Quatro anos depois do fim de um relacionamento conturbado, os destinos de Any e Josh se cruzam novamente, quando o CEO mais famoso no ramo de software relança um aplicativo mundialmente e é convidado para escrever uma coluna na aclamada revista Pois...
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Assista ao vídeo antes da leitura:
Josh
Um círculo se abre à minha frente bloqueando minha visão. Meu corpo gela quando escuto uma voz que soa cada vez mais desagradável aos meus ouvidos, proferir as palavras que eu mais temia, me deixando apenas com um gosto amargo na boca e minha garganta fechada, em um total sentimento de impotência.
Quando uma pessoa que bloqueava minha visão se afasta, meus olhos encontram os de Any, vibrados e melancólicos.
Charlie está ajoelhando bem à minha frente, de costas para mim. De alguma forma, isso me faz lembrar do dia que fui até Paris atrás de Any. Por um breve momento, em um lampejo, naquela noite eu me imaginei propondo casamento a ela, pensando em qual seria aquela sensação, de como ela ficaria linda vestida de noiva. E agora, me pego imaginando novamente, mas com ele.
Charlie pode dar a ela, algo que provavelmente eu nunca conseguiria, uma família.
Dou incontáveis passos para trás, esbarrando em pessoas até a saída. Respiro fundo o ar puro da noite fria, quando chego ao lado de fora. O caos de NYC só torna ainda mais alto às coisas em minha cabeça. A voz de Charlie pedindo Any em casamento está rodando em loop, apenas me apoio em uma grade na lateral da porta afim de me acalmar.
Pego a cigarreira no bolso da minha calça e puxo um cigarro, segurando-o entre meus dedos. Minhas mãos tremem, e sinto como se meu sangue estivesse correndo mais densamente em minhas veias.
Acendo o isqueiro, uma, duas, três vezes, apagando logo em seguida, na quarta o arremesso longe. Normalmente o cigarro funciona como um canalizador, mas agora eu só preciso gritar, e é o que eu faço, a todo pulmão. Eu grito.
Levo a mão ao rosto, e roço a mão na barba tentando esvaziar minha mente que simplesmente não para de pensar na cena que acabo de presenciar. Eu não sabia que era possível sentir um aperto tão grande no peito. É como se algo fizesse uma pressão descomunal sobre ele.
Eu não gosto de me sentir fraco, mas isso me consome, eu sinto como se meu mundo desmoronasse. Se Any aceitar se casar com ele, é nosso fim para sempre, e não a julgo, muito menos depois de saber a verdade.
Escuto um barulho alto vindo da porta atrás de mim. Quando me viro, vejo Any cambaleando em direção as escadas para a rua não muito longe de mim. Corro em sua direção notando uma queda iminente. Ela diz meu nome, de forma lenta e fraca, como uma suplica. Então seu corpo balança uma última vez e tomba em direção ao chão.
