𝐁𝐄𝐘𝐎𝐍𝐃 𝐈𝐍𝐅𝐈𝐍𝐈𝐓𝐄 ² | 𝙱𝚎𝚕𝚕𝚊𝚛𝚔𝚎

t w e n t y

Bellamy e Clarke foram dormir aquela noite em parte confusos, um mais que o outro, e também com certo alívio interno.

Dividiriam a cama da cabine premium pela última vez, pelo menos com a mesma segurança e paz que tinham ali. Poderiam até usar aquele tempo restante para aproveitar de outra forma...mas Bellamy não estava no clima.

Tentava parecer bem pra ela mas as lacunas interrogativas em sua mente sobre o evento no início da noite e a sua descoberta, o deixara tenso demais pra se recuperar em tão poucas horas.

Aquilo levaria tempo.

Não se para um sangramento tão rápido assim, especialmente um no coração.

Independente do que alguma parte do seu cérebro o fazia pensar, o Bellamy de agora amava Clarke por inteiro. Ele repetia isso pra si enquanto enterrava o nariz no pescoço dela que ja ressonava em seus braços.

Ela era seu lar. Se nada no mundo o fez sentir merecedor da vida, ela o fazia. Valia a pena uma vida amando e sendo amado por Clarke Griffin. E ainda que não fosse dentro da Elysium-Eligius, para ele não era importante o local que passaria o resto de suas vidas. Contanto que estivessem juntos.

Além das emoções ruins trazidas de volta a sua consciência, ele tinha visto algo assim que acordou, mas contar aquilo pra Clarke resultaria em acabar contando o que de fato ocorrera naquela noite, e ele não queria voltar a esse assunto.

Torcia até pra que sumisse da mente dela, como uma esquisitice sem importância e ela esquece pra sempre.

Perdido em pensamentos rendeu-se ao sono sem perceber, no entanto, ambos acordaram simultaneamente no fatidico dia seguinte, mais cedo que o previsto. E por mais lamentável que fosse acordar pra voltar a dormir como os outros na crio, não era pior do que a surpresa que os esperavam a seguir.

O que os despertou naquela 'manhã' foi o cheiro de fumaça acompanhado por um apito de alarme ensurdecedor, os alertando - a suposta tripulação - de que algo muito errado acontecia no presente momento.

Eles correm com certa pressa na direção na qual a fumaça preta saia e logo descobrem que sua origem vinha da sala de engenharia - ou o que restara dela.

O inferno em cinzas dentro de um compartimento espacial, se era possível descrever o que viam.

Não chegaram a se deparar com o fogo em sua forma viva, visto que a tecnologia I.A da corporação Eligius - por completo, não somente para a parte Elysium - fora projetada com estratégias preventivas de inteligência artificial, intrínseca a todos e quaisquer indicios de emergência.

Mas naquele caso, não houve muito o que prevenir ou salvar. O que restara da sala eram lascas de ferramentas chamuscadas e o odor forte da mistura de óleo, fumaça, metal, papel...tudo o que ali se concentrava anteriormente.

A névoa de gás instaurou-se entre as tentativas de respiração limpa deles, resultando em tosse seca e olhos lacrimejantes. Estavam afetados demais pelo incidente para uma reação de imediato.

Mas o que podiam fazer?
Não restara nada.

É provavel que os solavancos que a nave sofreu enquanto passava tão perto do eclipse milenar, tenha gerado falhas na estrutura física da espaçonave.

Algum tipo de toxina tinha afetado eles dois, então como poderiam garantir que também não afetou a nave em si?

Bellamy não se certificou de verificar danos físicos depois que recobrou a consciência - não houve tempo e nem tinha cabeça pra isso. Não via a hora de voltar pra segurança da crio e acordar com todos os outros.