60.

1.7K 242 97
                                    

Eu estava encarando a rua pela janela do carro quando uma memória surgiu na minha cabeça me fazendo sorrir.

- Você me odiava, né? - perguntei, ainda encarando a janela.

- Como? - Noah perguntou, parecendo confuso.

Virei meu rosto na sua direção para encarar seu rosto.

- Estou falando de quando fui passar um tempo na mansão. - expliquei. - Você me odiava.

Ele, me olhou rapidamente e depois voltou sua atenção para a rua.

- Eu nunca te odiei. - afirmou.

Tinhamos acabado de sair da festa da Diarra e estávamos voltando para casa. Apesar de estar pensativa com a proposta dele de ir para a França, eu não achava a ideia ruim.

Qualquer lugar do mundo com o Noah do meu lado seria bom.

- Fala sério. - eu sorri. - Claro que você  me odiava.

- Por que acha isso? - perguntou.

- Sei lá, deve ser por todas as coisas que você me disse quando estávamos nos conhecendo. - exclamei.

- Eu não estava contente com aquela situação, e você estava bem no meio dela. - contou.

Sua resposta me fez franzir o cenho.

- Você também não gostava do casamento dos nossos pais? - perguntei, surpresa.

- No começo, eu odiei meu pai por ter colocado uma estranha dentro de casa. Eu não conhecia nada da sua mãe e de repente eles estavam casados. - disse.

- Então, era por isso que você me perturbava? - falei. - Sabe quantas vezes eu tive vontade de jogar você da escada?

Ele olhou mais uma vez na minha direção.

- Tão ruim?

- Péssimo. - respondi.

Noah parou o carro e quando olhei pela janela, fiz uma careta.

O trânsito estava horrível.

- Vamos passar a noite aqui. - exclamei, desanimada.

Meu namorado encostou suas costas no banco e suspirou parecendo cansado.

- Você devia me fazer uma massagem enquanto isso. - ele disse, me olhando.

- Pra isso eu teria que sentar no seu colo. - falei, e olhei pela janela quando uma moto passou buzinando.

- Não seria um problema. Você faz isso a noite toda. - ele disse, me fazendo encarar seus olhos.

Ele, parecia relaxado enquanto conversava comigo, e isso me deixou feliz.

Hoje mais cedo, não estávamos muito bem, mas agora, as coisas tinham voltado ao normal.

- Sério isso? - perguntei, e apesar da gente conversar sobre sexo, aquilo me deixou sem graça.

- Vai fazer a massagem ou não? - perguntou, novamente.

- Não. Você não está merecendo. - respondi.

- Por que não? - quis saber.

Sem responder sua pergunta, eu peguei meu celular do bolso da minha blusa de frio quando ele começou a tocar.

Era uma mensagem da Diarra.

"Eu entreguei um presente para o Noah te entregar. Ele te deu?"

Que presente?

A única aniversariante era ela.

- Diarra te entregou alguma coisa? - perguntei, voltando a encarar meu namorado.

Noah andou um pouco com o carro antes de responder.

- Na saída ela me entregou uma sacola. Joguei no banco de trás. - ele contou.

Com isso, eu escrevi uma mensagem para a minha amiga.

"Está com ele. O que é?"

Ela respondeu alguns segundos depois.

"Algo que você vai gostar."

Guardei meu celular e me inclinei para olhar o banco de trás. Depois de ver uma sacola azul, eu estiquei meu braço e peguei ela.

Com a sacola no meu colo, eu abri ela e senti minha pulsação acelerar quando vi o que tinha dentro.

- O que é? - Noah, perguntou, curioso.

Fechei a sacola e voltei a jogar ela no banco de trás.

- Uma lembrancinha por ter ido na festa.

Ele olhou na minha direção como se estivesse me avaliando.

- Está mentindo. - disso, com muita certeza.

- Você não sabe quando estou mentindo. - afirmei.

- Eu sei sim. - falou. - Você não consegue me encarar quando está mentindo.

É, talvez eu não conseguisse mesmo.
Resolvendo deixar esse assunto quieto, passei o resto do caminho em silêncio. Assim que ele estacionou o carro na garagem do prédio, eu tirei o cinto de segurança.

- Gabrielly... - Noah, chamou quando viu que eu ia abrir a porta. - Não quero que se sinta obrigada a ir viajar comigo. A gente pode conversar muito sobre isso ainda.

- Não me sinto obrigada. - exclamei. - Eu só quero ficar ao seu lado, não importa onde seja. - fui sincera.

Ele ficou me encarando por alguns segundos e quando achei que não fosse falar nada, Noah segurou meu pescoço e me puxou na direção dele colocando sua boca na minha. Apesar da surpresa, eu retribuí o beijo e quando ele me puxou para o banco dele, eu senti vontade de rir.

- E a história de esperar chegar até um local mais apropriado? - sussurrei, perto da boca dele.

Ele não respondeu e voltou a me beijar.

Enquanto sua mão direita ainda segurava meu pescoço, e outra desceu e quando foi abrir o botão da minha calça, nós ouvimos outro carro chegando no estacionamento.

O carro não estava perto do nosso, mas o barulho dele foi o bastante para fazer o Noah parar.

Ele encostou sua cabeça no meu ombro e começou a respirar fundo como se estivesse tentando se acalmar.

- A culpa é sua. - ele disse, quase um minuto depois.

- Nem vem. Se eu levar outra bronca daquela mulher que trabalha aqui a culpa vai ser sua. - falei, e voltei a sentar no outro banco.

Eu ainda lembrava da vergonha que foi ser parada por ela porque eu tinha atacado ele nas escadas.

Depois que saímos do carro, nós caminhamos até o elevador, e assim que as portas se fecharam, eu lembrei da sacola que estava o presente que a Diarra me deu.

Olhei para o meu namorado e sorri depois de ter uma certeza.

Aquelas ele não ia conseguir quebrar.

Não mesmo.

...

ele é o filho do meu padrasto Onde histórias criam vida. Descubra agora