Nota da autora: Troquei o apelido em árabe da Analu para o alfabeto romano. Antes era جميلة e agora é Jamila.
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Assim que cheguei em meu quarto, fui em direção a um porta que levava a sacada. A vista estava linda naquela noite, a orla estava iluminada e a lua cheia refletia no mar. Eu me sentia exausta depois da viagem que havíamos feito e do encontro com o presidente, tendo o último me deixado com a cervical tensionada. Resolvi aproveitar a companhia da Lua e desfrutar do silêncio que a acompanhava.
Fiquei pensando sobre a promessa de me ver que o Khalifa havia feito, eu precisava ser sincera comigo mesma: ele provavelmente não apareceria. As coisas seriam diferentes enquanto estivéssemos ali, existiam muitos olhos e ouvidos interessados no que ele fazia e falava e, assim como ele, eu precisaria ficar atenta. A minha consciência mandava eu me afastar dele, mas todo o resto do meu corpo o desejava.
De certa forma, aquele homem me deixava intrigada e curiosa. Ele era diferente de todos que eu já havia provado. A atração que eu estava sentindo ia além da estética, eu me sentia atraída pelo tom da voz dele, pela forma que ele se expressava durante as nossas conversas e, principalmente, pelo respeito que ele demonstrava a família dele. Já fazia um tempo que eu não sabia o que era ter família, mas acredito que um homem que se preze deve respeitar e amar a sua.
Voltei para o quarto e me joguei na cama ainda de roupa, passei a observar os detalhes daquele lugar. A suíte possuía uma decoração com dourado e madeira e alguns tons de bege, parecia que o povo emiradense gostava mesmo dessas cores. Apesar da paleta escolhida, o ambiente era bem decorado e confortável, havia uma sala de estar com mesa de café da manhã, um quarto e um banheiro. Não seria nenhum sacrifício passar uns dias naquele local. A dúvida se o Khalifa apareceria reinava em minha mente, trazendo-me desconforto e ansiedade. Analu, pare com isso! Onde já se viu uma mulher como você sentir ansiedade? Fui tomar meu banho para tentar esquecer que, talvez, aquele moreno com sorriso encantador poderia aparecer na minha porta a qualquer momento.
Sai de roupão do banheiro, ainda com os cabelos molhados, pois achei que tivesse ouvido um barulho. Fui até a porta principal e olhei através do olho mágico, havia um homem de boné preto e roupas da mesma cor olhando para baixo. Senti uma palpitação no peito, meus pelos do braço se eriçaram e as borboletas começaram uma festa na minha barriga. Mesmo sem ver seu rosto, eu sabia que era ele, abri a porta para recebê-lo. Ele ergueu apenas um pouco o rosto, a fim de que nossos olhos se encontrassem e, naquele momento, eu soube que aquele homem queria o mesmo que eu. Abri espaço para que ele entrasse e fechei a porta atrás de mim.
Khalifa retirou o boné e passou os dedos pelo seus cabelos tentando arrumá-los. Eu queria que fossem os meus dedos passando ali. Aproximei-me dele e fiz exatamente o que desejava: ajudei-o a ajeitar as madeixas. Estávamos muito próximos, sua respiração me alcançava e seus olhos estavam fixos nos meus. Sem que nada fosse dito, ele me abraçou, puxando-me para mais perto, e beijou os meus lábios. Desci minha mão do cabelo dele até a sua nuca, mantendo-o preso a mim. Senti um gosto de menta enquanto sua língua dançava junto a minha. Aquele não era um beijo casto ou delicado, havia desejo e promessas que eu não sabia se queria ouvir. Ele afastou suas boca da minha, mantendo nossas testas unidas e disse:
- Oi, jamila. - Seu tom de voz era baixo e íntimo.
- Oi. - Sorri para aquele homem que me tirava o ar. - Você veio. - Eu queria falar sobre o medo que senti dele não aparecer, mas não toquei no assunto.
- Eu disse que vinha. - Novamente fui beijada, dessa vez forma mais singela.
Passei uma das minhas mãos sobre sua barba perfeitamente desenhada, ele inclinou seu rosto sob a minha palma, apreciando o carinho que recebia. Tudo estava mais fácil, nós dois queríamos a mesma coisa. Nossas almas ansiavam por se encontrar de forma íntima e profunda. Cada átomo do meu corpo queria ser tocado por ele. Sua fragrância de madeira com especiarias me atingiu, despertando o que havia de primitivo dentro de mim.
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Calor Arábico - Inesperado. Sensual. Quente.
RomanceUma mulher forte, independente e determinada. Ela acredita nela mesma, nos seus próprios valores e na força do trabalho. Um homem árabe, sensual, que vive dentro de uma cultura tradicional. Ele é trabalho, mas ela resolve fazê-lo de sobremesa. El...