo da escura cerveja irlandesa sobre a bancada de madeira com vista para o lado de fora. Eu acompanhava as gotas que desciam pela janela sem prestar atenção em mais nada ao meu redor, como uma cena deprimente de um filme em preto e branco. Naquele momento minha cabeça estava em Josh, como em todas as outras vezes que me sentia triste.
Sempre ouvi que seu primeiro amor, dificilmente seria seu último e eu me esforcei, em relações fugazes sentir um pequeno lampejo de esperança de que isso seria verdade e eu amaria de novo, mas naquele momento eu precisava, mais que qualquer coisa, ouvir sua voz, então peguei meu celular, ocultei o meu número e liguei para ele, porque por mais que eu tentasse apagá-lo da memória, eu nunca consegui esquecer uma só coisa sobre Josh.
O telefone chamou por várias vezes, até que uma voz rouca e séria, proferisse um simples alô que ocasionaria em suor frio, tremor e um coração que poderia facilmente saltar pela boca, coisas que não sentia há muito tempo. Foi como se uma bola de fogo se acoplasse ao meu peito de forma irremediável. Eu queria chorar, eu queria pedir que fosse ao meu encontro, eu o queria. Josh provavelmente conseguia ouvir a música ambiente e as conversas animadas ao fundo, mas da minha boca, não saiu uma só palavra. Foi quando Charlie deslizou pela cadeira vazia ao meu lado e falou algo sobre o tempo.
Desliguei o telefone e encontrei seu sorriso largo e olhos verdes vibrados em mim. Ele usava o capuz do moletom e um cachecol que cobria parte de sua boca. Me questionei de quem ele estava se escondendo, mas estava frio, me parecia compreensível. Eu nunca dei muita bola para futebol, então não fazia ideia de quem Charlie era, mas naquele momento me pareceu um sinal para seguir em frente, dessa vez de verdade, sem desculpas, eu precisava de uma relação real.
Ele passou horas e horas conversando comigo, e por aquelas horas eu esqueci do Josh. Eu pensei que ficar com Charlie me faria esquecê-lo por todas as horas depois. Tirar o Josh da cabeça, só durou por aquelas horas e nunca mais.
