Ninguém me respeita mesmo

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Eu tinha pela primeira vez assistido o treino de basquete masculino. Era muito diferente do feminino.

Nós treinávamos passes, dinâmica e arremessos na maior parte do tempo. Já os meninos jogavam pra valer, a base da cavalada. Era quase Rugby. Só de assistir, senti minha dor aumentar. Não sei se pelo cansaço de estar sentada o dia todo, ou se realmente meu psicológico ficou abalado fazendo meu cérebro mandar comandos de emergência para o meu corpo todo dizendo "proteja-se, debaixo daquele seu cobertor quentinho, na sua cama macia".

Quando cheguei em casa, fui direto para o quarto. Estava exausta. E pelo jeito, dormi por muito tempo.

Meaghan deitou na minha cama, com Tennessee e começou me cutucar. Abri os olhos e vi o pequeno rechonchudo, com os olhos azuis arregalados, olhando o teto.

- Diga "olá, bela adormecida" para a tia Laura, Tennee – ela disse sorrindo e o bebê fez um barulhinho com a boca. Eu queria me virar na cama e esmagar ele, mas isso causaria muito sofrimento a nós dois. Mas, não negarei que foi uma decisão egoísta, já que se estivesse nos meu estado normal, teria feito isso, antes de pensar na criança.

- Olá, Tennee. É sempre um prazer acordar com um homem tão gostoso na minha cama – passei a mão na barriguinha dele e ele ficou forçando sua coordenação motora até encontrar minha mão e segurar. Meggie tinha sempre um sorriso bobo estampado no rosto, vendo as fofuras de sua prole.

- Viemos te acordar porque você tem visita – ela disse sorrindo – não pedi pra subir, porque não sei se você iria querer descer, ou...- olhei em volta, o dia estava escuro lá fora e eu estava sentindo muito frio.

- Quem?

- O seu amigo alto – ela falou e eu quase gargalhei. Perto dela, quem não era alto? – o loiro.

- Jeff? - Ele falou outro nome – Meggie respondeu franzindo a testa.

- Jake Jefferson – expliquei e ela estalou o dedo.

- Isso mesmo. Jake. Mando subir?

- Por favor. Tá muito frio, não vou sair daqui nem que ele me pague.

- Negativo. Não está frio – ela colocou a mão na minha testa – você está febril. Vou pedir pra ele subir e já venho aqui trazer um remédio pra você. E a sua sopa deliciosa também – fiz uma careta e ela deu risada, saindo com Tennessee.

Pensei em me sentar para recepcioná-lo melhor, mas além de arriscado fazer isso sozinha, eu não queria mesmo sair de debaixo do edredom. O que diabos, Jake estaria fazendo aqui? Ouvi duas batidas na porta, que já estava aberta.

- Entra aí – disse descobrindo um pouco a cabeça. Ele se aproximou devagar de onde eu estava e se abaixou.

- Desculpa eu ter vindo sem avisar. Eu fui fazer umas entregas aqui perto e decidi vim te dar um oi – "no meio do deserto?".

- Tudo bem – sorri pra ele – eu não posso me sentar sozinha, então...

- Não se incomode. Pode ficar deitada – ele levantou, buscou o banquinho e sentou do meu lado – você não parece estar tão bem.

- Eu acho que tô com febre – ele colocou a mão no meu rosto.

- Com certeza, está. Quer que eu chame alguém?

- Não, a Meaghan já vai voltar com meus remédios e minha deliciosa janta – ele levantou uma sobrancelha, olhando minha cara de cínica e depois riu.

- Quando volta a comer de verdade? Você está magra.

- Acho que semana que vem. Não estou contando os dias pra não ficar ansiosa.

Fog StormOnde histórias criam vida. Descubra agora