21.

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Eu estava com medo.

Morrendo de medo.

Pra falar a verdade, eu sentia medo pelo Noah. Ele poderia se machucar com essa história toda e não seria nada legal.

Quando ele disse que me amava na cozinha eu tinha ficado paralisada. Não saiu nada dos meus lábios e isso me deixou irritada. Fiquei aliviada quando a Sina apareceu na cozinha se desculpando pela demora, ela tinha contado que o mercado estava muito cheio e isso atrasou o almoço.

Quando ela e o Noah começaram a conversar eu aproveitei e corri para o meu quarto.

Não imaginava que os sentimentos do Noah eram tão intensos e profundos.

Era assustador e ao mesmo tempo... bom.

No meio dessa história toda eu tinha certeza de uma coisa: isso não acabaria bem.

Suspirei frustrada e me encostei na parede ao lado do banheiro.
Eu tinha descido para tomar banho e estava a mais de vinte minutos parada no corredor. O que estava me deixando ainda mais agoniada era que meu pai não estava atendendo minhas ligações. Agora eu tenho certeza que algo muito estranho estava acontecendo com ele.

Será que a Julia estava envolvida? Ela sempre está envolvida.

- Você não parece bem. - uma voz rouca comentou.

Me virei e encarei o Noah, o moreno estava se aproximando enquanto me olhava com cuidado.

- Só estou pensativa. - respondi reparando que seus cabelos morenos estavam molhados.

Noah cheirava a sabonete enquanto eu não estava no meu melhor momento. Mas a culpa não era só minha, foi o Noah quem começou a maldita guerra de sorvete. Agora meu corpo estava todo grudento.

- Está pensando no que eu te falei na cozinha? - ele perguntou parando na minha frente.

Observei seus olhos verdes e percebi que ele parecia tenso. Suas sobrancelhas estavam franzidas e ele mordia os lábios a cada segundo.

Joguei a toalha nos meus ombros e sorri, mas tenho certeza que saiu mais como uma careta.

- Você me deixou surpresa - confessei não contando sobre o meu pai. - Eu não esperava.

Ele respirou fundo como se tentasse se controlar.

- Eu não estava mais aguentando guardar isso dentro do peito, Any. Sentia que poderia enlouquecer se eu não compartilhasse com você. - contou ainda mais nervoso.

Coloquei minhas mãos em seu abdômen e apertei aquela região fazendo ele rir.

Eu não gostava de ver o Noah tenso.

Quando ele sorria eu me sentia mais leve.

- Está tudo bem. - falei e passei as mãos em seus braços como se assim eu pudesse deixar ele mais calmo. - E eu também não acho que é a pior coisa do mundo você me amar. Só posso dizer que você tem bom gosto.

Noah colocou sua mão no meu pescoço e inclinou minha cabeça me obrigando a encarar seus olhos verdes. Encostou sua testa na minha me deixando sentir sua respiração.

- Depois eu que sou o convencido. - exclamou e passou a acariciar meu rosto.

Ele me olhava como se eu fosse uma jóia rara que ele cuidaria com todo carinho. Aquilo me destruiu.

- Vou tomar banho. Eu estou um horror enquanto você está todo cheiroso. - fiz uma careta. - Aquele sorvete me deixou grudenta.

Ele sorriu.

ele é o filho do meu padrasto Onde histórias criam vida. Descubra agora