Inexplicável (Romance gay)

O Trabalho De Matemática Demoníaco

Eu estava lendo mais um dia na minha mesa durante o intervalo quando alguém joga algo na minha mesa e eu me assunto.

-Meu Deus??- Eu olho e vejo Ana Júlia parada na minha frente e ao seu lado estava sua amiga inseparável Suzana. Ana Júlia tinha traços asiáticos e usava o cabelos pretos estilo "Joãozinho", ela usava um delineado bem estilo Euphoria da HBO. Suzana tinhas os cabelos grandes e castanhos cacheados, seus cabelos pareciam o da Vitória da dupla Anavitória, sua pele era parda como a minha, ela estava usando um casaco de um grupo de kpop que as duas gostavam, não podia usar maquiagem como sua amiga pois sua mãe era super religiosa.

-O professor Fernando vai passar alguma avaliação hoje e você tem que nos ajudaaaar- Diz Ana Júlia com seu jeito manhoso que me irritava- Nós sabemos que você dá aulas, então o que acha de nós dar uma aulinha rápida de probabilidade?.

-Eu geralmente cobro para dar essas aulas e preciso de ter um aviso prévio para me preparar- Me preparar a aturar pessoas chatas eu queria dizer- Então não rola garotas.

-Nós sabemos que você cobra, não somos burras- Diz Suzana e eu evito falar algo irônico quando ela tira uma nota de vinte do bolso da calça- vinte reais por uma aula rápida para nós duas, podemos pedir para a professora de filosofia deixar a gente estudar na biblioteca até os dois últimos horários.

-Se vocês insistem eu que não vou negar dinheiro - Pego meu caderno enquanto elas vão falar com a professora de filosofia, quando olho para o lado Luan estava me observando e quando percebe que me virei tenta disfarçar pegando algo na mochila.

Desde o dia que ele falou sobre o lixo voltamos a vida normal de ignorar um ao outro e espero que nunca mais tenhamos que nos falar, de estranho já basta minha vida. As meninas logo voltaram com a resposta positiva da professora e nós fomos para a biblioteca, porém no meio do caminho Ana Júlia parou para olhar seu namorado na quadra jogando no time de futebol da escola, ele era o número 10 do time e sabia muito bem fazer gols como todo mundo dizia. Eu conhecia Bernardo desde que tínhamos sete anos e ele ainda tinha um nome feminino, foi uma surpresa quando um dia ele chegou explicando a todos como o chamar e é óbvio que no começo teve todo uma discussão na direção de como o chamar nas chamadas e tudo mais, e também teve alguns alunos expulso por tentar bater nele. Eu era super amigo dele quando crianças, mas nunca mais nos falamos e sempre quando nos víamos no corredor era só acenos de cabeça.

-Aaaah ele é tão lindo-Diz Ana Júlia com um ar apaixonado, Suzana ao seu lado revira os olhos de ciúmes.

-Por favor vamos logo, já não temos tempo e você ainda fica babando no seu namorado--Ela puxa a amiga pelo braço e eu as sigo até a biblioteca.

A biblioteca não era algo como em filmes americanos, como estudávamos numa escola pública a biblioteca tinha o nome de um escritor famoso, a nossa se chamava "Clarice Lispector" e era basicamente uma sala com três corredores de livros divididos em didáticos e literários. As meninas se sentaram na minha frente em uma mesa redonda que ficava no meio da biblioteca e eu comecei a explicar o básico.

-Primeiramente: vocês sabem como fazer regra de três? - Eu pergunto arrumando meus óculos que estavam caindo devido ao suor causado pelo clima quente que estava aquele dia.

-É aquela conta que faz um X né? - Pergunta Suzana e Ana Júlia ao seu lado me olhou confusa.

-Eu nem sabia que isso tinha nome...- Diz Ana Júlia. Bem, isso ia demorar mais do que o esperado...

Depois de 40 minutos gastos tentando ao máximo colocar um pouco de matemática na cabeça das duas meninas distraídas (qualquer coisa elas mudavam de foco) eu acho que consegui fazer o máximo que podia com o tempo que eu tinha. Voltamos para a sala bem a tempo do professor de matemática chega já com aquele sorriso malvado dele que eu achava assustador e quando se sentou a turma estava calada, eu o observava tirar os pincéis da maleta olhando a sala.

-Por que tão calados?? - Deu pra sentir todos pensando na mesma coisa "Desgraçado", mas eu achava o professor uma graça por ter se apegado ao personagem de vilão.

-Okay então já que ninguém vai falar nada eu vou começar. A avaliação desse bimestre será um trabalho em duplas onde vocês vão ter que fazer uma lista de exercícios com 60 questões, vai ficar 30 para cada pessoa e eu quero ver letras diferentes nessas trinta questões, elas vão envolver não só probabilidade que eu dei semana passada, mas todo o conteúdo do primeiro semestre todo. Vocês vão ter até o final do mês para me entregarem feitas, estarei dando até o último dia antes do recesso para vocês me devolverem resolvidas.

Todos começaram a bufar e a reclamar como o bando de adolescentes que são, eu fiquei muito chateado porque odeio trabalhar com outra pessoa, não me achem chato, eu só sei que vou ter que fazer tudo sozinho. Então geralmente eu peço pra fazer sozinho, principalmente porque sempre sobra três pessoas sozinhas na turma.

-Para facilitar vocês podem escolher sua dupla- na verdade antes do professor falar isso todos já estavam praticamente com suas duplas formadas, depois que ele falou as duplas só arrastaram suas cadeiras para ficarem perto. Eu logo levanto minha mão.

-Professor será que eu posso fazer sozinho? - Já era costumeiro eu só abrir a boca na sala para falar isso ou para pedir pra ir no banheiro (tenho a bexiga fraca ok).

-Ah não, não- Ele olho de mim para outra pessoa, quando eu sigo seu olhar vejo que era Luan quem ele também estava observando. - Ora, ora os dois opostos ficaram juntos. João é o melhor em matemática e você senhor Luan não vai muito bem das pernas quando se trata de número, não é?.

Fodeu o Ruan faltou. Foi a única coisa que pensei naquele momento.

-Vocês vão fazer juntos e é bom que o João pode ver se consegue colocar matemática na sua cabeça- Ele dá uma risada e volta pra mesa- Juntem as duplas que eu vou entregar as questões e explicar como devem ser feitas.

A minha própria contravontade arrastei minha cadeira até a mesa do Luan e ficamos sentados sem falar nada até o fim da aula...