Antes de eu pirar de vez

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Olá.

Meu nome é....pode me chamar de Joe.

Essa é a minha história até então:

Antes eu não ligava pra nada. Fazia o que bem queria. Só devia explicações a mim mesmo. 

Queria é que todo mundo explodisse junto com seus julgamentos.

Cada dia era mais arrastado que o outro, como seu eu carregasse tudo nas costas, na escola e em casa, eu tava vazio. Eu não sabia disso, então tentava preencher esse buraco com qualquer sujestão de algum amigo.  No final, não conseguia fazer nada que ajudasse porque sempre estragava tudo.

Garotas, galera, festas secretas, vodka, isso preenchia meus pensamentos.

Mas, no fundo, via nos olhos das pessoas que elas eram tão falsas comigo quanto um celular de camelô.

Cara, isso tava me matando.

Acho que eu era um zumbi, já tava morto a muito tempo, meu coração acho que nem batia mais. Sofri tanta "facada" que criei uma carapaça, me fechei para o mundo e passei a usar uma máscara. A máscara do "estou bem, e você?".

Acontece, cara, que nada ia bem.

E eu tava doente. Tava doente da alma, tinha câncer de sentimentos ruins. Em relação ao meu pai, meu passado, queria acabar com tudo logo.

Até que um dia eu pirei.

Joguei tudo pro alto e fui tentar entender porque a Natalia era tão feliz e eu não. O que a fazia ser tão diferente, tão especial? Não falo de ser sexy, mas de ser verdadeira.

Ela havia batido na porta de casa  a um mês pra entregar uns papéis, convidando pra igreja, falava até de um jeito estranho. Tinha umas cicatrizes no rosto, que só fui perceber depois de conversar com ela algumas vezes na escola. Eram cicatrizes como se fossem riscos, perto do nariz, mas...até que era uma guria bonita. Não gostava de maquiagem e sorria demais, tanto que me irritava.

Foi ela quem me fez o favor de lembrar que Deus me amava, e que Ele tinha entregue seu filho pra morte pra que eu pudesse viver. Foi muito estranho ouvir isso dela.

Eu já sabia disso.

Ia na igreja com minha mãe quando eu era pequeno, mas desisti quando comecei a achar tudo aquilo muito chato e não via muita realidade no que eu aprendia lá. Tudo conto de fadas.

Então virei um ateu porque era moda. Depois tentei ser budista porque um amigo disse que era massa.

Mas não entendia nada disso. Sempre fui de questionar tudo, e quando não sabiam me responder eu pulava fora.

Mas com a Natalia era diferente, se ela não soubesse a resposta, simplesmente sorria e dizia que ia voltar no dia seguinte com a explicação. E voltava mesmo! Tipo, ela se importava em me responder. Não dava pra entender, mas eu gostava. E o engraçado é que, depois de tudo, ela não dava encima de mim como outras garotas, mas ia me guiando, como se fosse uma irmã, me dizendo todo dia que Deus tinha coisas melhores pra mim.

Em um mês essa menina me convenceu de ir na igreja com ela.

Foi bem diferente. Tipo assim, senti um troço queimando dentro do meu peito! Era bom e esquisito. Um cara na minha frente virou pra mim e disse:

- Hoje é seu dia, hoje você vai ser feliz.

Eu fiquei tão assustado com aquilo, o cara nem me conhecia! No final de tudo a Natalia me levou lá na frente, perto do púlpito e me abraçou, de lado. O pastor veio me perguntar se eu queria aceitar Jesus na minha vida. Eu pensava em muita coisa naquela hora. Mas uma coisa muito forte explodiu na minha mente:

Você vai ser feliz! você vai ser feliz!

Eu respondi que sim e repeti umas palavras. Saí daquele lugar sendo abraçado por várias pessoas que nunca me viram, fui apresentado à uma "nova família", era como eles chamavam. Levei a Natalia em casa, ela morava perto da minha, e parecia mais feliz do que antes, dizia que eu tava finalmente sorrindo.

Eu não sabia o que dizer, cara, não sabia mesmo, só ria junto com ela. Quando ela se despediu, disse uma coisa maluca, que eu nunca mais vou esquecer. Ela disse assim:

- Joe, hoje você pirou, pirou de vez.

O dia em que eu pireiOnde histórias criam vida. Descubra agora