Páscoa

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O trem de volta a Londres partiu no dia seguinte.

A maioria dos alunos passava as férias de Páscoa na escola; naquele ano, entretanto, como boa parte já havia deixado de voltar para casa no Natal por causa do Baile de Inverno, o trem se encontrava mais cheio que o normal. Sophia e os amigos por pouco não conseguiram uma cabine só para eles. Acabaram, mais tarde, tendo que dividi-la com uns colegas da Corvinal que chegaram atrasados, o que não se importaram em fazer.

Enquanto observava as paisagens do campo escocês correndo pela janela, Sophia não pode deixar de mergulhar em seus próprios pensamentos. Parecia tão surreal estar voltando - ainda que tão brevemente - para casa, para sua vida trouxa, depois de tudo que havia acontecido naquele ano. Havia presenciado um Torneio Tribruxo e conhecido um jogador internacional de quadribol, sim, mas, mais significativamente, tinha finalmente feito dezessete anos: poderia realizar magia quando bem desejasse! Não só isso, também tinha aprendido a aparatar: estava livre para ir aonde quer que quisesse.

"Pensando em Krum?" disse Sean, despertando-a de seus devaneios.

"Você bem gostaria", ela retrucou. "Sabe, Sean, apesar de tudo, acho que você é o maior fã do nosso relacionamento."

Ele riu. "É claro que sim! Imagine quantos ingressos ele não conseguiria para a gente!"

Sophia girou os olhos e entrou na conversa dos amigos. Divertiram-se pelo resto da viagem jogando partidas e partidas de Snap Explosivo, Rogério e Sean chegando até a apostar (doces, majoritariamente, mas uma ou outra moeda também).

A viagem chegou ao fim algumas horas mais tarde. O trem parou na estação 9 e 3/4, como sempre, e Sophia e os amigos desceram ansiosamente. Pegaram seus pertences e correram para sair pela barreira da plataforma, todos muito animados em reencontrar seus parentes.

Sophia avistou seus pais imediatamente. Os dois, ao identificá-la, saíram correndo e a envolveram em um abraço sufocante.

"Ah, Soph, que saudade!" chorou a mãe.

"Também", ela respondeu, a voz abafada.

"Você cresceu!" o pai exclamou, assim que se afastaram.

"Não, pai", ela riu. O pai sempre falava isso quando se reencontravam nas férias, mas Sophia já deixara de acreditar fazia alguns anos.

"Minha filha, uma bruxa adulta", ele choramingou exageradamente.

Sophia riu. Mal cabia em si de excitação.

Cumprimentaram os pais dos amigos - no caso de Sean, os avós - e despediram-se logo, todos querendo voltar para suas respectivas casas e aproveitar o tempo juntos. Sophia e os pais pegaram um táxi e chegaram rapidamente à casa em Greenwich; uma vez com os pertences arrumados, os três se juntaram para tomar chá, trocando notícias dos eventos dos últimos meses.

"Ah, eu passei no exame de Aparatação!" Sophia exclamou subitamente, fazendo o pai levar um susto e derramar sua bebida em si mesmo.

A mãe correu para dar-lhe um abraço. "Soph, parabéns! Sabia que conseguiria!"

"Que orgulho, querida", o pai apertou sua mão.

"Querem ver?" ela perguntou, vibrante.

Os dois concordaram entusiasmadamente, então Sophia se afastou e respirou fundo. Girou o corpo e - Craque!— apareceu na sala, a alguns metros de distância, fazendo os pais gritarem primeiro de espanto e depois de felicidade.

Passou as próximas horas mostrando todos os feitiços que lembrava (e que não eram perigosos) para os pais. Era libertador poder usar magia para tudo a qualquer hora, e mostrar para a família o que aprendera durante os seis anos na escola - aquilo não tinha preço.

SophiaOnde histórias criam vida. Descubra agora