Behind The Scenes | Beauany

capítulo 16. (parte 1)

I wanna trust me, the way that you trust me - POV, ARIANA GRANDE

A N Y

Los Angeles, CA, 02:00am

— Você leu suas linhas?

— O que você acha? — Estapeio o braço de Lamar que está forçadamente sério me encarando.

Paramos outra vez, Mia corre até mim com o gloss já aberto e o aplica delicadamente em meus lábios, ela para um pouco e segura meu rosto com as duas mãos para analisar o que mais precisa ser retocado.

Eu acabei de errar uma fala, pela terceira vez. Não estou distraída, apenas cansada e eu sei as falas, eu li o script pela manhã e algumas horas antes de começarmos a gravar, mas quando chega naquele ponto, minha cabeça dá um branco total e o diretor é obrigado a interromper e perguntar qual é o meu problema. Eventualmente eu acabo lembrando a maldita fala um pouco tarde demais. Lamar está rindo da minha cara agora, são duas da manhã e eu agradeço seu bom humor. Se fosse ao contrário eu já teria lhe arrancado os cabelos. 

São os últimos dias no set, eu acordo toda manhã disposta para concluir o cronograma e finalizar aqueles quatro meses que se passaram despercebidos. Já foram liberados alguns teasers e extras dos bastidores para o público, a dose perfeita para anteceder a estreia. É quando começa o processo de divulgação em todos os cantos. Hoje mesmo gravamos alguns vídeos para o canal da Netflix US, UK e BR, no youtube e amanhã temos uma sessão de fotos com todo o elenco para o lançamento do pôster oficial da terceira temporada. A festa de estreia acontece daqui exatamente uma semana  e nem de longe eu imaginei que sobreviveria aqueles meses e sairia intacta no final, como planejei durante o voo de New York até Los Angeles em meio ao desespero de rever Josh, eu poderia rir agora, da minha ingenuidade ao cogitar a hipótese de conseguir me manter longe dele, de ignorá-lo e agir friamente. 

Eu deveria saber que ele ainda era tudo o que eu um dia perdi.

Posso dizer que somos amigos agora, por mais estranho e feio que essa palavra soe tão de repente quando aplico à ele. Mas não existe outro termo mais agradável, esse é o problema e isso é novo para mim, provavelmente temporário também. Sei que não seremos amigos por muito tempo e que depois disso só existem outras duas possibilidades.

Não dizemos isso em voz alta, mas todo mundo já notou uma aproximação entre nós e eles nos olham como se estivéssemos prestes a quebrar e deve ser por isso que ninguém fala nada, com receio de que uma única frase possa estragar tudo. Então paramos de falar sobre nós no geral, porque chegamos a conclusão que já falamos demais.

Almoçamos juntos hoje, ontem e antes de ontem também, descobrimos um novo restaurante em downtown, é indiano e fica em uma rua sem saída, é tão pequeno que passa despercebido em meio aos outros estabelecimentos. A comida é ótima e isso foi uma boa surpresa, saímos de lá orgulhosos de termos encontrado um esconderijo para fugir do radar dos fotógrafos e prometemos não contar sobre aquele lugar para mais ninguém.

Fazíamos bastante isso, encontrar um lugar exclusivo e chamar de nosso. 

— Vai conseguir dessa vez? — Morris perguntou apertando meu nariz para conseguir me irritar. 

— Ajuda se você não ficar me olhando e esperando que eu esqueça de novo.

Ele descansou as mãos na cintura e soltou um suspiro cansado, apesar de não ser proposital ou ter algo a ver com o meu erro, o oposto disso, ele estava tentando me animar. Cenas noturnas são um pesadelo, especialmente quando envolvem uma grande produção. Parece que nunca vai acabar, tem sempre um outro take ou um detalhe que precisa ser corrigido. Tivemos que regravar quase uma cena inteira porque durante o intervalo eu perdi o brinco que fazia parte do figurino e quando voltei ninguém havia notado e continuamos até alguém apontar a falha.