Lack of control

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Hey!
Como estão vocês?

Estou de volta com a visão da Adorinha, e já digo que haverá a presença ilustre e muito fofa do doguinho dela.

Não sei de devo pôr aviso, mas nunca de sabe: crise de TEPT, e "tentativa" de suicídio.
(Não faço apologia nenhuma à suicídio! Se estiver com problemas, busque por ajuda!)

Haverá trecho de música (em inglês) que transmite bastante dos sentimentos da Dorinha.

Beleza,
Eu vos apresento, o capítulo IV.
Boa Leitura e cuidado com a saúde mental!

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Adora arrastava a carcaça despedaçada pelos cantos do apartamento até o corredor, e por mais que a vontade de afundar na cama e não sair de lá nunca mais fosse incapaz de ser medida, ela precisava seguir a programação.

Ela precisava provar para ela mesma que, mesmo desejando desaparecer para sempre, ainda existia aquela faísca de persistência e teimosia.

Precisava de uma razão para não tentar se matar uma segunda vez.

Passou pelo quarto, adentrando o cômodo para seguir de acordo com o cronograma do dia:
*Acordar e tomar um café da manhã, já foram realizados;
*Usar a desculpa de só mais um dia, também;
*Tomar um banho gelado e vestir trajes quentes e longos – independentemente do clima ameno de primavera;
*Passar o dia encarando o grande nada enquanto buscava por algo para ocupar a cabeça – agora que não podia trabalhar;
*Terminar o dia, ir para a cama, tentar dormir até a manhã seguinte.

Às vezes ela queria que essa lista fosse um desafio mais simples de cumprir diariamente.

Entrou na ducha gelada. Banhos congelantes sempre a mantinham com os pés, ou melhor, o pé, no chão, dentro da realidade maçante e repetitiva, para evitar se perder dentro da zona de guerra, da prisão deturpada, do labirinto nebuloso que era a própria mente.

Adora lutava todos os dias contra ela mesma, e às vezes perdia e se rendia.

Ela já perdera o controle várias e várias vezes, mas render-se, foi apenas uma vez.

Quando apertou o gatilho da própria Glock G19 dentro da boca.

A arma agora estava num compartimento secreto na casa de campo em Thaymor, onde se localizava o estúdio de fotografia da loira. Era melhor manter o máximo de distância, era seguro e preservava a sanidade tênue e instável.

Buscou no closet uma camisa branca, um conjunto moletom de casaco vermelho e calça cinza e um tênis-meia vermelho e branco para o pé e prótese – um uniforme comum do dia a dia.

Encarando a cama após se vestir, ela encontra Swind. O golden retriever de pelagem dourada puxado para o laranja permanecia deitado sobre o colchão da cama em posição de espera, aguardando a companheira humana resolver se levantar para começar seus serviços de suporte emocional e guarda-costas da ex-tenente.

Adora tenta lançar um pequeno sorriso ao companheiro canino, mas falha, ficando frustrada.

Só que Swind era capaz de compreender e sabia que a humana estava doente, afundada numa tristeza e num trauma de grande escala que a estilhaçara em milhões de pedaços. Por isso, a função dele de suporte emocional era tentar juntas os pedacinhos que conseguia, era cuidar de Adora.

Swind era empático, compreensivo, inteligente até demais para um ser não-pensante. Mesmo tendo o adotado num impulso para combater a solidão corrosiva, Adora sabia que escolhera certo em tê-lo.

Ele a ajudava a não perder o controle com tanta frequência.

Com mais um item da lista monótona cumprida, ela força a estrutura novamente robusta e musculosa de um andar torto e desengonçado, a caminhar para fora do quarto apoiando parte do corpo sobre a muleta, enquanto Swind a guiava para a sala em direção ao sofá.

Our Promise (quarentined) {catradora}Where stories live. Discover now