Edimburgo

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Quando o mundo parou de girar, Sophia percebeu que dera de cara com um vaso muito grande e muito pesado.

Seus olhos se arregalaram enquanto assistiu, em câmera lenta, ao vaso tombar no chão e se quebrar em milhares de pedacinhos, fazendo um barulho horrivelmente trágico. A garota soltou um arquejo apavorado - o vaso era, provavelmente, inestimável.

"Focê ecstá pem?" perguntou Viktor.

Ela fez que sim com a cabeça, ainda sem conseguir tirar os olhos dos destroços no piso.

"Este vaso provavelmente era de centenas de anos atrás."

"Non tem prroblema", ele respondeu, se aproximando. Tirou a varinha do bolso. "Reparo."

E, magicamente, os minúsculos fragmentos de porcelana foram se juntando, flutuando e se recompondo no ar até formarem a bela forma sinuosa do vaso. Sophia piscou. O vaso estava perfeitamente restaurado.

Ela começou a rir. "Obrigada, Viktor." Virou-se para encarar o olhar confuso do garoto. "Por um momento, esqueci que era bruxa. Acho que ainda não me acostumei a poder usar magia a qualquer momento, em qualquer lugar."

Ele abriu um sorriso divertido e pegou sua mão. "Famos?"

"Vamos."

Sophia mal conseguia acreditar que haviam realmente conseguido aparatar de Hogsmeade a Edimburgo. Ou, pelo menos, ela e Viktor haviam. Ainda não tinham visto os amigos, e Sophia começou a preocupar-se.

Estavam saindo da sala quando um guarda apareceu, sem fôlego.

"Ei!" ele gritou em sua direção. "O que vocês estão fazendo aqui? Esta área é proibida para visitação!"

"Ah, desculpe-nos", apressou-se em dizer Sophia. "Nós nos perdemos. Poderia apontar em direção à capela?"

O guarda olhou para os dois com uma cara desconfiada. "Eu ouvi o barulho de algo quebrando aqui."

Sophia e Viktor se entreolharam, fingindo ignorância. "Não ouvimos nada. Talvez tenha sido lá fora?" E, antes que o guarda pudesse contestá-los, continuou: "A capela é para este lado?"

O guarda tinha os olhos semicerrados, escaneando a sala em busca de algo quebrado. Quando percebeu que não conseguira encontrar nada para acusá-los, relaxou a postura, embora ainda com uma voz rígida. "Venham, eu acompanho vocês até a saída."

Os três seguiram, em silêncio, pelos corredores. Sophia percebeu que Viktor admirava o local, mas não se atreveu a dizer nada em frente do guarda, que ainda tinha uma conduta nada amigável. Quando finalmente chegaram à porta que dava para o pátio, o homem os parou.

"Sigam os canhões e depois virem à esquerda. A capela estará logo em frente."

"Obrigada, senhor", respondeu Sophia, tentando ser o mais educada possível.

Antes que pudessem sair, no entanto, o guarda estendeu o braço, bloqueando a passagem. "Posso conferir os ingressos dos senhores?"

O coração de Sophia parou, e ela virou-se para Viktor em desespero. Ele também parecia desconcertado. Sophia rapidamente entendeu, então, o que deveria fazer.

"É claro", ela disse, "devem estar aqui em algum lugar." Abriu a bolsa e começou a remexer em seu conteúdo. Imediatamente, encontrou sua varinha e a apontou, sem retirá-la da bolsa, ao guarda. "Confundus", murmurou.

O homem franziu a testa e piscou rapidamente. Sacudiu a cabeça, como se estivesse acordando de um transe, e finalmente sorriu. "Tudo certo. Tenham um bom dia!"

SophiaOnde histórias criam vida. Descubra agora