Meu estômago estava doendo desde que Khalifa havia ido embora. Eu deveria me sentir feliz, pois era exatamente o que eu queria, o que eu havia decidido, que não haveria mais nada entre nós. Sentia-me miserável, ao contrário de como meu cérebro mandava eu me sentir. Estava tentando prestar atenção no que Elaila falava sobre o Polo, mas a única imagem que me vinha à cabeça era a cena de quando Khalifa havia deixado a sala sem me olhar.
- Você conhece, Lu? - Ela buscava a minha atenção.
- Hã? O quê? - Eu não fazia ideia sobre o que ela estava falando.
- A empresa de advocacia na qual o Polo trabalha, Santorine&Sartonato.
- Ah...acho que não. - Nesse momento eu não conseguia lembrar nem o nome do meu advogado, lembrava menos ainda do nome das outras firmas.
- É uma das maiores firmas de advocacia de São Paulo. - Elaila ressaltava com orgulho a conquista daquele homem com tatuagens nas mãos.
Perguntei-me se haveria mais tatuagens escondidas embaixo da camisa dele. Eu iria perguntar para a minha amiga em outro momento.
- Eu comecei a pouco tempo, ainda não sou associado. - Polo segurava a mão da Elaila e tentou ser modesto sobre o assunto.
- Mesmo assim parece ótimo estar atuando em uma das maiores firmas de SP. - Elogiei do meu jeito.
- Sim, é ótimo, mas também complicado. Para crescer em uma firma grande, eu tenho que trabalhar duas vezes mais que todos os outros advogados. E é exatamente isso que tenho feito. - Ele parecia um cara legal, sempre gostei de quem não tem medo de trabalho duro.
- Com o tempo todo o esforço valerá a pena.
- Espero que sim. - Ele sorriu para mim e eu sorri de volta.
- Analu, vem jogar comigo. - Luiz me puxou pelo braço e deu um sorriso do tamanho do mundo tentando me convencer - Você está com uma cara estranha, vem, vamos relaxar jogando fifa.
- Amado, eu estava cogitando jogar. Mas Fifa? Não, né? - Falei já rindo. Fazia anos que não jogava videogame e com certeza o meu retorno não seria com jogo de futebol.
- Okay, vamos jogar Mortal Konbat?- Ele deu outro sorriso gigante.
Fui até o sofá e o empurrei com o quadril quando sentei ao seu lado, brincando com ele. Peguei um dos controles nas mãos e me familiarizei com os botões. Estávamos selecionando os nossos avatares, o Luiz tinha escolhido o SubZero, quando ouvimos alguém chegando.
- Que estranho, não convidei mais ninguém para vir aqui hoje. - O Junga se levantou e foi até a janela olhar quem era. - É o Khalifa, será que ele esqueceu alguma coisa? - Ele imediatamente começou a olhar ao redor procurando algum objeto que possa ter sido esquecido.
Segurei minha respiração assim que ouvi o nome dele. Eu sabia que não era por isso que ele havia voltado. Ele voltou pelo mesmo motivo que foi embora, havia algo a ser dito, algo ser terminado. Assim que ele entrou na sala, o Junga perguntou:
- Esqueceu algo, cara?
- Não. - Ele olhou na minha direção. Eu abaixei a cabeça, não conseguiria sustentar o olhar dele. - Eu preciso falar com a Analu.
- Com a Analu? - O Junga achou estranho, senti todos me olharem com a mesma estranheza.
Levantei a cabeça novamente para falar com ele.
- Comigo? - Fingi estar surpresa.
- É... Ahmm... sobre trabalho. - Eu sabia que não era sobre trabalho, meu coração estava a mil.
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Calor Arábico - Inesperado. Sensual. Quente.
RomanceUma mulher forte, independente e determinada. Ela acredita nela mesma, nos seus próprios valores e na força do trabalho. Um homem árabe, sensual, que vive dentro de uma cultura tradicional. Ele é trabalho, mas ela resolve fazê-lo de sobremesa. El...