Capítulo 31 - Tragédia

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P.O.V's Adryan Connor (Point Of View's Adryan Connor)

Acordei de manhã com o sol batendo em meu rosto. Estava brilhando muito.
Levantei e fui direto olhar meu notebook. Blossom havia respondido com: Assim que eu montar uma estratégia, nós vamos acabar com o Hospital Psiquiátrico Willians. Sorri com aquilo e continuei meu dia, feliz.
Mas não conseguia parar de pensar em Megan, e no que ela fez. Eu estava começando a gostar dela, mas agora... Acho que Cistine não queria que eu visse e pelo jeito tentou apagar as gravações, já que algumas partes estavam cortadas. Eram bem poucas, mas estavam.
No caminho pro trabalho passei em uma padaria e comprei alguns bolinhos de canela, os quais eu amava. Muffins de Canela, eram os meus favoritos. O engraçado é que  parece que todos os Willians tem alergia à canela. Eu poderia envenenar Harry ou James com isso. Ri com meu pensamento.

Chegando ao hospital, comi um muffin enquanto caminhava até a minha sala. No meio do corredor, James me esperava com uma cara meio preocupada.

- Oh! Graças a Deus! São bolinhos? - James arrancou a sacola de bolinhos que estavam na minha mão - Ótimo! - o moreno me puxou pelo braço me levando até o quarto do Shumi -

- O que está acontecendo?! - indaguei completamente confuso e com o apetite tirado de mim -

- O idiota encarregado da comida do Shukaku esqueceu de comprar mantimentos bons, o infeliz comprou coisas vencidas. Agora, só tem isso pra dar pra ele. - James parou em frente ao quarto dele e me entregou os bolinhos novamente - Se vire. - antes que eu pudesse contestar, o moreno saiu correndo até sumir da minha vista -

- Ah, ótimo. - entrei no quarto e vi Shumi. O coitadinho estava chorando de fome. Quando me viu, veio até mim e abraçou a minha perna - Tá com fome? Aqui, pega um bolinho - sorri e peguei um bolinho da sacola, peguei um pequeno pedaço para ele não se engasgar e coloquei na boca dele, que implorava por comida. -

Ele comeu e sorriu. Peguei mais um pedaço e continuei até ele rejeitar. Como Shumi não tinha comido muito, estranhei. O garoto começou a ficar roxo e tossir muito, então eu me lembrei: todos os Willians, sem excessão, tem alergia a canela. Parece uma maldição.
Corri procurar uma garrafa d'água, mas não achei. Em pânico, comecei a espremer o menino, tentando fazer com que cuspisse o que já havia comido. Mas não adiantou. Enfiei a mão na garganta dele e puxei o que consegui, até sangue eu tirei. Tudo o que eu senti depois, foi o corpinho do coitado ficando mole e frio.
Me sentei no chão e olhei para o teto, com os olhos lacrimejando.

- Santo Deus! O que eu fiz?! Eu sou um monstro! - Comecei a soluçar e chorar, minha vista estava embaçada e a voz embargada, tudo parecia distorcido. -

Apaguei por alguns minutos e quando recobrei a consciência, vi que nada havia mudado. Só eu e Shumi no quarto dele. Apenas um de nós estava vivo e, infelizmente, não era ele. Encarei seu corpinho no chão e comecei a rir. De loucura, de desespero, eu não sei.

O fitei. Ele não era lá muito bonito ou fofo, era só um bebê feio e nojentinho. Era uma aberração que um dia, se tornaria o Henry. Acho que, no final isso foi bom. Imagine se eu finalmente conseguisse derrubar esse lugar e este infeliz crescesse e reconstruísse o império infernal dos Willians?! Ah, acho que entendo um pouco a Megan agora.

Peguei o corpo do chão e me levantei. Fui até a antiga sala da Lorraine e achei algumas maquiagens dela lá. Usei para fazer o meu melhor com Shukaku. Pelo menos o tom de pele ficou parecendo mais vivo. Admito que minhas habilidades artísticas não são as melhores, mas da pra acreditar que ele está vivo.
Coloquei o corpo do pequeno no berço e limpei tudo com muito cuidado. Apaguei as luzes e sai daquele quarto. Em breve, o cheiro de decomposição iria invadir o quarto, e eu não queria ficar ali pra ver. Ou melhor, sentir.

- Ah, desculpe! - James esbarrou em mim, logo quando sai do quarto do Shumi - Ele comeu? - o moreno me perguntou sorrindo -

- Não. Acho que ele não gosta de muffins - cocei a nuca, pensando em uma desculpa - Achei um pouco de leite no meu frigobar e preparei uma mamadeira pra ele. Agora, ele está dormindo como um anjinho. - sorri -

- Ah, sério? Que ótimo! Melhor não o incomodar, então. Eu já vou indo, continue com seu ótimo trabalho, doutor Connor! - James me lançou um sorriso e saiu correndo, como sempre. -

- Como ele é fácil de enganar - ri -

Andei até a cafeteria e peguei um café preto bem forte com a Kim. Voltei ao meu escritório e finalmente pude degustar dos meus deliciosos muffins de canela. Eles tem um sabor de matar!

Ah, aposto que está se perguntando o por quê ninguém pegou comida para o Shumi na cafeteria. Acontece que, a comida comprada para os pacientes é muito inferior a que o Shumi costuma comer, e os Willians são muito chatos com a dieta deles. Pois bem, uma teimosia mortal.

Fiquei pensando em quando descobrirem sobre o que eu fiz. Na verdade, eu não sei o que fazer. Posso mentir que ele morreu sufocado enquanto dormia, ou que não comer direito havia feito ele morrer.
Acho que qualquer coisa serve. Afinal, Henry Willians nem queria esse filho e o James... Ah o James. Mais fácil de enganar do que... Bem eu não sei. - ri com meu pensamento - Acho que, de qualquer jeito ninguém vai ligar. Por aqui é normal as pessoas morrerem e serem descartadas, sem nem ter um enterro digno. E também, todos esquecem os mortos com o tempo. Alguns levam meses, outros, apenas alguns minutos para serem esquecidos para sempre.
O triste é que eu gostava do Shumi, tadinho dele. Mas isso foi como matar Hitler quando criança, de qualquer jeito, quando crescesse ele iria se tornar mal.
Seres humanos não nascem maus, eles se tornam, influenciados por outros seres humanos.
E com uma família como essa, com certeza o destino dele já estava traçado.

The Madhouse (O Hospício)Onde histórias criam vida. Descubra agora