A vida noturna não é tão louca como quando o reencontrei naquele dia de fuga. Os lugares que passei com ele parecem uma vaga e distante memória. É já faz um tempo.
Estou no telhado do pub que costumava sempre estar lotado e hoje mal continha alguns poucos clientes quietos. Com um whisky queimando minha garganta e sentindo o ar frio bater em meu rosto eu divaguei. Está escuro, sem movimentação alguma por perto, quase como se estivesse em uma cidade fantasma e não uma capital. Em um domingo as coisas deveriam ser mais agitadas, mas havia uma nova serie de crimes ocorrendo por aqui, os trouxas temiam por sua segurança e isso diminuiu o ritmo do comércio. Nada se parece como costumava ser, até o velho bar se encontra fechado com uma placa dizendo não ter uma data para voltar a funcionar.
Dói perceber que tudo sem ele se torna monocromático pela falta daquele ardor e vivacidade que ele sempre trouxe consigo É tudo apenas cinza. Até mesmo meu suéter grifinório parecia perder o tom vivo de vermelho naquela penumbra. O usava para tentar melhorar, o espirito da casa já não era capaz de me animar.
Andar até aqui deveria me fazer sentir melhor, tudo que fiz para isso de certa forma trás um reconforto, mas a falta ainda é maior.
Fazem exatos um ano que começamos a nos conhecer pela segunda vez na vida, tudo era tão incrível como um filme e surreal.
É comum que relacionamentos esfriem, como ocorreu, se é que ainda posso denominar isso de relacionamento após seu desaparecimento súbito. Prefiro acreditar que sou forte e independente, mas sua ausência me afeta profundamente. Fico bastante emotivo ao pensar o quanto completar um ano com ele é significativo para mim, e que para ele, provavelmente — com uma certeza que não pode ser verbalizada — não representa nada memorável.
Desejo vê-lo, e isso me domina dia e noite. Esperei pacientemente por dias a fio, mas agora, atingindo o ápice do martírio, não posso mais repetir. Sob o efeito do álcool, murmuro um encantamento de camuflagem e me teleporto para o ministério sem pensar.
°•
Logo à frente está o seu escritório; como cheguei aqui, não tenho certeza, mas permaneço imóvel, apenas observando a porta. Meus pés me levaram através das bifurcações de cada corredor até encontrar o setor dele. Lembro vagamente dele mencionar que trabalhava na área jurídica administrativa, mas sabia onde procurar. Quando percebi, já estava no corredor correto. Imagino abrir a porta de várias formas, ponderando como cada ação poderia provocar diferentes reações nele, cada uma com sua própria nuance de futilidade.
Seu nome, em letras metálicas fixadas na madeira, refletia o vazio atrás de mim. Ainda sob o encanto, eu não conseguia me enxergar; era intimidador encarar aquelas letras ali. Ouvi passos no corredor, e a porta se abriu com braços longos que me puxando para dentro, e eu segui. Era quente, o abraço que me esmagou continuou firme após algum tempo, os cabelos que roçavam meu nariz me traziam o cheiro familiar de segurança inconsciente. Era Hermione.
Ela me soltou e tampou meus lábios fechando a porta, tinha desfeito meu feitiço no momento que entramos na sala para logo refazer em nós dois juntos, me puxou para a parede perto da porta no momento que ela se abriu. Eu fiquei alarmado, mas seu olhar se encontrou com o meu, seus lábios se movimentando sem som "não fale nada, só escute".
Draco entrou suspirando profundamente, trajando um terno impecável e com o cabelo mais curto do que na última vez que o vi, sem nenhum fio fora do lugar. Apesar de sua elegância, ele exibia sinais de cansaço extremo. Ele havia sido sincero quanto à intensidade de seu trabalho. Eu estava prestes a segui-lo quando Hermione me deteve, gesto que foi seguido pela entrada de outra pessoa. O som das solas dos sapatos ecoava a cada passo. O homem segurava com firmeza uma bengala de prata com a mão enluvada, seu cabelo loiro quase branco preso em um rabo de cavalo baixo, e seus olhos perspicazes inspecionavam o escritório de Draco. Era Lucius Malfoy.
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𝙰𝙶𝙾𝚁𝙰 𝙼𝙰𝙸𝚂 𝚅𝙴𝙻𝙷𝙾𝚂 - 𝐃𝐫𝐚𝐫𝐫𝐲
Fanfiction[EM ANDAMENTO] Harry se sentia sufocado, perdido e desesperado não importava o que fosse feito esses sentimentos ruins não o deixavam em paz. Em uma noite tediosa ele decidiu se aventurar na londres trouxa na esperança de que uma boa bebida resolve...