capítulo 4.

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If I could only be the boat that leads her to the sea, but lonely is her favourite place to be - HOLLOW, BELLE MT

J O S H

Los Angeles, CA, 5:30am

Eu sempre detestei exercícios ao ar livre e sempre preferi a praticidade das academias, como aquilo era importante, pois eu também trabalhava com a minha imagem, era algo que eu precisava fazer com certa frequência, mas antes de entrar nesse mundo, eu gostava de tirar sarro da obsessão de alguns caras e agora sentia orgulho de ver os calos em minhas mãos. No entanto, Kaia não dava a mínima para o que eu preferia e aquela madrugada ela me acordou para irmos caminhar, como costumava fazer todos os dias com Cooper. Exceto que daquela vez o deixamos em casa.

O Runyon Canyon Park era mais famoso por servir de background para posts no instagram de turistas do que um local público para fazer trilhas e exercícios. Particularmente não era o meu lugar favorito na cidade, algumas pessoas iam ali somente para esbarrar com algumas celebridades, e desde que me tornei uma delas, aquilo também servia para mim. Sem contar que era extremamente difícil encontrar um lugar para estacionar, então paramos em uma pequena rua e seguimos a pé até a entrada do parque.

Kaia abraçava o corpo para se proteger do frio matinal, ela usava uma legging cinza e um moletom cropped amarelo. Seus cabelos estavam mais curtos que duas semanas atrás, depois de uma ida ao salão e eu só percebi isso agora.

— Então, como tem sido? — Ela perguntou sem me encarar, com os olhos fixados no caminho. A voz rouca e aveludada um pouco receosa denunciando sua insegurança ingênua.

— O que?

A garota deu um sorrisinho irônico quando viu minha expressão de desentendido. Embora eu soubesse do que aquilo se tratava, não via motivos para Kaia trazer isso à tona, não era o melhor assunto para preencher o silêncio.

— Trabalhar com ela — Esclareceu.

Depois de ultrapassarmos a entrada, escolhemos seguir pela trilha mais fácil, sem muitos desafios, ela seguia reta até o mirante.

— Por que a pergunta?

Ela suspirou, talvez estivesse cansada de pisar em ovos quando se tratava daquele assunto. Eu não poderia culpá-la, eu estava cansado também.

— É só uma pergunta, se você não se sente à vontade em responder, tudo bem, mas acho que é normal sentir curiosidade sobre o namorado estar atuando com a ex, especialmente pelo tipo de cena que vocês devem fazer, especialmente pelo tipo de pessoa que ela é.

Kaia ainda via Any como um monstro, e isso era culpa minha, acho que a pintei de um jeito muito pior, Any não era só "péssimas escolhas e um rosto bonito", ou talvez fosse.

— Tem sido normal...Como deve ser.

Resposta errada, vazia e mal elaborada. Eu podia ter feito melhor, não queria passar a impressão que estava falando menos do que eu realmente sentia.

— Como deve ser... — Ela repetiu.

— O que você quer que eu diga?

Kaia deu de ombros, arrependida de ter começado aquela conversa. Não era um tópico proibido, nunca foi, mas também não havia necessidade de desenterrar o passado.

— Não é que eu esteja insegura, ou qualquer coisa do tipo, mas lembro o jeito que ela deixou você e me pergunto se ela ainda te causa alguma coisa, não sei, talvez desconforto?

"O jeito que ela me deixou". Tinha duas vias de sentidos diferentes, eu que deixei Any, eu que pedi para darmos um tempo no nosso relacionamento e posteriormente terminei, mas não antes de ir até a sua casa me sentindo o maior idiota do século por ter desistido de nós tão rápido. Eu estava determinado a fazer tudo funcionar, a ceder o quanto fosse necessário para tê-la de volta. E então, Any me deixou, completamente destruído, de tantos jeitos diferente que cheguei a questionar como isso era possível. Aquela noite no apartamento de Krystian eu vi a verdadeira Any, em meio a lágrimas e soluços, eu quis ficar e lhe abraçar mesmo quando deveria ser o contrário.

Behind The Scenes | BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora