É... Não me contaram.
Minha cara ficou como um tacho. Não sei o que me fazia ficar pior nesse maldito lugar: As mentiras que me contam, essas torturas e merdas que acontecem aqui, o fato da minha mãe ter me largado nesse inferno e simplesmente ido embora... Eu ser sozinha e não ter literalmente ninguém que realmente se importa comigo...
Meu estômago embrulhou, mesmo eu só tendo comido uma maçã nas últimas horas. Pisquei meus olhos várias vezes sentindo uma vertigem e comecei a caminhar sem rumo.
Eu definitivamente não estou bem mas, não sei descrever o que sinto. É uma mistura de aflição e curiosidade... Tristeza e raiva... Dor e angústia.
Meus pés se cruzavam e eu não conseguia andar direito. Minha visão estava ficando cada vez mais embaçada e estava ficando difícil enxergar. Mesmo vendo tudo estranho e não podendo reconhecer as formas direito, eu vi pessoas. Algumas meninas, eu acho. Elas caminhavam e davam risadas estridentes que me davam dor de cabeça. Me apoiei na parede e parei por alguns segundos mas, não me senti melhor. As vozes distorcidas e as figuras embaçadas das pessoas chegavam cada vez mais perto.- Olha só quem é - uma voz deu risada. Me parecia familiar mas meu cérebro não estava bem então não consegui assimilar com ninguém - Dessa vez, o seu querido amigo smurf não está aqui para te ajudar - não sei a expressão dela mas, me lembrei quem era a dona da voz. Amanda. -
- M-e ajuda - balbuciei fraca com minhas forças quase se esvaindo -
- Não querida. - Ouvi mais e mais risadas e em seguida senti um soco no meu rosto. Não doeu tanto mas acho que foi forte porque depois disso eu apaguei.
Quebra de tempo
Acordei no meu quarto com uma enorme dor de cabeça. Não me lembrava de muita coisa, só que em uma hora eu estava no jardim procurando a Cistine e minutos depois eu apaguei.
Meu corpo todo doía e meus ouvidos estavam zumbindo. Cada movimento que eu fazia, ouvia meu corpo estralar ou fazer algum barulho definitivamente não bom.
Olhei ao meu redor o máximo que podia (estava limitada por conta das dores) e só vi o meu quarto. Quando meus olhos chegaram na esquerda parecia um braço com um jaleco branco por cima mas não consegui ver nada além disso.
Me deitei novamente e encarei o quebra-cabeça no meu teto ainda com a visão um pouco embaçada. Meu corpo todo estava doendo e não era uma sensação nada boa. Resolvi fechar os olhos e dormir um pouco.P.O.V's Doutor Connor, há algum tempo atrás
Cistine era minha paciente então fui até o quarto dela verificar porque ela não tinha ido a minha sala no horário dela.
Quando cheguei no corredor ouvi umas meninas rindo e gritando algo como "alguém tá vindo, corre". Apertei o passo e fui o mais rápido possível mas só deu tempo de ver as costas das três meninas desaparecem no corredor. Olhei para o chão e lá estava Megan. Estirada no chão cheia de machucados e inconsciente. A coitada tinha tomado uma surra tão ruim que desmaiou.
A peguei no colo e a levei para a enfermaria onde cuidaram dos seus machucados. As enfermeiras me explicaram o que era pra fazer certinho e eu levei Megan no meu colo até seu quarto. Destranquei a porta com minha chave reserva e coloquei ela na cama. Fechei a porta e fiquei observando o quarto dela.
Havia algo novo aqui que eu não tinha percebido. Um quebra-cabeça pendurado no teto.
Não quem deu ou como conseguiu pendurar mas era muito bonito. Talvez Robert tivesse dado? Nah, ele só dá canetas. Em todos esses meu dois anos e meio aqui, nunca vi ele dar uma coisa tão grande e provavelmente cara) para um paciente, tão pouco uma novata.
Ri comigo mesmo e fiquei ali por um tempo esperando Megan acordar.Quebra de Tempo...
Megan acordou e ficou mexendo a cabeça, provavelmente olhando ao redor. Tentei pedir se ela estava bem mas ela não respondia. Devia estar com surdez temporária ou tonta demais para escutar.
A garota ficou mexendo a cabeça por alguns segundos e depois a encostou novamente no travesseiro e fechou os olhos.
Tive medo de que ela estaria instável mas sua respiração estava só um pouco acelerada e seu pulso estava bom.Resolvi deixar que Megan descansasse já que eu tinha outros pacientes para tratar. Fui até a mesa dela e encontrei uma caneta roxa com alguns brilhinhos muito bonita. Sorri e peguei a caneta, começando a escrever.
Desculpe por não poder ficar com você até você acordar, Megan.
Infelizmente eu tenho outros pacientes e tenho que dar atenção para eles também.
Caso não se lembre do que aconteceu, eu te achei no chão de um corredor. Você estava toda machucada e umas meninas saíram correndo assim que me viram. Não sei ao certo o que aconteceu mas acho que você tomou uma surra. Depois que se lembrar você terá que me contar tudo o que houve mas por agora é melhor descansar.
Qualquer coisa você pode apertar o botão cinza do lado da sua cama.
Não precisa ir à sala de exames hoje a noite, está liberada.
Qualquer dúvida é só me chamar.Ass: Adryan
Deixei o "bilhete" em cima da mesa e peguei um rolo de fita adesiva que sempre levo comigo (pode acreditar, é bem útil). Tirei um pedaço com a boca mesmo e coloquei metade do pedaço que tinha tirado na carta e me levantei indo até a cama de Megan e colei a carta na parede onde estaria bem visível.
Guardei a minha fita e fiquei a observando por algum tempo. Era uma menina tão jovem e bonita. Quem acreditaria que ela matou o próprio pai? Acho que mais cedo ou mais tarde eu terei que contar a ela sobre sua doença... Mas não quero fazer isso agora. Vou deixá-la se acostumar com o lugar por um tempo.
É triste saber que ela provavelmente nunca vai sair daqui. Esse lugar é horrível. E o pior é que até mesmo eu, Doutor, estou preso nesse inferno.
Minha demissão pode custar minha vida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Madhouse (O Hospício)
Misteri / ThrillerMegan Whells, uma garota doce e inocente, está sendo internada pela sua própria mãe em um hospício longe de sua casa. "Por que? Por que mamãe? Eu fiz algo de errado? Eu juro que vou fazer todos os deveres! Por favor, me tire daqui!" O que terá acon...