Ready to Run

Batman and Robin are too cliché for friends

Os dias passaram... Noah e eu estamos cada vez mais próximos, mas não como eu gostaria. É, já aceitei que estou gostando de Noah. Porém, somos só amigos!

Estamos no estado de Indiana e amanhã é Halloween, então saímos para procurar fantasias para nós.

— Não! Batman é muito clichê! — falo para Noah que me mostrava essa fantasia.

— Mas daí poderíamos ser uma dupla. Eu o Batman e você o Robin.

— Por que eu sou o Robin dessa amizade? Agora que eu não quero mesmo. 

— Tá, então o que você sugere? — pergunta, apoiando o braço no meu ombro. Não gosto quando ele chega tão perto assim, porque meu coração acelera demais. Tenho medo que ele acabe percebendo. Que raiva! — Joshy, eu tô falando com você! — estala os dedos na frente do meu rosto. É, ele me chama de Joshy, e eu como sou boiolinha, deixei e acho fofo.

— Sei lá, cara! Deixa eu procurar aqui. — me afasto dele, para o bem da minha sanidade, e vou procurar fantasias que possam ser usadas em dupla.

Ele se senta numa cadeira que tem ali, mexendo no celular, enquanto eu continuo na minha missão.

— Você gosta de Mário? — pergunto.

— Aquele que te comeu atrás do armário? — faz aquele trocadilho horrível que todos conhecem. Só mando o dedo do meio para ele — Eu jogava bastante SuperMario.

— Tá, então vai ser isso! — mostro para ele o par de fantasias.

— Quero ser o Mário! — ele fala rápido.

— Não, você sempre é o melhor personagem. Deixa eu ser o Mário!

— Pedra, papel e tesoura para decidir? — pergunta e eu concordo, só assim para não brigarmos. No fim eu ganho e fico com a fantasia do Mario, e ele do Luigi. Ele fica com uma cara emburrada, fofa, com biquinho e tudo mais.

— Noah, pensa pelo lado bom... Verde vai realçar seus olhos! — falo para tentar animá-lo. Ele olha para mim, diretamente para os meus olhos.

— Você gosta da cor dos meus olhos? — engulo em seco perante a pergunta dele. Eu sinto que ele descobriu todos os meus segredos nesse momento. 

— É! É bonito! — respondo rápido, pensando em algo para mudar de assunto logo — Então, vamos levar essas, né!? Vou para o caixa alugar!

— Deixa que eu pago a minha. — nego — Ah não, Josh! Deixa eu pagar! — ele insiste tanto que eu acabo cedendo.

Saímos da loja, com as roupas em uma sacola e procurando um lugar para comer. Já era tarde e estávamos com fome, ainda bem que achamos um Mcdonald's aberto.

(...) 

— Será que vão deixar a gente entrar na festa amanhã? — pergunto. Ele se aproxima com um guardanapo para limpar a minha boca que estava suja com ketchup e eu nem tinha visto. Nossa, ele tão perto assim me deixou quente!

— É uma festa pública pelo o que eu pesquisei. Pode entrar qualquer pessoa maior de 18 anos. — responde já se afastando de mim, mas o perfume dele ficou no ar, muito próximo a mim.

— E você não acha que vai ter gente muito mais nova que nós? Olha só! Nós temos 25 e 24 anos, velhos demais para uma festa que deve ir só universitários. 

— Não fala assim que eu choro! — ri — Nós já saímos da faculdade sim, mas aposto que nem vão notar que somos mais velhos, temos cara de novinhos. Quero dizer, eu tenho, você com essa barba eu já não sei.

— Cala boca, Noah! — falo rindo e dando um soquinho no braço dele — Você fez faculdade? Nunca me contou.

— Eu fiz música! Mas não consegui nenhum trabalho na área e agora resolvi me aventurar pelos Estados Unidos para ver se dá certo.

— Entendi...

Todo dia eu descubro mais coisas sobre ele, me surpreendendo. E isso tem me feito gostar mais dele, ficar mais encantado por ele. O pior de tudo, é que ele me vê só como amigo mesmo. Não demonstra nenhum sinal de interesse por mim. Não acredito que tô sofrendo um amor platônico aos 25 anos. Quero dizer, eu não amo ele, mas vocês entenderam, né?!