Acordo com sol na minha cara. As cortinas eram muito finas, então o sol entrava fácil. Olho no relógio de pulso na cabeceira e já eram 8:00, resolvo levantar, pois o café já começou a ser servido.
Troco de roupa rapidamente e logo desço, encontrando Noah em uma mesa do "restaurante". Me aproximo dele, que estava entretido com o celular. Ele vestia uma camiseta preta com um desenho na frente que não identifiquei, além de estar com o cabelo meio bagunçado.
— Bom dia! — falo para ele, me sentando em sua frente. Ele levanta o olhar para mim, aquele olhar, e sorri.
— Bom dia! — responde — O café daqui é muito bom! — ele já havia tomado, parece que eu ainda demorei para descer. Então, vou me servir.
— Dormiu bem? — pergunto, após voltar à mesa.
— Dormi sim... Assim que você terminar o café, pode me levar à rodoviária? — pergunta novamente.
— Sobre isso... Andei pensando... Talvez, só talvez, não que você seja obrigado. Você pode viajar comigo? — me atrapalho um pouco,por estar nervoso.
— Como assim?
— Viajar comigo! De carro! — explico — Olha, eu sei que mal nos conhecemos, mas nós dois estamos vivendo uma aventura, certo? — pergunto, ele confirma — Então, a gente pode fazer isso juntos e viramos bons amigos. O que você acha?
— Eu gostei da proposta! Eu economizaria bastante não pegando ônibus e claro, ajudo você com as despesas.
— Isso! Acho que nós podemos ser bons amigos.
— Também acho. — me olha sorrindo.
Tomo o meu café, enquanto conversamos. Como íamos ser colegas de viagem, tínhamos que nos conhecermos melhor. Quando termino, pegamos nossas coisas em nossos quartos e entregamos as chaves para a recepcionista, que hoje era outra e olhava para gente com desdém. A de ontem era mais simpática. Saímos dali e entramos no carro. No mesmo minuto eu ligo o som.
— Então... Qual a próxima cidade? — pergunto para Noah, que olha no GPS.
— Vamos atravessar a fronteira do estado. Iowa é o próximo estado, a cidade nem sei.
— Ótimo! Estrada aí vamos nós! — falo alegre. Noah ri da minha empolgação.
(...)
Três horas de viagem, horário de almoço. Estamos a 1km de uma cidade.
— Vamos parar para comer, né? -ele pergunta.
— Claro, eu tô morto de fome e não acho que esses salgadinhos vão me sustentar.
— Sim! — responde, sorrindo. Ele tá sempre sorrindo. Nessas três horas de viagem, conversamos bastante e tínhamos muito em comum, como a data de aniversário, ou até os gostos para música.
Entramos na cidade e credo, parece uma cidade fantasma! As casas estão praticamente abandonadas.
— Não gostei daqui. — fala.
— Eu também não, mas estamos com fome, então...
Estaciono no que parece ser um restaurante e descemos do carro. Ao entrarmos no estabelecimento encontramos três pessoas, no máximo, além dos garçons.
— Uma mesa, por favor! — Noah pede, dessa vez. O cara mal olha na nossa cara e indica qualquer mesa.
— Quanta grosseria! — comento com Noah e ele concorda. Um garçom com cara de quem não queria estar ali vem nos atender.
— O que vocês vão querer? — o garçom pergunta com a voz entediada.
— Quais são as opções? — pergunto, ele não havia entregado nenhum cardápio.
— Ah, sei lá! Deve ser macarrão, ou arroz com alguma coisa… — o garçom responde. Noah do outro lado da mesa segura o riso. O cara não sabe nem o que é servido no restaurante, meu Deus!
— Me vê um macarrão então…
— Eu quero uma salada! — Noah pede.
— Tá bom. — ele sai, revirando os olhos. Nem perguntou das bebidas, nem nada. Noah cai na gargalhada.
— Você tá rindo, né!? Mas olha como fomos tratados. — falo, também rindo.
— É uma situação cômica, desculpa! — ele para de rir. Até olhar para o meu rosto e nós dois cairmos na gargalhada novamente, sem motivo algum. Nós simplesmente não conseguimos parar de rir.
O garçom traz o que foi pedido e comemos, ainda conversando sobre a grosseria do pessoal daqui.
— Será que é alguma coisa do estado? — Noah pergunta — Porque eu já ouvi boatos de Iowa, em que eles são muito grosseiros.
— Eu não sei, mas eu quero sair logo daqui.
— Posso dirigir agora? Para você descansar. — concordo com a cabeça.
Terminamos de comer e nem pedimos sobremesa. Péssimo atendimento, parabéns, nota zero! Pagamos nossa conta e vamos até o carro, dessa vez eu entro no lado do passageiro.
— Achei que você tivesse ciúmes do carro e não fosse me deixar dirigir. — Noah comenta, enquanto acelera o carro.
— Não sou apegado com essas coisas. E vai ser bom dividirmos o volante, para ninguém sair sobrecarregado. — falo e ele concorda.
Ficamos um tempo em silêncio. Mas me deu sede e quando fui pegar a garrafa, ele estava pegando também. Nossas mãos se tocam, rapidamente, mas como levamos um "choque" nos afastamos. Isso não é bom, última vez que eu senti isso, acabei sendo largado quase no dia do meu casamento.
— Desculpa! Pode pegar! — fala. Eu pego, bebendo a água e depois alcançando para ele.
Depois disso, eu caí no sono. Então não vi mais nada...
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Ready to Run
RastgeleJosh está fugindo da cidade que cresceu e acaba conhecendo Noah, um cara que aparentemente não tinha rumo. Num ato de loucura chama Noah para o acompanhar nessa viagem louca para lugar nenhum.