O Primeiro Dia

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O dia seguinte não amanheceu muito mais bonito que o anterior: não chovia mais, mas ainda pairavam sob o céu nuvens cinzas escuras. Sophia e Georgie tomavam café sonolentas. Ainda era o primeiro dia de aula, então não haviam se acostumado com o horário, sem falar que foram dormir tarde por causa de todo o burburinho que seguiu o anúncio do Torneio Tribruxo na noite anterior. Nancy Clarke, que dividia o dormitório com elas, não parava de reclamar da injustiça que era não poder competir só porque fazia aniversário uma semana depois do Dia das Bruxas. Embora Sophia concordasse com o ponto, não conseguia solidarizar-se com a menina, que ficou falando a noite inteira e não a deixou descansar.

Georgie passava, desanimadamente, manteiga em sua torrada. Olhou para o teto encantado e sorriu.

"Lembra quando tínhamos que aprender os nomes dos tipos de nuvens?"

Sophia fez um barulho que era uma mistura de grunhido com risada. "A única coisa que eu lembro era que uma delas se chamava Nimbus. E havia uma chamada Cumulunimbus, acho, devia ser uma Nimbus ainda pior..."

"As senhoritas não ficam, então, satisfeitas de estar em Hogwarts, onde podemos aprender coisas úteis de verdade?" disse Sean, anunciando sua chegada para o café. Rogério se sentou logo depois dele.

"É, como transformar ratos em taças, por exemplo. Realmente, como consegui chegar até aqui sem poder beber em taças-rato?" brincou Sophia, fazendo Georgie rir.

Sean virou os olhos. "E qual a utilidade de saber os nomes das nuvens?"

"Conseguir identificar os tipos diferentes e assim saber que tipo de chuva virá ou não", retrucou Georgie. Sophia tinha certeza de que Georgie achava inútil estudar os tipos de nuvem; sabia que, se estivesse sozinha com a amiga, ela teria falado para deixar isso com os meteorologistas e só verificar a previsão do tempo, mas Georgie às vezes ficava na defensiva quando colegas bruxos faziam comentários de superioridade aos trouxas.

Sean nada disse e passou a servir-se de cereal.

"Ah, olha, Flitwick já está distribuindo os horários", apontou Sophia.

Sophia e Georgie acabaram de comer mais cedo e foram falar com o professor. O pequeno bruxo, ao vê-las chegando, começou a mexer na pilha de papéis em suas mãos.

"Laurie, Sophia...", ele murmurou. "Ah! Aqui está. Ótimas notas, Srta. Laurie, foi aprovada em todas. Mas vejo que desistiu de Astronomia e História da Magia... Certo. Bom, continua então com Feitiços, Defesa Contra as Artes das Trevas, Herbologia, Transfiguração, Poções e Estudo das Runas Antigas?"

Sophia assentiu, e o professor lhe entregou seu novo horário.

"Ah, Srta. Kingsley. Vamos ver... Muito bem. Feitiços, Defesa Contra as Artes das Trevas, Herbologia, Transfiguração... Ah, lamento, não poderá fazer Poções, o prof. Snape só aceita "Ótimos"... Certo. Não deseja matricular-se para Trato das Criaturas Mágicas? O prof. Hagrid ficaria feliz em tê-la em sua classe, fala muito bem da senhorita."

Georgie olhou para o professor, pega de surpresa. Sophia conseguia ver o cérebro da amiga trabalhando a mil, tentando decidir.

"Hã... Acho que poderia", ela concluiu, hesitante.

O prof. Flitwick sorriu, satisfeito. "Muito bem. Aqui está seu horário, Srta. Kingsley."

Georgie o recebeu, ainda com uma expressão meio vazia. As duas amigas analisavam os horários enquanto andavam para a porta do Salão.

"Ah, eu realmente espero que Hagrid faça umas aulas boas, para variar. Criaturas mágicas são realmente fascinantes, mas Hagrid parece gostar só das perigosas e 'incompreendidas'..."

SophiaOnde histórias criam vida. Descubra agora