Stay A While

Make It Right

   —Por que não contou a ele de uma vez o motivo de ter ido embora? – Jiang Cheng perguntou, após Wuxian contar sobre o breve encontro que teve com WangJi.

   —Porque se eu contar ele vai querer agir e meu plano vai por água abaixo. – Wuxian respondeu, colocando as mãos nos bolsos do casaco. – Ele me deu duas semanas para fazer o que eu tenho que fazer e explicar o que aconteceu.

   —Caramba, queria ter essa paciência.

   —Eu também queria que você tivesse.

   Mal havia fechado a boca quando Jiang Cheng atingiu sua cabeça com um tapa.

   —Isso é agressão policial. – Wuxian reclamou, levando a mão até o local. – Vou te denunciar.

   —Denuncie. – Jiang Cheng deu de ombros e ergueu a mão como se fosse bater nele novamente, fazendo-o automaticamente levantar as mãos para se defender. – Nenhuma lei vai me impedir de te dar uma surra.

   —Rabugento. – O médico resmungou, abraçando o mais novo de lado ao ver que estava prestes a apanhar de novo. – Então, para onde você está me levando, didi?

   Jiang Cheng havia ligado para ele pouco tempo depois de seu encontro com WangJi e pedido para que o encontrasse em frente à delegacia, porém não havia dito nada sobre onde pretendia levá-lo ou o que iriam fazer. Wuxian apenas passou vinte minutos diretos seguindo seu irmão, enquanto contava as novidades.

   —Para cá.

   Wuxian se soltou, dando uma bela analisada na casa em que estavam em frente. Tinha dois andares e era muito bonita, mas ele não tinha a menor ideia de quem poderia morar ali.

   —Que lugar é este? – Perguntou, franzindo o cenho ao ver Jiang Cheng passar pelo portão sem nem chamar pelo dono.

   O mais novo não respondeu e continuou andando até a porta da casa com Wuxian em seu encalço, o enchendo de perguntas. Sua confusão aumentou ainda mais ao ver Jiang Cheng pegando uma chave em seu bolso e adentrando a casa.

   —Você mora aqui?

   —Por que a surpresa? – Perguntou o policial, voltando a trancar a porta após os dois entrarem.

   —Você não parece ser o tipo de pessoa que cuidaria de todas aquelas flores lá fora.

   —Eu não cuido. – Jiang Cheng o segurou pelos ombros, obrigando-o a se virar. – Ela cuida.

   Quando Wuxian se virou deu de cara com uma mulher de cabelos curtos e expressão gentil o encarando com as mãos na cintura. Ela era Jiang Yanli, sua irmã mais velha e o único motivo pelo qual não havia surtado no período em que morou com os Jiang. Yanli sempre foi seu porto seguro, a pessoa para quem sempre ligava quando se sentia mal e para quem sempre corria quando estava encrencado. Também era uma das pessoas que havia feito com que ele se arrependesse no momento em que pisou em Xangai, ela era a última que ele queria ter deixado para trás.

   —Jie!

   Wuxian acelerou os passos até Yanli, que o esperava de braços abertos e praticamente pulou em seus braços. O médico a girou no ar, fazendo-a gargalhar enquanto se agarrava mais forte a ele. Fazia séculos que não sentia aquela segurança que Yanli transmitia quando estavam juntos.

   —Eu senti tanto sua falta. – Murmurou entre o abraço, sentindo seus olhos arderem.

   —Também senti sua falta. – Yanli o apertou um pouco mais forte. – Fiquei tão preocupada com você.

   —Me desculpe. – Wuxian pediu, limpando uma lágrima que havia escorrido por sua bochecha assim que se soltaram. – Eu queria ter dito para vocês onde eu fui, mas fiquei com medo.

   —Está tudo bem. – Yanli tranquilizou, segurando seu rosto entre as mãos. – O importante é que agora você está aqui e está bem. – Em seguida, desviou o olhar para Jiang Cheng e sorriu. – Vamos, fiz o prato favorito de vocês dois.

   Wuxian e Jiang Cheng trocaram alguns olhares, antes do mais novo sair em disparada em direção a cozinha com o médico correndo atrás de si.

   —Jiang Cheng, eu sou o mais velho! Tenho que comer primeiro! – Wuxian gritou, puxando a irmã pela mão enquanto corria atrás dele.

   —Esta é a minha casa e esta regra não vale aqui. – Mostrou a língua, já com a concha para pegar a sopa em mãos.

   —Jie, olha ele!

   Yanli apenas riu, enquanto Wuxian rodeava a mesa para tomar a concha da mão do mais novo. Nada era tão disputado entre os dois como a sopa de raiz de lótus e costelas de sua irmã. Wuxian se sentia como se houvesse voltado no tempo e mal se lembrava de quando fora a última vez que havia se sentido bem daquele jeito. Seus irmãos sempre foram e sempre seriam sua maior força, talvez realmente precisasse de um tempo com eles para recuperar as energias para enfrentar o que estava por vir.