Dejavu.
Isso que Bellamy pensou quando viu o líquido amniótico escorrer pelas pernas de Clarke, indicando que a bolsa d'água tinha estourado e ela entraria em trabalho de parto nos minutos seguintes.
Assim como aquele dia, centenas de anos atrás quando entrou em seu alojamento depois de passar o dia correndo entre os corredores da arca, e se deparar com sua mãe agachada ao lado da sua cama prestes a dar a luz e se esforçando ao máximo pra não emitir um som sequer.
Diferente de Clarke que gritou alto quando a primeira contração foi sentida, e o rosto dela afastava qualquer presença de controle que ambos tanto repassaram consigo durante os meses anteriores, para como reagir na hora x.
Ele prometeu que ficaria calmo, afinal seria a segunda vez pra ele, de presenciar o nascimento de um bebê. No entanto, sua mãe tivera a primeira experiência com ele, então sabia mais ou menos como lidar com Octavia. Eles não.
Para uma criança, Bellamy soube lidar muito bem em cuidar da sua irmã, quase uma bonequinha, mas tinha coisas que não podia fazer, e não era como ser pai. O mesmo grau de responsabilidade no caso dele em específico talvez, porém muito mais assustador.
E pra Clarke? O olhar desesperado no semblante dela direcionado a ele quando percebeu o que estava acontecendo, ja dizia tudo. Ambos não estavam prontos. Mas tinham que estar. Não existia outra opção naquela altura. O neném ia ter que sair. Eles só esperavam sobreviver ao processo. Sim, os dois.
A primeira coisa que Clarke pensou foi que não ia conseguir. A dor daquele espasmo inicial a fizera ter um tipo de certeza de que não estava preparada, talvez nunca estivesse até de fato passar pelo momento. Era como uma tortura porque intercalava entre redução e contorção, então quando ela achava que podia respirar normalmente e que tudo ficaria bem, o sofrimento vinha em dobro cada vez mais forte.
Bellamy não estava muito diferente dela, embora não sentisse dor física alguma, seu rosto se fechava em uma inquietude evidente. Ela nada podia fazer, não sabia nem como se manter acordada, ainda que isso era a única coisa que ouvia claramente ele pedir. "Por favor, continue acordada".
Ele se posiciona atrás dela, que em pé antes se arrastava de um lado pro outro, e agaixa devagar com ela mantendo o equilíbrio dela todo em si. Definivamente não seria igual ao parto de Octavia, mas ele pesquisara no laboratório médico e tinha varias sugestões de quais posições aliviava as dores da mulher e o que seria melhor para como o bebê ia sair.
Uma colcha grossa ja estava no chão embaixo deles pro caso do bebê escorregar e não se machucar, naquela altura ja encharcada de líquido e sangue.
Clarke suava tanto quanto berrava, as dobras dos seus dedos ja estavam vermelhas e suas unhas marcavam a pele da mão do Bellamy, entrelaçadas desde que sentiu os primeiros sinais de que o neném estava vindo. Ele não reclamou nem se desvencilhou, apenas continuou a encorajando, ora beijando seu cabelo suado ora descansando a cabeça testa a testa.
Para ela parecia que o tempo nunca passava e aquilo tinha durado uma eternidade mas poucas horas depois da primeira contração, o neném deles deslizou pra fora dela. Um pacotinho branquinho e encolhido, mas seu tamanho destoava da potência do seu choro. Uma menina.
Eles riram em meio as lagrimas, Clarke recuperando o fôlego e a respiração no tempo em que botava o neném nos braços sob o seio. Bellamy abraçou as duas e se deixou chorar também enquanto as embalava.
Clarke desmaiou de cansaço pouco depois. Precisava descansar ou não teria forças pra segurar a filha logo mais. Ele a recostou com cuidado na parede atrás de si e pegou a criança, cortando o umbigo e enrolando-a em um lençol.
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𝐁𝐄𝐘𝐎𝐍𝐃 𝐈𝐍𝐅𝐈𝐍𝐈𝐓𝐄 ² | 𝙱𝚎𝚕𝚕𝚊𝚛𝚔𝚎
FanfictionHISTORIA CONCLUIDA ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀❝Amor não é fraqueza. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀Amar você é o que me faz forte. ❞⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ 𝗡𝗔 𝗤𝗨𝗔𝗟: Bellamy e Clarke achavam que nada no mundo os separariam de novo - fisica ou emocionalmente - não depois d...