AUD 820 - Eu Fui Fraco

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A Espada de Dois Gumes na mão de Le Chang caiu, pois a Aura que ela emanou foi tão poderosa e suprema, que a Energia Dourada nas mãos de Le Chang foi erradicada.

Nunca isso havia acontecido, quando ele usava a Energia Dourada, para atacar ou defender, ela se dispersava, mas, jamais, se destruía.

No entanto, aquela Arma, apenas a sua presença, foi capaz de destruir a Energia mais poderosa de todo o Vácuo Eterno.

Claro, era uma quantidade ínfima de Energia Dourada.

A Energia Dourada é como um homem adulto pisando em uma formiga, contudo, e se todas as formigas do mundo se juntassem para derrotar uma célula desse homem? Elas obviamente venceriam e foi o que ocorreu.

A Energia Dourada era suprema, mas sua quantidade era ínfima e a Aura da Espada era grande demais.

Contudo, não deixava de ser algo surpreendente, afinal, uma Arma capaz de ferir o Fim não era algo comum.

Le Chang sentiu sua mão dormente pelo impacto da Aura, mas sua mente não teve muito tempo para fixar-se em sua mão, já que a sua frente, o cadáver do idoso, que deveria há muito tempo ter sido consumido pelo tempo, começou a levantar-se e sua Aura crescia a cada segundo.

O jovem não conseguia mover-se, era como se ele fosse uma criança com uma montanha em suas costas.

Ele olhava em total perplexidade para aquele poder aterrorizante a sua frente e a sensação de que ali seria o dia em que morreria permeou todo o seu coração.

Os olhos daquele cadáver brilhavam em um tom escuro, tão negro quanto as profundezas esquecidas da Criação.

Ele era o monstro que os monstros temiam, o pesadelo dos pesadelos, o maligno entre o maligno.

Ele era a Encarnação do Ódio, apenas a sua Aura era mais do que suficiente para matar um cultivador abaixo do Dao dos Imortais.

Le Chang pode entender que ele não tinha a menor chance de vitória, nem perto disso, se o idoso desejasse, poderia esmagar o jovem com um estalar de dedos.

Aquele poder era acima de qualquer coisa que Le Chang já havia presenciado.

Ele lembrou-se de quando viu Le Ya, filha de Le Mei e Xiong Long, bem como Le Mia, irmã da jovem, e ele sentiu um poder avassalador vindo delas.

Contudo, esse poder era bom, trazia a sensação de proteção, justiça e carinho, mas, ali na sua frente, o poder que ele sentia era algo quase igual ao das jovens e totalmente maligno.

Aquilo era assustador, Le Chang percebeu que, no momento, aquele poder era algo inalcançável para ele.

Não tinha como ele derrotar tamanho terror.

Nem com a Energia Dourada, nem queimando sua Existência, nem usando o poder de Le Mei e Xiong Long, não era possível, aquilo ali era forte e maligno demais para ser derrotado.

Le Chang caiu de joelhos no chão, suas mãos penderam ao lado de seu corpo e tremiam.

Lágrimas escorreram de seus olhos e seu queixo tremia de forma chorosa.

Ele podia sentir a cada segundo que passava que a sensação de morte aumentava exponencialmente.

A Centelha Divina da Morte vibrava dentro de sua alma, como se estivesse regozijando-se por finalmente ceifar a vida de Le Chang.

Não apenas isso, seu Núcleo de Qi começou a trincar e em pouco tempo uma quantidade imensa de Energia Yin começou a brotar através do seu Nervo Espiritual.

Aquela Energia Yin era perfeitamente pura, mas, devido ao medo, terror e angústia de Le Chang, ela rapidamente se tornava impura e aquilo era o prelúdio do nascimento de um Demônio Interno, quando a Alma de alguém é tragada pelo medo, ódio ou remorso, e então sua mente se desfaz e sua sanidade se esvai, dando lugar apenas ao puro instinto de destruição e caos.

Um sorriso assustador brotou no rosto daquele cadáver e ele com alguma dificuldade de locomoção, devido aos seus membros deformados e articulações rígidas, começou a descer a pequena escadaria do Trono e chegou até a frente de Le Chang.

Seu braço, que era praticamente apenas osso, se estendeu e sua mão esquelética aproximou-se do pescoço de Le Chang, erguendo o jovem no ar.

O cadáver trouxe Le Chang para perto de sua face, como se quisesse olhar mais de perto para sua presa e admirar o momento em que os olhos do jovem perderiam o brilho da vida.

"V... Vida... C... Cente... Centelha D... Divina... Divina... da M... Morte..." As palavras saiam pouco a pouco da boca do idoso, como se ele tentasse aprender a falar novamente.

"H... Herança?..." Um brilho de surpresa apareceu naqueles olhos malignos e seu sorriso cresceu ainda mais.

A sua Aura era tão poderosa, que Le Chang sentia sua consciência lentamente se esvaindo, como se ele estivesse a um passo de desmaiar de puro medo.

O cadáver levou sua outra mão até Le Chang e o seu dedo indicador tocou entre as sobrancelhas do jovem, quando o fez, Le Chang abriu os olhos abruptamente e sentiu sua Alma queimando.

Seu Nervo Espiritual atingiu uma temperatura tão alta que o cérebro começou a cauterizar internamente.

Seu Núcleo de Qi foi coberto de rachaduras e o jovem estava a um passo de perder seu cultivo.

Suas forças estavam completamente seladas, ele nem tentava, pois, sabia que era inútil.

E para a sua surpresa, lentamente ele sentiu seu Castelo Espiritual tremendo e algo parecia agarrar-se ao seu Castelo, não querendo ser retirado.

Esse alguém era Gao Yao.

O Cadáver Vivo do Primeiro Deus Dragão do Caos, estava arrancando a força a essência de Gao Yao que havia dentro de Le Chang ou melhor, a Essência do Deus Dragão do Caos que havia na Alma do jovem.

Le Chang urrava de dor conforme sua alma era rasgada pedaço a pedaço para que a Herança de Gao Yao pudesse ser tirada dele.

Isso era algo assustadoramente doloroso, não apenas isso, mas era algo considerado impossível.

Muitos seres malignos tentaram encontrar formas de tirar a Herança de alguém, mas jamais conseguiram.

E então, pouco a pouco, Le Chang sentiu suas forças se esvaindo, sua vida caia drasticamente e ele podia perceber a conexão com Gao Yao ficando cada segundo mais e mais fraca.

Era como se ele tentasse gritar para Gao Yao e este para ele, mas a distância entre eles aumentava rapidamente e o som de suas vozes se perdia no caminho entre eles.

A Aura do Cadáver Idoso se fortalecia a cada segundo e Le Chang estava quase desistindo.

Uma lágrima especial caiu por seus olhos, como se ele estivesse pedindo perdão a suas esposas, aos seus filhos, a sua mãe, aos seus amigos, aos seus familiares e também a própria Criação.

Era como se ele dissesse com o que restasse de sua mente: "Me perdoem, eu fui fraco..."

E seus olhos lentamente começaram a fechar-se, para jamais abrirem-se novamente.

Ascensão de um Deus (AUD) 5Onde histórias criam vida. Descubra agora