Ascensão de um Deus (AUD) 5

AUD 845 - Apenas Aceitem

Os quatro perceberam que o Rio da Vida tinha uma profundidade de dez metros, no entanto, após essa distância, não havia chão e sim um precipício de noventa metros.

O Rio da Vida cobria uma imensa fissura, como se fosse o teto de um grande corredor.

Além disso, os paredões de pedra não eram irregulares, mas sim lapidados.

Haviam desenhos de batalhas, de animais e de armas.

No fundo daquele precipício, havia um chão feito com pequenas pedras multicoloridas, todas encaixadas perfeitamente, formando lindos mosaicos e desenhos com riquezas de detalhes, retratando os mais diversos acontecimentos.

Le Chang olhou para trás e viu que aquele corredor se estendia sob todo o Rio da Vida.

Le Nuan, Le Shuren e Smuk Blóm estavam parados, olhando para todos os lados, sem entender nada do que viam.

Smuk Blóm estava em sua forma completa com a sua herança trazendo o máximo de sua força.

Ela sentia que a cada instante se corpo ficava cada vez mais poderoso, bem como suas reservas de Energia cresciam a uma taxa exponencial, de tal forma que ela sentia seus Canais de Qi vibrando e ardendo de tanta Energia da Vida que passava por eles.

Le Nuan e Le Shuren deram um passo para trás, já que a cada segundo o poder de Smuk Blóm tornava-se mais e mais opressor.

Le Chang era o único que estava tranquilo, ele olhava aos arredores como se estivesse dando um passeio matinal.

Apenas os outros três estavam pasmos.

Porém, o fator mais surpreendente, era que eles haviam sobrevivido ao pularem no Rio da Vida.

Eles não entenderam porque seguiram Le Chang, era como se uma fé inabalável surgisse em seus corações no último segundo, mas só agora eles pararam para pensar nisso direito.

"... C... Como conseguimos passar?..." Perguntou Le Nuan para Le Chang.

A jovem estava muito curiosa.

"Eu criei uma Barreira ao redor de vocês. Ela funciona basicamente como um Portal Espacial, sendo assim, quando vocês pularam dentro do Rio, a Energia da Vida passou por esse Portal..." – Le Chang.

"Como assim?..." – Le Shuren.

"Se a Energia da Vida atingir as costas de vocês, ela sairá pelo tórax, mas, sem realmente atingir seus corpos. É como imaginar duas portas, por uma se entra e por outra se sai..." – Le Chang.

"Não sabia que era possível fazer isso com um Fluxo Energético, quem dirá um Ilimitado. Eu pensei que o Tecido Espacial não suportaria o poder deles..." Le Nuan disse um pouco pensativa.

"E não é, a Barreira fazia a conexão entre os dois pontos através do Mundo Espiritual, além disso, lá eu coloquei outra barreira, para proteger suas Almas, mas essa funciona desviando a Energia da Vida. Eu fiz assim porque se eu tentasse me opor ao poder do Fluxo Energético, a barreira seria destruída em segundos, mas, dessa forma, eu uso o poder dele contra ele mesmo..." Le Chang fez uma cara como se tentasse buscar palavras melhores para se expressar.

No fim, ensinar não era a melhor de suas qualidades.

Le Nuan e Le Shuren olharam para Smuk Blóm e os olhos da jovem praticamente falavam: "Apenas aceitem..."

Eles se entreolharam e riram em derrota.

Quem diria que o Clã Le teria alguém tão singular em seu meio?

"Le Chang, preciso ficar com a Herança ativada a todo momento?..." – Smuk Blóm.

"Sim, apesar de aquele grandão ser o único Fluxo Energético Ilimitado por aqui, nós estamos cercados por centenas de Limitados..." Ele estalou seus dedos e imediatamente todos perceberam que estavam andando entre centenas de centenas de pequenos Fluxos Energéticos Limitados, alguns tão finos quanto fios de cabelo, outros grossos como dedões.

Eles eram todos de Energia da Vida e era possível ver que eles se ramificavam do Rio da Vida acima da cabeça de todos ali.

"C... Certo..." – Smuk Blóm.

Smuk Blóm e o casal de irmãos não perguntaram como a primeira era capaz de adentrar o Rio da Vida sem uma barreira, já que isso era bem óbvio.

Sua Herança a permitia resistir ao impacto descomunal de um Fluxo Energético Ilimitado de Energia da Vida, mas, apenas desse tipo de Energia, qualquer outro e ela seria pulverizada instantaneamente.

"Bom, vamos indo..." Le Chang falou tirando todos de seus devaneios.

Ele rapidamente liderou o grupo e começou a andar.

Durante o caminho ele olhava para todos os lados e perguntava-se onde estavam.

Le Fa criou esse recinto? Que estranho, isso parecia tão diferente do que ela fazia e de sua personalidade.

Esse local parecia muito mais antigo do que Le Fa, quase como se estivesse estado ali desde sempre.

No entanto, aquele Legado Supremo foi criado por ela, sendo assim, qual a explicação para tal sentimento?

Le Chang continuou andando e perguntando-se o que era aquele local.

E então, após algumas horas de caminhada, eles viram no horizonte um grande portão.

Ele era dourado, feito de Ouro Celestial Maciço.

O Portão tinha oitenta metros de altura, as duas portas que o compunham, eram todas decoradas com dezenas de imagens, das mais variadas, desde batalhas, até técnicas de alquimia e afins.

Não apenas isso, no topo delas, no umbral, havia um imenso Dragão Dourado, feito com o mesmo material do Portão.

Além disso, tanto o portão como a estátua do Dragão eram repletos de formações em seu interior, elevando a sua defesa para um novo nível.

Le Chang podia perceber que aquelas formações defensivas estavam em um nível igual, talvez até superior as defesas do Cofre da Vida.

Ele olhava para todos os lados em busca de algo e então percebeu um detalhe.

A Fechadura do Portão tinha o formato de uma Espada e era uma Espada que ele já conhecia.

Le Chang moveu sua mão e a Espada da Criação apareceu instantaneamente.

Le Nuan, Le Shuren e Smuk Blóm deram um pulo para trás, já que a Aura daquela espada era mortal.

A sorte deles era que Le Chang a estava segurando e estava contendo boa parte do poder da arma, do contrário, eles seriam bem mais afetados do que apenas um susto.

Le Chang pegou a espada e levou até o Portão, encaixando-a no local com o seu formato.

Basicamente, na parte de baixo, havia uma estátua de um ser humanoide, ele foi feito em alto-relevo, vestia uma armadura de batalha e tinha uma espada com a ponta no chão, apesar de essa última parte ser afundada, como se estivesse aguardando o momento que novamente receberia sua Arma.

Quando Le Chang colocou a Arma, o Portão lentamente se abriu, e conforme o fazia, os três ali presentes podiam ver o que havia do outro lado e não eram capazes de segurar seus queixos que tentavam ir até o chão.

A visão à frente de todos era surpreendente.