Capítulo 12

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Eu olhava pela janela, mas não havia muito a ser visto, a noite e o trajeto não me ajudavam a conhecer a cidade de Abu Dhabi. Havia algum coqueiros com suas folhagens balançando, conseguia perceber uma vegetação ao fundo, mas sem conseguir identificar quais plantas estavam lá.

Novamente, eu estava naquela situação desconfortável, com um homem dirigindo um carro, que não era meu, para mim. Ele não falava nada, seus olhos não cruzaram com os meus nenhuma vez. O único som era de uma música em árabe que tocava baixinho. Aquela melodia era constante, eu não sabia dizer se era sempre a mesma música ou se estava mudando, soava como uma canção religiosa. Pensei em perguntar, mas o motorista não parecia muito simpático.Se o Khalifa estivesse ali, eu poderia ter perguntado a ele, porém, estávamos todos em carros separados. Segundo ele, aquela era uma medida de segurança que o pai dele estava aplicando.

Aliás, eu me sentia preocupada com o encontro que teríamos com o Emir, pois havia imaginado que conheceríamos ele em outra ocasião e que seria agendado de modo formal. Olhei para as minhas roupas: calça jeans e camiseta, de modo algum essas peças seriam a minha escolha para conhecer o Presidente dos Emirados Árabes Unidos. No entanto, não eram minhas roupas o que mais me preocupava, e sim a forma como a Nádia não olhou em meus olhos e nem dirigiu a palavra a mim quando me despedi.

O Jeep começou a desacelerar, estávamos chegando. Saímos da estrada e acessamos a área do palácio. Ainda distante, comecei a ver as linhas da construção iluminadas por lâmpadas amarelas, destacando a sua beleza e tamanho. Consegui ver outros veículos iguais ao meu se aproximarem, possivelmente eram os meus amigos. Paramos em frente a entrada principal e, antes mesmo de ser autorizada, eu já estava fora do carro. Havia um imenso arco contracurvado, típico da arquitetura árabe, que nos recepcionada. Percebi que, apesar da luzes amarelas, o palácio era branco e eu me sentia muito pequena perto daquela construção. Tentei me afastar para poder ver melhor a arquitetura do local, mas fui impedida pelo motorista.

Os outros carros estacionaram próximos ao que me trouxe e logo meu amigos vieram ao meu encontro. Todos olhavam ao redor, impressionados com o local. A Elaila chegou a tropeçar em seus próprios pés enquanto admirava o palácio.

- Lu, olha esse lugar! - O Luiz estava do meu lado tão maravilhado quanto eu.

- Sim, é incrível. - Olhei para ele concordando com o que havia dito.

- Gente, o Khalifa mora aqui? - A Elaila estava maravilhada com a obra de arte que estava em nossa frente.

- Sim e não. - Ouvi a resposta dele vindo de trás da gente. - Onde está o Junga?

Olhamos ao redor procurando pelo jogador, ele não estava em lugar algum. Agora o Khalifa fazia a mesma pergunta aos homens que nos trouxeram até aquele lugar.

- O senhor Junga ainda está no carro.

Percebi que o Khalifa franziu a testa com a resposta recebida, mas antes de se manifestar o homem continuou:

- Irei chamá-lo, senhor. - Fez uma pequena reverência com a cabeça em direção ao Khalifa.

- Me explica essa história de morar e não morar aqui. - A Elaila pediu ao Khalifa.

Ele a olhou e por um segundo parecia que iria ignorar o que ela havia perguntado, mas relaxou o rosto e respondeu a nossa amiga:

- Essa é a residência oficial da minha família, mas temos outras. Divido meu tempo entre elas. - Ele explicou de forma rápida.

- Vocês acreditam que eu dormi no caminho até aqui? - A voz do Junga chegou antes dele.

- Meu Deus, Junga! Foram apenas vinte e cinco minutos de trajeto. - O Luiz estava surpreso com a capacidade de dormir do amigo.

Calor Arábico - Inesperado. Sensual. Quente.Onde histórias criam vida. Descubra agora