Pov Noah
Faz dois meses que Sun nasceu. Foi um dos dias mais felizes da minha vida, quando eu vi o rostinho dela pela primeira vez. Ela é tão linda! Loirinha e olho azul, parece Josh!
Porém, para isso acontecer, para nossa filha nascer, Lisa não sobreviveu... Ela chegou a conhecer Sun, mas poucas horas depois faleceu. Josh até hoje acha que é culpa nossa, mas a verdade é que os médicos não deram atenção a ela depois do parto. E ela acabou falecendo. Claro que processamos o hospital, para que eles fossem punidos pela negligência.
Mas ter filhos não é tão fácil... Faz dois meses, também, que eu e Josh não dormimos direito. Josh por ansiedade, então ele sempre fica cuidando para ver se está tudo bem com ela. Sun é uma bebê calma e não chora muito, mas quando chora, parece que é de propósito, porque são nas horas que Josh está dormindo ferrado. Então eu que vou até ela, mas não reclamo. Gosto de passar um tempo com a minha filha e cantar para ela. Acho, inclusive, que ela gosta da minha voz, porque ela fica quietinha me olhando.
— Você pegou o bonezinho dela? — Josh aparece na porta do quarto, segurando Sun nos braços.
Hoje vamos sair um pouco, andar pelo Central Park para ela tomar sol e aproveitar o início do verão. Eu estava arrumando a bolsa dela e Josh a todo momento me lembrava de coisas que eu já tinha pegado. É o primeiro passeio com ela na rua!
— Amor, eu já peguei tudo. Calma! — falo, calmamente. Eu sei que ele está nervoso e com medo de algo acontecer, até porque eu também estou assim. Entretanto, a pediatra disse que é bom levá-la para tomar sol.
— Então, vamos! — ele desce as escadas e eu vou atrás — Você vai conhecer um monte de gente desconhecida hoje, filha! — fala para ela, fazendo uma voz que todo mundo faz quando fala com criança — Mas não precisa ter medo, você tem dois papais fortes para te proteger!
— Eu acho que não é ela que está com medo, não hein. — comento e Josh me dá um tapa leve no braço, rindo.
Saímos de casa e Josh coloca ela no bebê conforto do carro, enquanto eu me esforço para guardar o carrinho no porta malas. Não é uma tarefa fácil dobrar isso, devia vir com manual de instrução e provavelmente veio, mas acho que botamos fora.
— Quer uma ajuda aí? — Josh fala. Meu Deus! Tive um dejavú agora de quando nos conhecemos.
— Como dobrar isso? — ele aperta um botão e o carrinho se fecha automaticamente, me deixando chocado — Como você fez isso? E como você sabe disso?
— Eu li o manual de instruções, ué! — responde, fechando o porta-malas — Você dirige, gostosão! — me atira a chave do carro. Era óbvio que ele ia ler o manual antes de jogar fora.
Entro no carro, acelerando em direção ao Central Park. Josh está do meu lado, mas fica o tempo todo cuidando de Sun no banco de trás. Seguro a mão dele, em cima do colo dele e ele olha sorrindo para mim. Eu amo a nossa família!
(...)
Andamos pelo parque todo curtindo o sol. É bom! Eu guio o carrinho e Josh anda com o braço enganchado com o meu. O carrinho é daqueles que o bebê fica de frente para nós, então conseguimos ver Sun dormindo tranquilamente.
Não é porque é a minha filha, mas Sun é a bebê mais linda do mundo. Até dormindo ela é linda, parece uma princesa! Ok! Eu sou um pai babão! Josh também é. Só temos que tomar cuidado para não mimar ela.
— Ela é linda, não é? — Josh pergunta, admirando ela. Parece que ele leu os meus pensamentos.
— Eu estava pensando nisso...
— Eu já disse, é a conexão por nascermos no mesmo dia! Almas gêmeas, eu diria!
Ficamos um tempo em silêncio, um silêncio gostoso que sempre costumamos ter. — Nós temos uma família, Noah! — ele fala sorrindo.
— A família mais perfeita do mundo!
(...)
Sun está no meu colo, enquanto Josh está ao meu lado paparicando nossa filha. Ela mantém os olhares nos dois e agora entrou na fase de sorrir, então qualquer coisinha boba que façamos ela sorri.
— Cadê o nenê do papai? — ele fala, fazendo uma voz fofa.
— Aqui! — respondo e ele olha para mim rindo.
— Tô falando com a Sun, mas você também é o meu bebê. — me dá um selinho. Sun resmunga. Ciúmes?
— Ih filha, você já tá assim?! — aproximo meu rosto e faço uma careta para ela rir.
— Não tá na hora dela comer? -— pergunta e eu olho no meu relógio, confirmando com a cabeça — Deixa eu pegar a mamadeira... Você quer dar?
— Quero! — me alcança a mamadeira. É tão fofinho ela mamando, tipo, ela fecha os olhinhos!
Ela dorme bastante, então mal termina a mamadeira e já está dormindo. Coloco ela no carrinho e volto a me sentar no chão com Josh, que se deita nas minhas pernas.
— Ainda bem que ela não estranhou o barulho. — é um parque, mas como todo lugar de New York, é barulhento.
— Ela nasceu em New York, amor! Barulho para ela não é nada. — falo e ele concordou rindo, pegando algumas frutas em cubo para comer, colocando uma amora na minha boca — Você gosta de amora? — pergunto. Sim, eu vou fazer o trocadilho sem graça, mas Josh ama quando eu faço isso. Porque são tão ruins, mas ele ri como se fosse tudo.
— Sim... — responde sem se dar por conta do trocadilho.
— Vou contar para o seu pai que você namora. — respondo. E ele cai na gargalhada. Não tem graça nenhuma, eu sei!
— Eu sou casado, querido! Muito bem casado por sinal. — se levanta do meu colo e me beija. Algo sem língua, só lábios aproveitando lábios um do outro — Aliás, péssimo trocadilho! — fala, após o beijo, ainda com a testa colada na minha.
— Você riu, ué! Cumpri meu objetivo! — falo, sorrindo. E ele nega com a cabeça rindo.
— Eu te amo! — me dá mais um selinho.
— Te amo também! — ele se afasta para ver como Sun está, agora nossa bolha não é só nós dois, então temos sempre que cuidar de Sun.
Se eu encontrasse o meu eu do passado, eu diria para ele “você vai ser o cara mais feliz do mundo, não cometa burradas, você pode perder ele” porque eu quase perdi isso. Ainda bem que tudo deu certo no final.
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Ready to Run
RastgeleJosh está fugindo da cidade que cresceu e acaba conhecendo Noah, um cara que aparentemente não tinha rumo. Num ato de loucura chama Noah para o acompanhar nessa viagem louca para lugar nenhum.