He doesn't remember

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Pov Noah

Noite de Halloween...

Josh está completamente bêbado no meu colo e eu não sei o que fazer. Não sei porque ele bebeu tanto assim, ele não é de fazer isso. Coloco ele no carro, com a janela aberta caso ele queira vomitar novamente. 

Ver ele tão indefeso como agora, me aperta o coração. Eu não sei se tenho sentimentos por Josh além da amizade ou não, não sei se é carência minha, não sei se é porque ele é bonito e andamos o tempo todo juntos, e se tudo isso tá afetando no que eu tô sentindo. Mas eu sei que cada vez que eu vejo ele, meu coração acelera um pouco e tem algo no meu estômago. Será que são as tão famosas borboletas?

Vocês devem pensar “nossa você passou a noite toda beijando um cara e agora tá falando de sentimentos”, na verdade eu fiquei com outro cara sim, até porque sou solteiro e queria tentar apagar isso que eu tô sentindo por ele, mas não foi a noite toda. Em certo momento eu comecei a me sentir mal sobre a questão do Josh e esse cara ficou me consolando, ele até foi comigo no banheiro porque era menos barulho pra gente conversar e eu precisava molhar o rosto para tirar o inchaço do choro. O quão patético eu sou? Eu chorei no meio de uma festa e o carinha que eu tava ficando teve que me consolar! O cara, que eu nem sei o nome, foi super compreensível e me deu diversos conselhos.

É, eu tô na merda! Acho que tô apaixonado pelo meu amigo e companheiro de viagem.

Chegamos no hotel e eu tenho certa dificuldade para tirar Josh do carro. Ele não tá totalmente apagado, pois resmunga algumas coisas. Levo ele até o quarto dele, pois vou ter que dar banho nele, provavelmente gelado.

— Ai, tá gelado! — reclama quando ligo o chuveiro, só assim para a bebedeira passar.

— Por que você bebeu tanto, hein? — pergunto.

— Porque é melhor beber do que ver você ficar com outras pessoas. — fala, mas parece não se dar por conta. Foi isso que eu ouvi? Ele gosta de mim?

— Do que você está falando, Josh? — pergunto, enquanto o enrolo numa toalha, desligando o chuveiro em seguida.

— Não se faça de bobo, Noah! Você já deve ter percebido que eu gosto de você. E me dá raiva que eu fico de escanteio, sempre na friendzone. Por que isso tá acontecendo comigo, cara? — volta a chorar.

— Não chora, por favor! — tento enxugar as lágrimas dele, mas ele empurra a minha mão.

— Para de fazer isso comigo, Noah! Para de me tratar bem e me fazer ter falsas esperanças com algo que não vai acontecer. Eu odeio estar apaixonado por você, odeio! — fala quase gritando e tudo ao meu redor para. Ele está apaixonado por mim também, ele gosta de mim!

Eu não penso direito no amanhã, então só beijo ele. Mesmo bêbado ele beija muito bem, e a língua dele é ágil, mas eu não quero apressar as coisas, então faço ficar mais suave.

— Você me beijou mesmo? — pergunta, me olhando admirado — Não foi outro sonho?

— Não... Josh, eu também gosto de você, eu também estou apaixonado por você!

— Eu... — ele fica confuso, mas volta a me beijar. É um beijo rápido, que logo é finalizado com selinhos.

— Você precisa descansar agora, dormir! — puxo ele pela mão e o levo até a cama.

— Você vai dormir comigo, né? — pergunta, enquanto tenta colocar um pijama, falhando miseravelmente por ainda estar bêbado. Eu vou até ele para ajudar — Por favor! — pede olhando nos meus olhos. Claro que não vou negar o pedido dele.

— Eu faço o que você quiser... — respondo, tirando a minha fantasia e colocando um pijama dele. Nos deitamos e eu fico acariciando o rosto dele, até ele pegar no sono. Eu ainda não consigo acreditar que é tudo recíproco.

Logo eu pego no sono também. 

(...) 

– Noah, acorda! Eu preciso saber o que aconteceu ontem! — Josh me cutuca.

— Hum... — bocejo e me espreguiço — Bom dia, Joshy!

— Bom dia! — ele está tão mais bonito hoje! Os olhos azuis dele ficam mais bonitos a essas horas. Que sorte a minha poder admirá-los agora! — Eu tô com fome, busca algo para mim, por favor! — faço tudo que ele pedir.

— Só porque eu sou um ótimo amigo eu vou.  — não quero mais ser só isso! Inclusive é algo que precisamos conversar. — Depois precisamos conversar. — falo quando estou na porta e ele olha para mim meio assustado. Saio para buscar o café para ele.

Ao voltar para o quarto, o sorriso dele se abre. Ele devora a torrada que eu trouxe, realmente estava com fome. A ressaca tem dessas.

— O que aconteceu ontem a noite? Por que você dormiu aqui? — pergunta. Meu sorriso se desmancha. Ele não lembra?

— Até que parte você lembra? — olho para ele esperançoso

— Até a parte que eu dormi na calçada... — responde e eu sinto vontade de chorar — Eu falei alguma besteira? 

— Ah... Não. — não, só falou que estava apaixonado por mim, me beijou e agora não lembra. Ou finge que não lembra — Eu te trouxe aqui pro quarto, te dei banho gelado, você reclamou, vomitou mais um pouco e depois insistiu muito para eu dormir aqui.

— Só isso? — pergunta e eu confirmo a mentira — Bom, pelo menos não falei nenhuma merda, né?! — ri, fazendo uma careta em seguida. Ele deve estar com dor de cabeça, coitado!

— Eu acho que eu tenho algum remédio no meu quarto para dor de cabeça. — falo me levantando da cama, mas ele segura minha mão me impedindo. Eu senti um choque e a noite de ontem veio toda na minha cabeça, fico um tempo olhando para nossas mãos juntas, querendo que o dia de hoje não tivesse chego. Ou que ele não tivesse esquecido. 

— Na minha mala, naquele estojo, tem remédios! — aponta para a mala dele no canto do quarto, vou até ela, alcançando remédio para ele — Obrigado! Por ter me cuidado ontem a noite e por me cuidar agora de manhã.

— Amigos são para isso! — falo, fingindo um sorriso.

— Eu vi cogumelos? — pergunta de repente, isso me faz sorrir novamente. Um sorriso verdadeiro, porque ele é tão precioso.

— Aparentemente sim. 

— Cara! Eu devia estar muito doidão. — ri. A risada dele é tão linda.

Eu passo o dia com ele, me certificando que ele esteja bem e torcendo para ele lembrar, mas ele não parece lembrar em nenhum momento. Talvez ele não tenha gostado ou tenha se arrependido e pode estar fingindo. Só sei que eu sinto vontade de chorar o tempo todo que estou com ele.

Ready to RunOnde histórias criam vida. Descubra agora