O Jogo

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"PHI PHI!"

A voz do pai ecoou tão natural e próxima que Sophia poderia jurar que ele estava ali no dormitório com ela.

"Oi, pai!" ela cantou.

O rosto do pai ocupava a superfície inteira do espelho - com certeza ele o segurava tão perto que Sophia quase podia ver seu hálito abafando o vidro. O pai tinha os olhos brilhando, e seu sorriso era tão largo que fazia aparecer o dobro de rugas do que geralmente havia.

De repente, ele sumiu, ao mesmo tempo que Sophia ouviu a voz da mãe dizendo: "Abra um espaço, Colin." E, sem dúvida, o rosto da mãe apareceu em seguida, e ela começou a soluçar:

"Ah, Soph... Sentimos tanto a sua falta..."

Sophia piscou rapidamente para disfarçar os olhos que começavam a marejar. "Eu também, mãe. Como vocês estão?"

O pai reapareceu no reflexo, e os dois conseguiram encaixar ambos rostos no espelho. "Estamos ótimos, querida. Acredita que a sua tia Margaret quebrou a perna novamente?"

Sophia riu. "O quê? Como?"

"Ah, é uma história muito engraçada. Lá estava ela, indo ao banco como sempre, quando de repente, ninguém sabe como, apareceu uma pomba em sua bolsa..."

"Colin, agora não!" protestou a mãe. "Deixe a Sophia contar sobre a escola."

"Não tem problema, mãe", Sophia disse, vendo a excitação do pai murchar levemente. "Qualquer história com a tia Margaret é sempre boa."

A mãe girou os olhos. "Podemos ouvir mais tarde. Mas conte-nos, Soph, sobre esse Torneio! Como está sendo?"

"Ah, muito bom! As tarefas são sempre muito divertidas de assistir - quero dizer, não vi muito da segunda, mas enfim -, e no geral os alunos das outras escolas são legais, mas agora até já nos acostumamos com eles aqui..."

"Ei, espera", interrompeu o pai. "Por que você não viu muito da segunda tarefa?"

Sophia trocou de posição na cama. "Ah, é que, bem... Eu participei indiretamente. Cada campeão tinha que resgatar um refém, e eu fui um deles."

A mãe começou a abrir um sorriso, mas o pai franziu a testa e aproximou-se do espelho, deixando à mostra somente suas sobrancelhas muito juntas. "Hein? Como assim usaram você de refém? Você ficou em perigo?"

Sophia riu. "Não, pai, foi bem tranquilo. O Prof. Dumbledore nos colocou em um sono encantado e nos mergulhou no fundo do Lago. Ficamos na guarda dos sereianos até sermos resgatados. Não houve nenhum perigo de verdade - a refém da Fleur, por exemplo, era sua irmã mais nova, que tinha uns dez anos no máximo!"

A mãe arrancou o espelho da mão do pai e repetiu, em um tom indignado: "Dez anos?" Era incrível como ela podia ser parecida com Georgie às vezes, pensou Sophia, e então se perguntou se talvez fosse por isso que tinha ficado tão próxima da amiga quando se conheceram.

"Sereianos?" O pai logo voltou em foco. "Não são perigosos, são?"

"Não! Eles são seres muito inteligentes, assim como os centauros. Inclusive só são classificados como 'criaturas' porque recusaram o termo 'seres'. E isso só porque não queriam estar na mesma classe que vampiros."

Ele riu, aliviado. "Ah, gostei deles!"

A mãe sorriu e o abraçou. Então levantou uma sobrancelha, fazendo uma cara engraçada. "Então, Soph, foi Viktor quem te resgatou?"

"Sim", ela respondeu, seu coração batendo rápido. Esse era o assunto que ela mais queria evitar, mas é claro que ele seria um dos primeiros a aparecer. "Ele transfigurou sua cabeça para a de um tubarão. Foi o segundo a resgatar seu refém."

SophiaOnde histórias criam vida. Descubra agora