39.

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Depois que sentamos no tapete da sala, Noah começou a falar, e cada palavra que saia da sua boca conseguia me deixar mais surpresa.

- Pra você entender eu tenho que começar do início. - disse me fazendo assentir. - Quando você foi embora, meu pai pareceu que tinha enlouquecido. Ele começou a monitorar meu celular e sempre que eu saia de casa, ficava no meu pé para saber onde eu estava indo.

Era óbvio que o William fazia aquilo com medo do Noah falar comigo. Ele tinha chegado a me ameaçar, falou que se eu não terminasse com o moreno, ele iria contar tudo para minha mãe.

Fiquei quieta e deixei ele continuar.

- Estranhei porque meu pai sempre me deixou fazer tudo. Ai caiu a ficha que ele sabia sobre nós. - suspirou, como se tivesse cansado. - Deixei passar e fiz o que ele pedia, não queria brigar. Mas ele piorou quando começou a controlar com quem eu falava. Quando a Sofya aparecia lá em casa, ele sempre tentava ficar por perto para saber o que a gente conversava. E se ele não estava, pedia para a Sina ficar de olho. Tudo já estava um inferno, só piorou quando uma garota chamada Zoe se mudou para o condomínio. Meu pai gostou dela de primeira. Sua mãe não ficou muito atrás nisso.

Segurei a mão do Noah sentindo que ele estava desconfortável enquanto contava aquela história.

Ele apertou minha mão aceitando o contato.

- Ela aparecia na mansão e meu pai fazia de tudo para nos deixar sozinhos. Um dia eu não aguentei mais fingir que gostava de sua presença e pedi para ele parar de convidá-la... - deu uma pausa. - Foi aí que ele arrumou um jeito de me controlar.

- E como ele fez? - perguntei.

- Ele te usou para isso. - respondeu, e eu franzi o cenho ficando confusa. - Ele ameaçou contar para a sua mãe que a gente ficava. Ele dizia: "imagina o que a mãe dela vai fazer quando descobrir que vocês dormiam juntos? A relação delas não é muito boa, filho. Isso vai acabar com qualquer proximidade entre elas."

Não conseguia acreditar que o William tinha feito aquilo com o próprio filho.
Eu sabia que ele não aprovava uma relação entre o Noah e eu... mas isso?

- Por causa disso eu comecei a fazer realmente tudo que ele queria. Aceitei sair com a Zoe e depois de um tempo... a gente ficou junto. - contou, e sorriu sem humor. - Eu achei que só ficaria no namoro, mas depois de um tempo meu pai começou a me pressionar para pedir a Zoe em casamento.

Lá estava a história do casamento de novo. Isso significa que minha mãe não tinha mentido?

- Mas eu me neguei. Nunca que pediria ela em casamento. Aquilo já tinha passado dos limites e meu pai já tinha perdido toda razão. - disse. - Eu falei que iria atrás de você e que não me importava mais com as ameaças.

Noah me olhou e ele parecia tão perdido que eu comecei a sentir ódio do William.

- Eu sinto muito, Any. Sua mãe já deve saber tudo a essa hora. Eu não estava aguentando mais.

Me aproximei dele e passei meus braços em volta do seu pescoço sentindo uma necessidade de abraça-lo.

- Ei, tudo bem. - falei, e ele me abraçou de volta me puxando para seu colo. - Eu não me importo. Você não precisava ter se rendido as vontades do seu pai.

Eu não ligava mais se a minha mãe ia ou não descobrir sobre nós dois.

Muita coisa mudou e aquele medo tinha ficado no passado.

- Eu não sabia o que fazer. Ele falava de um jeito que conseguia mexer com a minha cabeça e me fazia ter medo por você. - exclamou. - É por isso que eu preciso voltar, Any. Tenho que conversar com a Zoe e por um ponto final em tudo.

Me afastei para encarar seus olhos.

- E se ele tentar alguma coisa? - perguntei, preocupada.

William não estava pensando direito e suas vontades pareciam mais importantes que os sentimentos do Noah.

- Não vou mais deixar ele me controlar. - disse, como se fosse uma promessa. - Nunca mais.

Passei a mão no seu rosto e dei um beijo carinhoso em seus lábios querendo proteger ele de tudo.

- Eu te amo. - falei, em voz alta o que meu coração estava gritando.

Noah sorriu com um brilho diferente nos olhos.

- Se você me falar isso todos os dias vai ter valido a pena ter aguentado toda merda que meu pai me fez passar.

- Não fala assim, Noah. - pedi. - Seu pai não deveria ter feito o que fez.

Noah colocou a mão no meu pescoço e segurou deixando minha pele arrepiada.

- Eu falei sério quando disse que você não precisava se preocupar com ele.

Era difícil não me preocupar com o William depois de ouvir tudo que o Noah falou.

- Vou tentar. - murmurei, sabendo que não ia conseguir.

Ele aproveitou onde sua mão estava e me puxou para um beijo, mas teve que se afastar quando a campainha tocou.

- A pizza chegou. - ele disse, e levantou quando saí do seu colo. - Já volto.

Continuei sentada e pensando em tudo que tinha escutado.

Será que eu deveria ir com ele? Não queria que ele passasse por aquilo de novo sozinho.

Quando o Noah voltou, ele colocou a pizza em cima da mesinha que tinha no meio da sala e me olhou.

- Quero te mostrar uma coisa. - ele disse, e estendeu novamente sua mão na minha direção.

Peguei sua mão e ele me ajudou a levantar.

- O que é? - perguntei, curiosa.

- Me segue.

Ele andou até o corredor e entrou em um quarto. Fui atrás dele querendo saber do que se tratava.

- Eu quero que você fique aqui enquanto eu estiver fora. - ele falou.

Olhei em volta e vi que o quarto era grande, mas não tinha muita coisa. A cama estava um pouco bagunçada e tinha uma mala encostada no guarda-roupa.

- Por que?

Noah se aproximou e disse perto do meu ouvido como se fosse um segredo:

- Você realmente acha que depois que eu voltar você vai passar mais uma noite longe de mim?

Eu tinha sentido falta daquilo.

Falta do frio na barriga que ele me fazia ter quando chegava perto. Ou quando se inclinava para me beijar.

Eu tinha sentido falta dele.

- Mas você não acha que essa cama é muito grande? - consegui dizer.

Ele me deu um beijo no pescoço e eu coloquei minhas mãos na sua barriga por baixo da blusa.

- E eu vou te foder nela inteira.

Naquele momento, eu me desliguei de tudo e me entreguei a ele com tinha feito muitas vezes.

Não existia o William, nem minha mãe.
Só existia o Noah, e eu...

E nada mais importava.

...

ele é o filho do meu padrasto Onde histórias criam vida. Descubra agora