I wanted to kiss my friend

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Dia da festa! Estou vestido de Mário, enquanto espero Noah na recepção. Converso com Taylor por mensagem e ela está toda animada para conhecer Noah... Isso não é bom! Ela disse também, que meus pais estão extremamente putos comigo e que falaram que vão me deserdar. É só drama! E não é como se eu quisesse o dinheiro deles também. 

Noah logo desce com sua fantasia de Luigi. Eu tinha razão, verde realçou os olhos dele. Ficou mais bonito!

— Vamos? — pergunta, parado na minha frente. Então, nós saímos para a festa, que era um pouco afastada de onde estávamos — Vou ter que te dar a notícia que nenhum de nós vai poder transar essa noite. Temos só um carro e não queremos ninguém de vela, né?!  — graças a Deus ele não vai transar! Nossa, isso é horrível de se pensar, mas dadas as minhas circunstâncias, não quero imaginar ele transando no quarto ao lado do meu. Sim, sempre pegamos quartos um do lado do outro.

— Concordo!

A festa é quase num galpão, fora da cidade. Se eu morrer a culpa é do Noah que me traz para essas enrascadas. O que me alivia do medo da possível morte, é perceber que isso aqui está muito cheio e parece uma baladinha de universitários. Descemos do carro e entramos juntos. Procuramos um bar para sentarmos e beber, estamos velhos, então o primeiro passo para uma festa acontecer para nós, é a bebida.

— Olha só, Joshy! Não tem só universitários! — ele fala apontando para um pessoal que parecia ter nossa idade e alguns até mais velhos.

— É, você estava certo! — concordo com o que ele disse ontem. Termino meu copo de vodca com alguma outra bebida, me sentindo um adolescente novamente — Vem, vamos dançar! — puxo ele pelo braço, quando vejo que ele também terminou o dele.

Dançamos animados, curtindo a festa. Já que não conhecíamos ninguém, éramos só nós dois. Eu sempre gostei de dançar e quando criança, fazia aulas de dança, mas meus pais sempre foram contra e nunca apoiaram meu sonho de seguir essa área. Para agradar a eles, acabei fazendo faculdade de publicidade.

— Uau! Você dança bem pra caramba! — ele fala no meu ouvido, por causa do som. Isso arrepiou o meu corpo inteiro, a voz rouca dele no meu ouvido me deixou... Não acredito que agora vou começar a sentir tesão por tudo que ele faz.

— Obrigado! — agradeço, dando um sorriso em seguida. Tudo para disfarçar o meu desejo por ele e acho que consigo, porque ele não fala nada.

Dançamos bastante juntos e eu sorrio o tempo todo. Até chegar um cara aleatório e falar algo no ouvido dele. Ele olha para mim como se questionasse se eu me importava... Eu me importo e muito, mas eu minto que está tudo bem. Então ele se afasta e vai beijar aquele cara.

Perdi a animação até para dançar, então volto para o bar e peço tequila. É mais forte e eu preciso de algo que me faça esquecer o que deve estar acontecendo. 

Essa noite não vou cometer a burrada de ficar com um cara desconhecido de novo. Só que saber que Noah está ficando com outra pessoa, sem ser eu, me machuca. De onde estou, consigo enxergar, com certa dificuldade, mas consigo, o Noah beijando ele. Sinto uma vontade imensa de chorar, por ele estar beijando outra pessoa, por eu estar gostando dele. Por eu ser trouxa, essa é a palavra. De todas as pessoas do mundo, eu fui gostar do meu companheiro de viagem.

Essa festa já deu para mim, mas não posso ir embora sem Noah. Então, só me resta beber, beber para esquecer por um momento que gosto dele, beber para esquecer essa cena de pegação. Beber, só isso!

(...) 

Não sei a quanto tempo tô aqui nesse bar, mas já enxergo tudo girando. Devo ter bebido uns 10 shots de tequila, ou mais, perdi as contas quando vi Noah indo para o banheiro com ele. Todo mundo sabe o que rola no banheiro masculino de uma balada, principalmente quando são dois homens gays.

— Quantos você já bebeu? — Noah chega me assustando. Ele estava todo descabelado e com a fantasia toda bagunçada. Estava também com os olhos vermelhos. Será que ele fumou ou eu bebi demais? — Já tá na hora de parar, né? — retira o copo de shot da minha mão.

— Ei! Devolve! — reclamo, me embolando nas palavras — Você me deixou sozinho, tive que beber para me entreter. 

— Desculpa por isso! Vem, vamos embora! — coloca meus braços no ombro dele. Será que se eu fingir um desmaio ele me pegaria no colo? Começo a rir — O que você está rindo, bêbado? 

— Aquilo são cogumelos? — aponto para cogumelos no céu. Que estranho! Por que tem cogumelos no céu?

— Você incorporou mesmo o personagem, hein!

— Que? Não entendi... Nossa, que vontade de vomitar! — falo, colocando tudo para fora depois. Ainda bem que não foi nele e sim na terra que tinha ali. Esse chão tá rodando?

— Ah, pronto! Agora vou ter que cuidar de bêbado. — fala e eu começo a chorar. Tudo que eu estava sentindo antes resolveu sair para fora de mim — Meu Deus! Desculpa falar isso, não chora, por favor!

Eu não falo nada, só me sento na calçada e começo a chorar muito. É incontrolável isso. Ele senta do meu lado e coloca a minha cabeça no peito dele, enquanto faz carinho nos meus cabelos. Isso piora tudo! Porém, é uma sensação boa e logo o choro cessa e eu caio no sono. 

Ready to RunOnde histórias criam vida. Descubra agora