Drives

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- Ron Anderson! – Johnny disse abrindo a porta todo sorridente.

- E aí, Johnny! – O senhor abraçou Johnny. Eu estava muito tímida e ansiosa por esse momento.

- Como foi a viagem?

- Foi tranquila. Estava doido por essas férias – Ron disse sorrindo.

- Só você pra trabalhar nas suas férias – Johnny disse – parece a gente – Ron gargalhou – Matt pediu pra avisar que chega em 20 minutos – Ron semicerrou os olhos contendo um sorriso. Era obvio que Matt não iria chegar em 20 minutos – maaas, temos a Laura – sorri.

- É um prazer te conhecer, senhor Anderson – apertamos as mãos.

- Me chame de Ron, querida. É um prazer te conhecer também.

- Queríamos que se conhecessem porque a Laura gosta de cantar, mas se sente insegura na frente das outras pessoas – levantei as sobrancelhas e abaixei a cabeça em seguida.

- Ah, é complicado mesmo. Quando nos sentimos inseguros em qualquer situação, nossa glote funciona com dificuldade, fazendo toda nossa musculatura da garganta ser afetada, pra quem precisa cantar isso significa paralisação total – olhei pro homem e comecei rir.

- A partir de agora não vou mais dizer "ah, eu sou tímida", vou dissertar sobre musculatura, glote e paralisação – Ron começou a rir também.

- Por que a gente não desce e se acomoda antes de vocês começarem? – Johnny disse apontando o caminho e fomos até a Deathbat caverna, mais comumente chamada de porão – Aceita uma cerveja, Ron? 

- Não, obrigado. Mas aceito uma água para mim e uma para a mocinha – ele sorriu pra mim. Senti minha mão suando, estava mais nervosa que no dia que tive que mostras os ferimentos para o Dr. Filho da Puta – pode me contar quando descobriu que gostava de cantar, Laura?

- Ah, eu não... sei se gosto de cantar – comecei rir – eu gosto, às vezes.

- Quando está sozinha? 

- Não. Acredita? – comecei rir – Eu gosto de cantar quando estou com meu irmão, por exemplo. Ele toca e eu canto, isso faz que a gente tenha um elo. E tem meu melhor amigo que mora no Brasil, eu e ele gostamos das mesmas músicas, então sempre estamos ouvindo coisas juntos na minha casa, ou na dele e... – comecei rir lembrando da minha mãe reclamando dos berros – desculpa – tentei me recompor.

- Pelo o que? – Ron riu junto comigo – Espero que você compartilhe a memória que te fez rir assim – Johnny colocou uma bandeja com nossas águas, dois copos e um limão cortado ao meio, na mesa de centro – Obrigado, Johnny.

- Por nada – Johnny se sentou numa poltrona de frente para nós.

- É que, você sabe, rock no geral usa um tipo de vocal mais...

- Complexo – Ron completou para mim.

- Isso! E Tiago tem uma voz incrivelmente potente, mas a gente fazia muita merda com essa potência, berrando por aí juntos até não conseguir mais falar.

- Isso é péssimo – Ron disse fazendo uma cara de desespero.

- Gutural é complicado – dei de ombros – e na verdade, a gente até gostava disso – sorri.

- Então, Laura, por que não se importa de cantar com essas pessoas? – Ron perguntou enquanto servia água nos nossos copos.

Ninguém nunca tinha me feito essa pergunta antes. Eu sabia que não gostava de cantar para os outros, porque me sentia envergonhada quando me elogiavam, mas porque eu não via problemas em cantar para eles? Precisava pensar. Fiquei um bom tempo olhando o nada e incrivelmente Johnny conseguiu ficar calado durante meu momento de reflexão.

Fog StormOnde histórias criam vida. Descubra agora