A Conversa

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Passei o resto da semana inteira tentando falar com Luan, mandando mensagens, áudios e emails (que eu tenho certeza que ninguém lê), cogitei até mesmo ir na casa dele, mas não queria ser mais inconveniente do que já estava sendo, se ele queria ficar sozinho eu entendia.

Tentei jogar e fazer lives para tentar tirar Luan de minha cabeça, tentei ler, tentei ver alguma coisa na tv e tudo sempre me fazia voltar a ele. O que esse garoto tinha feito comigo? não havia sentido nada desse modo por ninguém até então. No domingo Bernardo me manda uma mensagem;

Bêh sz: Precisamos conversar amanhã, é coisa séria.

Não entendo o porque tínhamos que conversar, será que Luan tinha falado com ele? mas o que ele tem haver com essa coisa toda?. Então apenas respondi “OK”.

Algo estranho aconteceu mais tarde naquela noite, recebi um email de Luan que apenas tinha um anexo de PDF onde tinha todas as partes dele do trabalho já feitas, com calculos e tudo, aparentemente ele já tinha resolvido aquilo também.

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Sabe quando você dorme cedo e acorda no outro dia mais destruído do que estava antes? esse era eu as 7 da manhã na escola segunda feira e como sempre fiquei andando na escola como um zumbi, mas dessa vez atento procurando Luan em todos os cantos. Hoje eu queria inovar e tentar ser um pouco como eu era antes, estava com minha blusa de frio do pikachu, minha calça verde e um tênis vermelho e sim, eu estava parecendo um sinal de trânsito ambulante, mas queria mostrar que eu estava tentando voltar.

Na minha mesa fico ouvindo as fofocas da festa da vitória que ainda estava dando o que falar, ouvi meu nome algumas vezes e tudo que disseram eram mentiras misturadas com a verdade, coisas como “O João quase vai pra cima do grupinho de futebol sozinho”, ou “Ouvi que ele e o Luan se pegaram forte durante a festa, até ficavam dançando colados”, sinceramente eu não tinha ficado naquela festa nem duas horas direito e já tinha inventado coisas de mim ?  Odeio adolescentes.

Eu estava cogitando falar com a vitória sobre os boatos quando ele entrou, ele estava com um moletom preto que eu nunca havia visto, seus cachos pequenos molhados ainda mostravam que ele devia ter acordado atrasado, ele estava de tênis all star preto e uma calça jeans rasgada,ele estava igual...a mim. Alguém que não quer ser incomodado, apenas sentou em sua mesa, colocou os fone e ficou mexendo no fone sem olhar pra ninguém. Mas é claro que depois disso todo mundo olhava de mim para ele como se julgassem “aconteceu algo aqui” é o que seus olhares diziam, eu odiava ser a curiosidade das pessoas. Ana clara às vezes me olhava com uma cara de poucos amigos e eu não estava entendendo mesmo.

Meu coração ficou quebrado quando imaginei Luan como o novo “eu”, alguém que teve que se fechar por coisas que fizeram com ele.

Estranhamente fiquei acordado em todas as aulas até o intervalo, podia ver os professores me olhando com certa suspeita, mas até respondendo perguntas eu estava. Acho que esse era meu modo de lidar com a tristeza, com positividade. No intervalo Luan praticamente correu para fora da sala e eu não sabia o que fazer, porque meus intervalos eram com ele. Apenas saí da sala e fui comer algo, comprei um chocolate só e me sentei observando as pessoas. Vi Luan sentado com Vitória, Ana e Susana e nesse mesmo momento sinto alguém se sentando ao meu lado. Era Bernardo.

-Oi- foi tudo que eu disse, e voltei meu olhar para o vazio.

-Fazia tempo que eu não te via com essa blusa- Ele diz pegando no capuz que tinha duas orelhas do pikachu para fora- Incrivelmente ainda serve.

-Tá me chamando de gordo?- Eu o olho e vejo que ele está sério.

-Estou te chamando de sedentário, só te vejo comendo besteira e fico preocupado com sua saúde- Ele não estava errado, mas apesar de ser gordinho eu tinha tudo em ordem e falei exatamente isso para ele- Se você diz…

Inexplicável (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora