Marlboro

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De um lado, o mato de onde saímos e do outro lado uma vista incrível do mar. Era a imagem mais bonita que eu tinha visto desde que pisei na Califórnia.

- Uau. Vocês vem aqui com frequência?

- Não mais, a última vez que viemos aqui faz uns... – Matt coçou a barba pensativo - ...dois anos, galera?

- Mais ou menos isso – Zacky parou do lado de Matt e mexeu no alargador do amigo.

- Que isso? – Matt perguntou tirando a mão de Zacky da sua orelha.

- Não se lembra? Eu furei sua orelha bem aqui, nas suas próprias palavras: enquanto se distraía com a vista – Zacky colocou as mãos no bolso e olhou no horizonte.

- Ai, vocês são um casal lindo – Johnny se meteu no meio dos dois abraçando cada um com um braço, que, praticamente, significa que ele se pendurou nos dois, fazendo suas cabeças se aproximarem.

- Vai se foder! – ouvi Matt dizer.

Syn se afastou um pouco e começou analisar uma estátua. Vi quando ele se abaixou e tirou umas folhas para ver algo. Matt, Johnny e Zacky nem pareciam ter percebido. Sutilmente fui até ele e me abaixei do seu lado. Syn sorriu e levantou, tirando uma carteira de cigarro do bolso. Olhei para o chão, onde ele tinha limpado das folhas e vi riscado no gesso "Sulli" e depois tinha um pequeno buraco, depois do buraco tinha a letra "n". 

"Sulli   n"?

Sullivan.

Olhei para cima e Brian estava sentado no banco de pernas cruzadas, me observando. Cobri o nome novamente com as folhas e me levantei.

- Vocês vinham muito aqui? - perguntei limpando as mãos.

- Todos os dias, desde os 13 anos. Até começarem os shows. Mas... era pra cá que a gente vinha ficar de bobeira sempre que podia.

- Qual foi a última vez que você veio aqui? – sentei no chão, de frente pra ele.

- Já perguntou isso pro Matt – ele sorriu fraco e estreitou os olhos.

- E agora sei que ele e os outros vieram há dois anos – ele soltou a fumaça do cigarro na minha cara e eu comecei tossir.

- Eu vim com eles – Syn afirmava com a cabeça.

- E voltou aqui várias vezes depois, sozinho – olhei para os outros caras distraídos ainda com o alargador do Matt.

- Como sabe? – Ele apoiou os braços nos joelhos, se aproximando de mim.

- Eu voltaria – dei de ombros – quando vem aqui sempre traz um cigarro? – Synyster começou a rir.

- Sempre, Laura.

- Ouvi dizer por aí que você tinha se divorciado dos Marlboros – sorri e ele espelhou o sorriso mostrando os dentes, mas não falou nada - Por que só um?

- Um cigarro mais próximo do Jimmy, toda vez que venho aqui.

- Que romântico! Não quer morrer de câncer de pulmão, mas está disposto a encontrar o Jimmy lentamente mais rápido. Então só um cigarro para cada vez que vem aqui – olhei para traz, onde o nome estava gravado – Eu faria a mesma coisa, eu acho.

- Então... – ele deu mais uma tragada longa – ...toma – estendeu a mão com o cigarro.

- Tabaco e nicotina? Não tem graça nenhuma pra mim – ele continuou com o braço esticado por uns bons segundos, até que eu cedi e peguei o cigarro – Um trago mais próxima do Jimmy – disse antes de tragar aquela coisa fedorenta e amarga. Surpreendentemente não tossi, mas devolvi o cigarro pra ele.

Fog StormOnde histórias criam vida. Descubra agora